AS PRIMEIRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS E A ATIVIDADE MADEIREIRA EM SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA – PA



Valtey Martins de Souza[2]

Introdução

O nosso objetivo nesse trabalho é, primeiramente, tentar mostrar como eram a organização espacial e as relações sociais travadas no território de influência de São Domingos do Araguaia, nas primeiras décadas de sua formação, principalmente as relações no extrativismo vegetal. Procuraremos identificar um modelo de ocupação tradicional na região, mediado por meio de um intercâmbio orgânico com os ecossistemas: o rio, que é o principal vertedouro natural de toda a água que circula através da floresta, dos campos e das várzeas. Em um segundo momento, tentaremos mostrar um novo padrão de organização espacial, diferente do primeiro, onde as relações entre a sociedade local e o meio circundante vão sofrer profundas transformações, pois, o espaço passa a ser organizado não mais a partir da circulação pelo rio, e sim, por estradas em terra firme. Foi por meio das quais entraram na região novos modos de produzir, diferente dos tradicionais. No centro de todas essas transformações vai sempre se encontrar as atividades econômicas, sejam elas tradicionais, de subsistência ou mesmo de exploração excessiva dos recursos visando uma maior acumulação. Dentre os novos modelos produtivos, a atividade madeireira se destaca como principal atividade econômica no mencionado município.

2. As primeiras atividades econômicas

Ao nos debruçarmos sobre Velho (1981), ele nos revela que as primeiras atividades econômicas desenvolvidas no território em que hoje se localiza o município de São Domingos do Araguaia (doravante chamado apenas de São Domingos), eram basicamente predatórias. O autor mencionado acima nos dá indícios de que antes da fundação da vila que viria a ser a referida cidade, era extraído o caucho, em um primeiro momento, e a castanha-do-pará (Bertholettia Excelsa), depois. Notamos também, nos estudos do referido autor, que essas extrações cíclicas sempre foram incentivadas por interesses externos à região. Na maioria das vezes obedecendo a uma hierarquia em que o topo era ocupado pela procura externa dos produtos citados acima, e, a base, era ocupada pelos extratores ou coletadores, que eram a grande maioria e trabalhavam através de um sistema chamado de aviamento.

Para entendermos tal sistema, procuramos respaldo em Gonçalves (2001), que nos revela como funcionava o Sistema de Aviamento utilizado pelos seringalistas. As casas aviadoras de Belém ou Manaus, a qual os seringalistas estavam vinculados, adiantavam víveres e utensílios necessários à extração da borracha, na condição de que esses mesmos seringalistas fossem obrigados a entregar toda a sua produção a essas casas aviadoras.

Quando os trabalhadores agenciados chegavam aos seringais, já traziam consigo, uma dívida dos custos da própria viagem e dos utensílios e víveres que iriam utilizar, pois tudo isso lhes eram adiantados pelos seringalistas. Os seringalistas por sua vez, estavam vinculados a algum comerciante que tinha alguma ligação com alguma Casa Aviadora.

Esse Sistema de Aviamento se estruturava dessa forma, e era uma espécie de crédito sem dinheiro que se sustentava com base em relações clientelísticas por todo o vale amazônico.

No entendimento de Velho (1981), esse modelo exploratório da força de trabalho, também foi utilizado durante algum tempo pelos donos de castanhais e casas aviadoras, no período em que a castanha-do-pará passa a ser o principal produto extrativo na área de influencia de São Domingos. O comerciante, que algumas vezes era o próprio dono de castanhal, vendia o material3 necessário ao coletador de castanha, para que ele se internasse na mata por semanas e meses a fio. No entanto, o pagamento desse material deveria ser feito com a produção, ou seja, a castanha. A regra geral era que a venda fosse feita a crédito, em um primeiro momento, o que implicava, seguidamente, que o aviado já se comprometia, de antemão, a entregar toda a sua produção a quem o aviasse, geralmente as casas comerciais.

