PENSAMENTOS RELIGIOSOS - Divindade x Espiritualidade



Quem vê melhor a mesma árvore?  Quem vê melhor o mesmo céu azul? Ou, a mesma expressão, fugidia, num rosto cicatrizado pela vida?  Quem ouve melhor a mesma obra musical ou a mesma música romântica?  Entre muitos, olhando a mesma realidade, quem se sensibiliza mais com o beija-flor sugando o néctar?  Será que alguém percebe Deus, aí?  Muitas pessoas só conseguem ver menos da metade da realidade.  Só vêem o estritamente aparente.  Não conseguem enxergar além do visual.  Além da retina.  Não conseguem “enxergar”, a interioridade das coisas.  Não conseguem ter pensamentos religiosos. Só vêem dos olhos pra fora, oclusados que são, por não estimularem a própria espiritualidade; a reflexão do que vêem, ouvem, sentem, ou tocam.  Nós temos uma latência natural para o sensível.  Para o espiritual.  Para o divino.  Mas é necessário desenvolver este dom.Ouvindo a experiência dos mais sábios. Pela dialética. Pela leitura. Pela observação.

 

Pela apreensão absoluta do real-vivo ou do cósmico-dinâmico, com maior profundidade. Somos uma caixa de ressonância das realidades orgânicas ou dinâmicas. Realidades essas que passam a nos fornecer outras dimensões, além das visuais, para as quais, os embrutecidos não se dão conta.  E, às vezes, as maiores emoções percebidas na vida, encontram-se exatamente, nessas outras dimensões: a espiritual ou a divina.  Dentro de nós mesmos, existe um “toque” ou do divino ou do espiritual.  As emoções, o belo, o amor-ágape, a trincheira resistente das tristezas, aí, se encontram, mas também o pódio para a felicidade. Uma pessoa com mais pensamentos religiosos é uma pessoa espiritualizada que consegue viver melhor, num mundo em que dia a dia transborda em anarquia de emoções, violências, sentimentos, ressentimentos e crises existenciais, um caos, para quem não tiver uma boa cama-elástica em seu interior (que absorva o impacto e lance de volta as “pedradas” da vida ou, que retenha suavemente uma palavra doce).

 

Afinal, no nosso cotidiano, quem poderia nos socorrer de alguns eventos, fatos indesejáveis que nos acometem diariamente?  Se a nossa percepção de vida,for muito superficial, um tênue verniz, poucas pessoas podem nos socorrer, espiritualmente, nesses momentos mais aflitivos.

Se, o foco do nosso dia a dia estiver voltado somente para o “fast”, o prazer imediato (sem nunca exercitar a nossa espiritualidade, que são as mais primárias necessidades), visando suprir, apenas, os vícios, desejos, orgulhos e vaidades dos pseudos-modismos, aí, fica muito difícil alguém nos ajudar, perscrutar nosso interior.

Por isso, espiritualidade e religiosidade não podem e não devem ser só da boca pra fora.  Tanto Cristo, quanto Buda, Abraão ou Confúcio, não pregavam o ego, o ódio, o orgulho, a vaidade.  Ao contrário, para a verdadeira paz interior e para a felicidade espiritual, Cristo em toda a sua vida pregou o “religare do homem” com o Divino. O perdão é uma fórmula de: como o ser humano pode mesmo depois de seguidos hábitos não muitos salutares, se reconciliar com Deus.  Aí sim, no espírito, na alma ou na psique da ciência residem as potencialidades pra se harmonizar com a vida interior e com Deus.

Por isso, a que se exercitar, cultivar todas as potencialidades nossos pensamentos religiosos, pra melhor enxergar a felicidade.  Para que tornemos a vida verdadeiramente espiritualizada.  Só assim, estaremos mais vacinados para curar as enfermidades da alma, que nos acometem em toda nossa existência, queiramos ou não.

Para esta busca de espiritualidade, vale usar algumas “bengalas”,  “cajados”, “muletas de ajuda”, signos, doces fetiches da alma, uma vez que o bom fim justifica os meios.

Para o cristão católico pode, seu “simulacro espiritual”, ser somente a leitura da Bíblia, ou a oração com Rosário, ou a fé no Crucifixo, no Santinho da devoção, ou na Medalhinha impregnada espiritualmente, entre outros ícones cristãos.  O importante é que esse cajado possa ser a chave de ignição para ligar a interiorização espiritual.  Jesus Cristo ensinou isso aos Apóstolos e a tradição bíblica reforça mais ainda, pois é a fonte inspiradora do divino, no homem, na história da Cristandade.

Assim voltando-se à indagação de quem pode nos socorrer nos momentos difíceis da vida diária, a melhor resposta é: de preferência, você mesmo.

 

Isso sim, é tornar-se forte por inteiro.  É você, seu interior e Deus.  Pois, para outras disposições do comportamento egoísta, não faltam acompanhantes para você empreender seu intento. Para festar tem fácil companhia.  Para carência sentimental ou paixão fugaz, você até se ilude e arranja imediatamente, um par.  Para o amor verdadeiro, quase nunca.  E, assim é para prejulgar os outros; para consumir, consumir, consumir; para ostentar orgulho, vaidades, hedonismo, você não precisa de ninguém, nem mesmo de Deus.  Mas, para a busca da maior riqueza, dos socorros mais urgentes, não tem jeito, só você: sensibilizado, espiritualizado, em comunhão com Deus, pode obter a ajuda necessária.

Ah, a árvore, o céu azul, o velho sábio, a música, o beija-flor, tudo, só vê na integralidade, quem tiver o sensível para o belo e a divinidade para Deus. Reflita! Sinta! Pense! Permita-se ter pensamentos religiosos.


Autor: T. Ranto Rochar


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