Pedágio E Capital



Utilizar o próprio carro para se locomover nas ruas da capital parece ser definitivamente à saída nas últimas décadas. Não é por acaso que por dia entra 500 novos carros na cidade. E por outro lado, o transporte coletivo não é suficiente para a demanda de uma cidade com mais 10 milhões de habitantes.

Todos os governos, tanto municipais como estaduais, vem estudando formas de reduzir o trânsito que é reconhecidamente um dos maiores problemas de São Paulo. Existiram idéias mirabolantes até agora e outras que realmente saíram do papel. No caso do pedágio no centro expandido da capital tem resolvido parcialmente o caos, entretanto, parece que para algumas autoridades o pedágio é a solução mais viável.

Mas evidentemente que não é a melhor alternativa para diminuir o tráfego metropolitano. Soluções mais viáveis como intensificação da malha ferroviária que não atende ainda a população mais isolada da cidade com transporte de qualidade e principalmente, acelerar a construção das linhas do metrô – linha amarela e lilás, e investir maciçamente em novas linhas alternativas, atendendo assim um número maior de pessoas. Hoje, São Paulo em 30 anos de operação, seus trilhos atingiram 60 kilometros.

Muitos engenheiros e autoridades utilizam exemplos conhecidos de outros paises como argumentos para suas justificativas. Mas não admitem que a solução esta mais que clara para esse problema: investimento em transporte público. Grandes cidades como Paris, Madri, Londres e New York, há muito tempo tomaram essa medida.

No caso da capital dos franceses, são números invejáveis. Paris tem uma malha de mais 300 kilometros linha metroviária - http://map.metro-passes.com/map_paris.htm. Em Londres, com 400 kilometros, conta com 12 linhas atendendo uma população tão necessitada de transporte público como a nossa.

A capital mexicana, nossa irmã latino-americana, possui uma linha que liga o centro da cidade ao aeroporto. Lá, conta com 120 kilometros, o dobro de São Paulo. São exemplos de que o Estado tem responsabilidade direta e indiretamente no caos das grandes cidades. E somente o Estado pode, através de seus instrumentos legais, construírem meios que venham dissolver os problemas que travam o desenvolvimento social e urbano.

A própria capital Britânica adotou um sistema de cobrança de pedágio no centro urbano. O retorno foi imediato com uma redução no engarrafamento de 40% desde sua introdução em fevereiro desse ano. A cobrança de US$ 8, cerca de R$ 33, foi fator preponderante para redução de veículos na cidade. Mas vale ressaltar o que já foi mostrado. O transporte público de Londres é conhecido por sua eficiência e exatidão. Na mesma cidade dos pedágios usados como exemplo para nossa cidade, o prefeito Ken Livingstone introduziu um sistema de ônibus movido a álcool. A iniciativa teve parceira da União Européia, que investiu em outras capitais do continente. Só em Londres foram gastos perto de US$ 8.5 milhões (cerca de R$ 20 milhões).

Não há parâmetros de comparação entre Londres e São Paulo, pois, se trata de realidades completamente diferentes. Lá como aqui, os governos têm obrigações incrivelmente difíceis de ser resolvida, uma população já adaptada à vida motorizada e principalmente, obstáculos a serem superados no que diz respeito a programas que visam solucionar o trânsito das cidades sem tirar direitos da população. Mas o que diferencia São Paulo de outras grandes cidades é que aqui não parece ter homens preocupados em solucionar "nossos" problemas, e sim os deles.

Autor: WILLIANS RIBEIRO


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