2.1 A beira e o centro

Nesse período, prevalecia um padrão de organização do espaço onde o rio era a principal via de acesso às florestas e às cidades. As cidades e vilas de maior importância se localizavam, na sua maioria, próximas ao rio. Os recursos explorados, geralmente eram extraídos da floresta, como a castanha, por exemplo. Como as cidades e vilas de maior importância se localizavam na várzea, o autor citado acima passa a chamá-las de beira, sendo entendida como civilização ou o lugar onde se situam os aglomerados maiores e mais antigos.

Nesse sentido, o mencionado autor, ainda entende a beira como sendo o lugar melhor para se viver, como o lugar dos que querem sobreviver sem se esforçar muito, pois, o desprendimento de maior esforço iria requerer não mais somente a vida na cidade ou vila, o pouco trabalho como a pesca, o lazer e o contato com outras pessoas. Mais sim o labor da coleta da castanha, do roçado, do trabalho duro e do isolamento, longe da civilização, que por sua vez teria de ser realizada, na maioria das vezes, longe da beira, no que ele chama de centro4.

A beira era também o local onde se localizavam as maiorias dos fixos, que aqui podem ser entendidos também, como as casas comerciais que aviavam a força de trabalho. Esses fixos, aliados aos que se localizavam no interior das florestas (centro) barracões e colocações, e mais os coletadores, eram os responsáveis pelo fluxo de produtos extrativos (principalmente a castanha-do-pará) em direção a outros fixos fora da região, pois, as cidades e vilas, mesmo as da beira, obedeciam a uma hierarquia na escala de importância. Tal importância geralmente era mediada pela quantidade de fixos existentes e o fluxo que eles provocavam.

No período em questão, os rios prevaleciam sobre as estradas na região mencionada, pois o fluxo maior de pessoas e bens era feito pelos tempos lentos dos rios. As distâncias eram medidas através da utilização de medidas de tempo, como horas, dias, semanas, etc. As pequenas estradas da época eram utilizadas de forma complementar, e não como principal via de acesso às localidades.

Nesse contexto, os primeiros moradores de São Domingos começam a chegar e se fixar a terra a partir de 1951, encontrando muitas latas espalhadas pelo chão deixadas pelos castanheiros5. Por isso, a localidade passou a ser conhecida como Centro das Latas. A primeira atividade econômica no referido território, depois da chegada dos primeiros moradores, foi à agricultura de subsistência, que era complementada pela compra de alguns mantimentos em Apinagés, a localidade mais próxima. Essa comunicação entre Apinagés (beira) e o Centro das Latas, era feita através de uma picada feita na floresta.

Com a vinda de novos migrantes, principalmente do Estado do Maranhão, a pequena vila cresceu e em 1961 já contava com 90 casas, o que devia corresponder a uma população de cerca de 500 pessoas. Nesse período, predominavam os pequenos roçados e as atividades extrativas, como a caça e a coleta de frutos na floresta. Os roçados, na maioria das vezes, eram trabalhados por ocasião da entressafra da castanha-do-pará. A madeira também era extraída nessa época, porém, somente para a construção de casas e pequenos móveis, sem passar por um processo de industrialização.

 2.2 As primeiras estradas e o início da transformação de centro em beira

O povoado sofreu uma pequena melhoria na sua comunicação com Apinagés, logo após a melhora da trilha que ligava São João a Apinagés. Uma equipe de homens de São Domingos promove a melhoria desse novo elo de comunicação com as outras localidades, munidos de facões, foices, enxadas e machados, no final do ano de 1961.

A partir desse momento, São Domingos passa à beira (da estrada), em relação às localidades (roças e castanhais) que se situam nas proximidades, e passam a utilizar a estrada para chegar mais rapidamente à outra beira, só que agora, a do rio. Em relação à Apinagés, São João e Marabá, São Domingos continua sendo centro, porém, com uma importância maior, devido à possibilidade de maior fluxo de e para as mencionadas localidades.

