O Barato Sai Caro



Preço é tudo. Essa é uma frase comum de se encontrar quando há discussões sobre mercado e concorrência. O preço, sem dúvidas, é uma variável muito importante quando o consumidor faz uma comparação entre ofertas de serviços ou produtos similares. Quando as diferenças tangíveis são perceptíveis e pequenas, o preço poderá ser decisivo para finalizar uma negociação de compra e venda.

No Brasil, a relação do consumidor com o preço é mais “íntima” devido à época em que a inflação caminhava a passos longos. Buscar os menores preços, naquele tempo, era uma questão essencial para sobrevivência das pessoas e das famílias. Com o passar dos anos e com as mudanças econômicas ocorridas no Brasil, com a redução da inflação, a importância do “preço baixo” deixou de ser essencialmente fator de sobrevivência para se tornar um traço cultural. O brasileiro aprendeu a comprar o que estava mais barato, aprendeu a gostar de “levar vantagem” em tudo, e por isso acredita que sempre ao pagar o preço mais baixo está fazendo o melhor negócio.

Ao entender a lógica do pensamento dos consumidores brasileiros, as empresas têm trabalhado os preços através de “máscaras”, criando mecanismos maliciosos, por exemplo, destacando o valor das parcelas. Em muitos casos notamos que o número de parcelas e o preço final são ignorados intencionalmente pela comunicação – em alguns casos até suprimidos –, sendo expostos de uma maneira que ficam praticamente ilegíveis, escondidos, como se não tivessem importância. O resultado dessa somatória da vontade dos clientes de querer pagar menos com a intenção das empresas de querer vender mais acaba provocando uma relação torpe onde, normalmente, quem perde é o cliente.

É de praxe no mercado construir uma relação de proporção entre a inferioridade nos preços e a baixa qualidade dos produtos ou serviços que são oferecidos. Expostos a essa realidade, os consumidores estão abrindo os olhos, criando como hábito desconfiar de promoções muito “atrativas” já que, nas atuais condições de negociação, existem muitas “fórmulas mágicas” para tentar ludibriá-los. Apesar disso, muitos ainda acabam caindo nessas armadilhas.

Para competir com a forte concorrência e conseguir formatar preços baixos em serviços e produtos, as empresas têm adotado a postura de prejudicarem muitas variáveis que fazem parte do composto do preço e que, normalmente, os clientes não dão muita atenção, como a redução do tempo de garantia, prazos de entrega longos, pós-venda e suporte técnico de péssima qualidade, atendimento ruim, entre outros.

Para que os consumidores não sejam mais prejudicados é preciso transpor essa “barreira cultural”, mudando a mentalidade de sempre determinar o preço como o fator primordial para fazer suas escolhas. Se não adotarem essa postura, prosseguirão no dilema do barato sai caro.


Autor: Bruno Gonçalves


Artigos Relacionados


Mudanças Na Ortografia Da Língua Portuguesa A Partir De Janeiro 2008

É Pra Ontem

Inteligência De Mercado é Destaque Na Folha De S.paulo

Atendimento Ao Cliente - Um Momento Eterno

Você Tem Jogo De Cintura?

A Linguagem Do Cliente

A Inadimplência E A Suspensão Do Fornecimento De Energia Elétrica