PODER E ADMINISTRAÇÃO NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO



BRUNO, Lúcia. As teorias administrativas do capitalismo contemporâneo. Petrópolis – Rj: Vozes, 1997.

Tomando por base as teorias administrativas, a profª. Drª. Lúcia Bruno, do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da USP, apresenta nesse artigo, análises propícias à discussão sobre as formas contemporâneas de organização e de exercício do poder vivenciadas no interior das organizações. Para tanto, aborda e inter-relaciona a globalização da economia; a transnacionalização das estruturas de poder e a reestruturação produtiva; considerados por ela como aspectos da reorganização do capital.

Consciente de que a reorganização do capitalismo tem se acelerado nas últimas décadas, enfatiza a globalização como decorrência do processo de internacionalização do capital e faz uma breve retrospectiva histórica, a partir da Segunda Guerra Mundial, momento em que as empresas norte-americanas assumiam papel de extrema importância no estreitamento dos laços com o resto do mundo, legitimando assim, a supremacia política dos Estados Unidos.

Para introduzir a nova forma de concentração do capital que começa a prevalecer a partir dos anos setenta, a autora distingue com muita pertinência, os termos: multinacional, internacional e transnacional, destacando este, como o mais exato para designar as grandes empresas conhecidas até bem pouco tempo atrás, como multinacionais e continua mostrando aspectos relevantes das transformações ocorridas a partir desse sistema político emergente, expressando a idéia de que "além de funcionar como uma nova forma de controle social e de recuperação de iniciativas autônomas dos trabalhadores pelo mecanismo do poder do Estado amplo, a democracia participativa atua no sentido de legitimá-la". (p. 28).

Prosseguindo, cita o poder de abrangência supranacional que surge a partir da articulação de vários pólos e toma o referencial teórico de Bernardo para abordar sobre o esvaziamento do "Estado Central", seus poderes e suas atribuições e fazer esclarecimentos acerca da nova forma de poder político denominada "Estado Amplo", que contrapõe ao "Estado Nacional", definido como "Estado Restrito" e que faz emergir o "neocorporativismo informal".

Com o sub-título: As teorias administrativas como teorias políticas de Estado Amplo, ampliaa explanação, caracterizando as teorias modernas da administração, cuja gestão baseia-se nas práticas de motivação, cooperação e integração e faz esclarecimentos sobre as estruturas de poder, vivenciadas dentro das organizações, ilustrando muito bem com idéias de alguns estudiosos estruturalistas, incluindo o Etzume, responsável pelo prolongamento das análises em questão, para instituições distintas, inclusive a escola.

Ultrapassando a simples análise do papel da escola como esfera de produção de capacidade de trabalho, mostra com o sub-título: A gestão na Educação, a complexidade do funcionamento dos Sistemas Educacionais nesse contexto de transformações amplas e profundas, vivenciadas no mundo globalizado e chega ao final do texto, fazendo indagações provocadoras, que mesmo sem respostas definidas, certamente inquietarão muitas mentes.

Inegavelmente instigador esse artigo evidencia numa linguagem clara e precisa, muitas nuances da prática capitalista desenvolvida nos sistemas educacionais e sugere a implementaçãode práticas pautadas por laços de solidariedade, como ummeio viável de contraposição às formas contemporâneas de organização e exercício do poder. Tais qualidades tornam sua leitura agradável e recomendável para educadores que pensam as questões das políticas educacionais sob a ótica da democracia participativa, como também para todos os cidadãos que sonham com o rompimento da realidade organizacional sob o prisma neoliberal, instaurada atualmente nos mais diversos setores da sociedade

Por: Maria das Graças Souza Silva Seibert

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRUNO, Lúcia. As teorias administrativas do capitalismo contemporâneo. Petrópolis – RJ: Vozes, 1997.


Autor: Maria das Graças Souza S. Seibert


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