A construção da estrada ligando Apinagés a São Domingos possibilitou um aumento no movimento comercial, pois, os lavradores concentravam a produção que traziam em lombo de burro, em São Domingos. Assim, além do aumento no fluxo de mercadorias, ocorre também, o crescimento do centro que agora é beira ao mesmo tempo. Somente com a abertura da estrada Transamazônica (BR – 230), na década de l970, é que São Domingos troca definitivamente de lugar com São João e Apinagés, que de beira (do rio) passam a centro, pois, a partir da construção da mencionada rodovia, muda-se o padrão de organização do espaço.

Agora as principais vias de acesso passam a serem as estradas, sendo que as cidades e vilas que surgem e as que já existem às margens das estradas, passam a terem maior importância, pois o fluxo de pessoas e mercadorias agora se dá pelos tempos rápidos desses "novos" meios de ligações. Os recursos a serem explorados, além de se situarem em florestas de terra firme (atividade madeireira, agropecuária, etc.) situam-se também no subsolo (mineração).

Desse modo, a partir de 1969 acontece o início da à decadência da navegação fluvial, devido à abertura da precária estrada de 54 km entre São João e Marabá, e a inauguração de um ramal que ligava a estrada Belém-Brasília a Marabá (PA-70). No entanto, a rodovia Transamazônica só chega a Marabá, passando cerca de 5 km de São Domingos e deixando São João e Apinagés mais distantes, em outubro de 1971.

A partir desse momento, o rio perde sua importância como via de acesso às localidades que a estrada passa a ligar. Encerra-se também a utilidade da precária estrada aberta em 1969, ligando Marabá a São João do Araguaia, porém, antes disso, serviu para o transporte de homens e materiais necessários à construção da Transamazônica.

No período em que prevaleciam os rios como vias principais, as atividades econômicas eram voltadas para a extração vegetal (a floresta permanecia em pé, pois os roçados eram pequenos), os produtos extrativos eram para o consumo externo, na sua maioria, e as cidades e vilas localizavam-se quase todas às margens dos rios.

3. A primeira madeireira

A atividade madeireira, da forma como ela se apresenta hoje, chegou ao território que pertence a São Domingos no ano de 1970. O primeiro empresário madeireiro que aqui chegou e implantou uma empresa do ramo, foi um senhor espanhol radicado no Brasil, que anteriormente era técnico em montagem de estruturas metálicas para a Petrobrás. Migrou do Rio de Janeiro para a região amazônica no ano de 1970, depois de saber que o governo federal construiria uma estrada rasgando a floresta e ligando a região ao Centro-Sul do país e ao exterior.

Esse mesmo empresário chegou à cidade de Imperatriz no Maranhão via estrada Belém-Brasília, para de lá se deslocar até Apinagés de barco e com a serraria-de-fita desmontada, pois, o rio ainda era a principal via de acesso entre essas duas cidades. De Apinagés para São Domingos, a serraria foi transportada em caminhões.

A empresa foi montada às margens da antiga pista de aviação de São Domingos, onde começou a funcionar somente depois da inauguração da rodovia Transamazônica, mais precisamente no ano de 1972. Eram explorados principalmente o mogno (Swietenia Macrophylla) e o Pau-amarelo (Euxylophora paraensis), conhecido regionalmente como "amarelão". As explorações eram feitas em áreas dos donos de grandes castanhais, principalmente os que moravam em Marabá, sendo que a distância média entre a serraria e a área explorada atingia um raio de 30 km no início, chegando a 70 km nos anos oitenta.

A produção era exportada, principalmente, para países da Europa, como a Inglaterra (maior consumidor do mogno serrado em São Domingos), França e Espanha.

Por isso, é válido afirmar que as estradas abertas na região, como a Belém-Brasília, PA-70 e Transamazônica, foram às portas de entrada para um novo modelo produtivo que se transformou na principal atividade econômica de uso do solo, segundo Veríssimo, Lima, Lentini (2002). E São Domingos não ficou fora, também foi incluído no rol das áreas a serem exploradas. Durante quase três décadas a atividade madeireira foi a principal atividade econômica da cidade e depois do município6.

