A Hipocrisia Camuflada



Existe uma tendência que parece ser crescente nas empresas atualmente, talvez o termo correto não seja hipocrisia, pois não se trata de um fingimento ou uma falsidade, mas sim daquele desejo que a grande maioria tem, mesmo que inconsciente de ser enganado a qualquer instante.

Há pouco tempo, trabalhei gerenciando a filial de uma organização, que embora mencione na sua missão tornar-se a melhor empresa para se trabalhar, e mantenha em sua lista de valores o item "Valorização do Ser Humano", não possui sequer um plano de carreira ou uma política clara de cargos e salários. Muito pelo contrário, remunera mal seus colaboradores, não oferece nenhum tipo de benefício extra-CCT e costuma exigir superior completo para a maioria dos cargos administrativos.

Atitudes desse tipo na administração dos recursos humanos demonstram uma verdadeira vocação de quem adora ser enganado. Essa política, ou melhor, essa falta de política, cria um clima propício para que fiquem no quadro de colaboradores somente aqueles profissionais acomodados, que não possuem qualquer tipo de ambição e na maioria das vezes nem a qualificação adequada para a função que exerce.

Vivemos um momento ilusório em relação ao tema qualificação profissional, com exigências muitas vezes exageradas e descabidas para a função, aumentando a rotatividade de colaboradores na organização e resultando em produtos ou serviços sem qualidade, já que a maior parte da equipe estará sempre em processo de aprendizagem.

Lembro-me perfeitamente de uma situação vivida nesta empresa que ilustra perfeitamente as conseqüências dessa ausência de interesse em reter os talentos.

Certa ocasião, solicitamos uma reunião com um cliente, para tratarmos de atrasos no pagamento por parte do mesmo. Já estávamos prestando serviços há quatro meses sem que fosse feito nenhum pagamento, e claro, essa situação não poderia continuar, iríamos cobrar do cliente um planejamento, com previsões de pagamento, ou ainda poderíamos pedir a rescisão do contrato, dependendo da dificuldade desse cliente em saldar a dívida.

No dia da reunião, junto comigo, representando a contratada, estavam o Gerente Comercial e o Gerente de Relacionamento, vindos da Matriz (que fica em um Estado no sul do País) especialmente para resolver o problema. Do outro lado, toda a equipe da cúpula administrativa daquele órgão, com cinco ou seis pessoas, incluindo o superintendente da área, se tratava de um órgão público.

Antes que qualquer um de nossa parte dissesse qualquer coisa a respeito, o responsável pelo departamento financeiro colocou em cima da mesa três pastas com volume enorme de papeis e pediu que examinássemos a quantas andavam os processos de pagamento das faturas pelos serviços prestados desde a implantação do contrato. Pois sequer as Notas Fiscais, tinham o preenchimento correto, com intermináveis revisões e inúmeras Cartas de Correções, que ficavam transitando internamente sem que conseguissem concluir o processo, causando enorme transtorno, pois a verba reservada para cada despesa, se não fosse utilizada tinha que ser justificada.

Bem, a equipe do Financeiro da empresa, responsável pelo faturamento era nova, e devido à alta rotatividade naquele período, os erros foram se acumulando gerando um enorme prejuízo.

Pra terminar, reafirmo aquilo que todo empresário deveria saber: "O bem mais valoroso de uma empresa é a sua listagem de colaboradores, pois esses são os verdadeiros geradores de riquezas."

A pergunta que deixo aos colegas empresários é: "Até quando continuarão se deixando enganar?"

Sou sócio proprietário da ATIVE Serviços, http://www.ativeserv.com.br, que se importa verdadeiramente com a valorização do ser humano.

Denis Sasso


Autor: Denis Sasso


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