Na década de 1970, a mencionada atividade econômica explorava poucas espécies florestais, porém, a produção era voltada para o consumo externo. Na década de 1980 não foi diferente, a exploração voltada para o consumo externo continuou, só que agora de forma mais ampliada, pois, outras empresas madeireiras se instalaram na região e aumentaram o número de espécies exploradas.

3.1 O apogeu madeireiro

No entanto, o "boom" da atividade madeireira em São Domingos só acontece nos anos 90, pois, o crescimento do mencionado setor econômico como um todo, tanto no Estado do Pará, como em toda a Região Amazônica, foi influenciado por vários fatores como: abertura de estradas, implantação de infra-estrutura, incentivos fiscais a empresários, o esgotamento do recurso madeireiro no sul do país, etc.

Em nossa pesquisa de campo notamos que um dos fatores que pode ter concorrido para a referida expansão madeireira foi às várias ocupações/invasões de terras na área do município de São Domingos e vizinhanças na década de 90, disponibilizando com isso, matéria-prima7 em abundância para o setor madeireiro, Principalmente nas áreas conhecidas como "Oito Barracas", Brasispanha, Patoá, "Pau-preto", Água Fria, Almescão, Veneza, São Benedito, Açaizal do Cazuza, Capoeiras, "Deus-ajuda", "Passa-bem", Dois Irmãos, Fortaleza, Cuxiú, etc.

Assim, o mencionado município produziu 106.140 m³ de madeira em toras, e 37.149 m³ de madeira processada, entre os anos de 1993 e 2006 (ver tabela 1). Sendo que entre os anos de 1993 e 2002, segundo dados do IBGE (2004), a produção de madeira em toras permaneceu estável com pequenas mudanças de um ano para o outro. No entanto, em 2003 houve um acréscimo considerável na produção que não havia, até então, ultrapassado os 8.500 m³ de madeira em toras. Nesse ano, a referida produção chegou aos 13.440 m³.

A diferença entre o montante produzido nos anos anteriores, e o ano de 2003, pode se encontrar nos modelos de pesquisas desenvolvidos, tanto pelo IBGE, quanto pelo autor desse artigo. Em nossa pesquisa de campo, fomos diretamente às empresas madeireiras, que nos forneceram dados a respeito de suas respectivas produções. Portanto, os dados do mencionado ano, referem-se a números colhidos diretamente na fonte.

Os dados estatísticos dos anos de 2004 e 2005 foram coletados junto a SEPOF (2006), que teve por base os dados do IBGE. Já os que se referem ao ano de 2006, foram coletados junto à única serraria localizada no município de São Domingos do Araguaia.

Tabela 1 – Produção de madeira em tora e processada – 1993 a 2006

Ano

Produção anual em toras(m³)

Quantidade processada (m³)#

1993*

7.000

2.450

1994*

7.500

2.625

1995*

7.000

2.450

1996*

6.000

2.100

1997*

7.000

2.450

1998*

6.500

2.275

1999*

8.000

2.800

2000*

7.000

2.450

2001*

8.000

2.800

2002*

8.500

2.975

2003**

13.440

4.704

2004***

9.000

3.150

2005***

8.500

2.975

2006****

2.700

945

Fonte: *dados estatísticos do IBGE (2004); **dados coletados em Pesquisa de Campo (2004); ***dados estatísticos da SEPOF (2006); ****dados coletados em Pesquisa de Campo (2007).

#Esses números foram obtidos devido ao entendimento de Vidal et al (1997) que nos revelam que a conversão de madeira em tora para processada rende apenas 35%.

Ao analisarmos os números da atividade madeireira no município em questão, notamos que no ano de 2004 seis empresas madeireiras se encontravam em atividade. Três delas utilizavam serra-de-fita e se localizavam na sede municipal e entorno, as outras três restantes utilizavam-se de uma serra denominada pelos proprietários de "Pica-pau8" e se localizavam na localidade de Vila Santana. Essas empresas no seu conjunto conseguiam processar 1.120 m³ de madeira serrada por mês, gerando assim, cerca de 48 empregos diretos.

Vale à pena ressaltar que as produções das serrarias menores, as chamadas "Pica-pau", eram direcionadas para o consumo local, ficando as produções das serrarias com serra-de-fita destinada à exportação, principalmente para São Paulo, Brasília e Belém.

4. A produção madeireira na atualidade

Quando da segunda pesquisa de campo (junho de 2007) detectamos significativa mudança no setor produtivo analisado. A produção diminuiu bastante, pois as áreas florestadas quase que desapareceram dentro do município em questão. A falta de matéria-prima para a indústria madeireira provocou a migração da maioria delas, restando apenas uma em São Domingos. Essa única serraria produziu no ano de 2006, uma quantia de 2.700 m³ de madeira em toras e 945 m³ de madeira processada.

Na atualidade (2007), essa mesma serraria produz uma média de 175 m³ de madeira em toras por mês, sendo que a maioria delas vem de outras localidades em outros municípios, como a Consulta em São João do Araguaia, Brasispanha em Brejo Grande do Araguaia e Patoá no território municipal de Marabá (ver tabela 2). Os espécimes mais explorados são o Axixá (Sterculia speciosa), a Sumaúma (Ceiba pentandra) e a Faveira (Panopsis sessilifolia). Essas árvores são compradas de pequenos produtores rurais e fazendeiros da região, chegando a um valor de cerca de R$ 100,00 cada uma.

Quanto ao número de empregos diretos gerados no circuito espacial da produção madeireira no aventado município, reduziu-se de tal forma que os postos de trabalhos chegam a um número de 25. São utilizadas sete pessoas na extração, duas no transporte e dezesseis no processamento, incluindo as pessoas que trabalham na administração da empresa.

No que se refere ao consumo da madeira beneficiada (principalmente tábuas, vigas e ripas) são vendidas e transportadas para cidades como Xambioá e Esperantina no estado do Tocantins. O consumo local gira em torno de 3 a 4 m³ diários.

 Tabela 2 – Localidades e municípios da extração madeireira - 2007

Principais localidades de extração

Municípios

Consulta

São João do Araguaia

Água-fria

São Domingos do Araguaia

Brasispanha

Brejo Grande do Araguaia

Patoá

Marabá

Vaca-preta

São Domingos do Araguaia

Fonte: Pesquisa de Campo em junho de 2007.

Em nossa segunda pesquisa de campo detectamos mais duas empresas madeireiras instaladas na cidade de São Domingos, sendo que as mesmas atuam apenas na venda de madeira beneficiada. Ao perguntarmos sobre a origem da madeira disposta a venda em seus depósitos descobrimos que são originárias de outras localidades, como: Santa Fé (Marabá) e Quatro - bocas (Vila Cruzeiro do Sul no município de Itupiranga).

Ainda falando dessa nova pesquisa, detectamos também que 100% da madeira em tora consumida no município em estudo, vêm de áreas de florestas naturais. O responsável pelas vendas na única serraria da cidade de São Domingos, afirmou que não existem projetos de reflorestamento que visem abastecer o mercado local do recurso madeireiro. Quanto às estradas utilizadas para a extração e transporte da madeira, essa mesma pessoa citada acima nos revelou que grande parte delas foi e são construídas pelo dono da serraria, inclusive pontes em estradas municipais.

 5. A título de conclusão

Pela inexistência de políticas públicas que garantam a sustentabilidade de um modelo produtivo na Região Amazônica, é que a atividade madeireira tem crescido de forma desordenada e predatória. Se não houver planejamento e controle por parte do governo, a indústria madeireira irá exaurir as áreas florestadas do Pará, assim como já ocorreu no Sul do país.

Desse modo, através desse trabalho tentamos mostrar como a atividade madeireira na Amazônia em geral, e no Estado do Pará em particular, tem sofrido uma grande expansão, principalmente a partir da abertura de estradas ligando a região ao Centro-Sul do país e ao exterior.

Nesse contexto, São Domingos foi incluído no Circuito Espacial da Produção Madeireira a partir do momento em que deixou de ser Centro e foi transformado em Beira. Depois da entrada da primeira empresa madeireira no território que hoje pertence a São Domingos, as antigas relações econômicas, sociais e espaciais foram modificadas, pois, a floresta passou a ser vista de forma diferente, em vez de fornecer produtos extrativos, a própria é que passou a ser extraída dando lugar às pastagens e ao crescimento urbano.

Dessa forma, as áreas florestadas do município de São Domingos do Araguaia diminuíram de tal modo, que faltam recursos para a indústria madeireira e houve um encarecimento da madeira beneficiada.

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004. Disponível em www.sidra.ibge.gov.br . Acesso em 23 de março de 2004.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Amazônia, Amazônias. São Paulo: Contexto, 2001.

PARÁ. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças - SEPOF. Estatística Municipal: São Domingos do Araguaia. 2006. Disponível em www.sepof.pa.gov.br . Acessado em 25/06/2007.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: Fundamentos teóricos e metodológicos da geografia. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.

VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: Estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

VERÍSSIMO, Adalberto; LIMA, Eirivelthon; LENTINI, Marco. Pólos madeireiros do Estado do Pará. Belém: Imazon, 2002.

VIDAL, Edson. et. alii. Redução de desperdícios na produção de madeira na Amazônia. Série Amazônia Nº 05. Belém: Imazon, 1997.


[1] O presente artigo é a adaptação de "A Atividade Madeireira no município de São Domingos do Araguaia", que é o terceiro capítulo do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, intitulado "Atividades econômicas e Atividade Madeireira na Amazônia: o caso de São Domingos do Araguaia", apresentado para obtenção do título de Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Federal do Pará, em Brejo Grande do Araguaia no ano de 2004. A primeira versão desse artigo foi publicada no endereço eletrônico HTTP://br.msnusers.com/MyWebDocuments/ no início do ano de 2007, sendo que em junho desse mesmo ano o mesmo foi revisado a partir de uma nova Pesquisa de Campo.

[2] Professor do Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos pela Seduc do estado do Pará desde o ano de 1989, e professor concursado pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São Domingos do Araguaia desde 1999. [email protected].

3 Geralmente, os materiais fornecidos aos aviados eram gêneros alimentícios, ferramentas de trabalho, armas e munições.

4 O local onde se encontra a roça de um ou mais lavradores é entendido por Velho (1981), como Centro, e define-se no contexto da oposição a outra categoria, a beira, nesse caso, a do rio.

5 Pessoas que coletavam a castanha-do-pará (Bertholettia Excelsa). Geralmente trabalhavam para os donos de castanhais e comerciantes através do sistema de aviamento, sendo que, a coleta era feita sazonalmente e no período da entressafra, ocupavam-se nos roçados, garimpos e na caça de animais silvestre para o comércio de peles.

6 A atividade madeireira foi a principal atividade econômica na cidade de São Domingos, desde a implantação da primeira madeireira no período em que era parte integrante do município de São João do Araguaia. A partir de 1991 quando São Domingos consegue sua emancipação política, a mencionada atividade continua a ocupar um lugar de maior destaque, só que agora como principal atividade econômica do município.

7 Segundo Pesquisa de Campo, nos anos 80 o número de espécies madeireiras exploradas era reduzido. Com a exaustão do mogno (Swietenia Macrophylla) e do "amarelão" (Euxylophora paraensis), principalmente, os empresários madeireiros aumentaram o número de espécies exploradas, passando a explorar também o jatobá (Hymenae Courbaril), a maçaranduba (Manilkara buberi), a andiroba (Carapa guianensis) e outras.

8Ferramenta que apresenta uma serra acionada por motor ou energia elétrica, com movimentos retilíneos de vai-e-vem.


Autor: Valtey Martins de Souza


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