As Quimeras



— Não posso dizer que sou um bom investigador — acabo de proferir. — Não acredito, porém, que tenha sido vingança, já que o homem não tinha inimigos.

Sra. Emily levanta-se transtornada, dizendo:

— Peço justiça! — engoliu em seco, lamuriando. — Senhor investigador, peço-lhe pelo amor de Deus, que descubra custe o que custar o assassino do meu noivo.

Eu não posso dizer-lhe nada de confortante, meu Deus, como ela é bela! Acaba de tocar a minha mão! Que singeleza...

— Consinto, senhorita. Irei encontrar o homicida custe o que custar.

Ela está me beijando. Que candura! Que beleza de moça! Que donzela!

Saio agora à procura de pistas do homicida. Lembro-me que Maria Justina poderá saber de algo que esclareça de uma vez por todas esta chacina. Bato à porta da sua casa, na residência da Rua Montreal nove, nove, meia.

— Diga-me o que se lembra daquela noite — articulo com eminência.

— Lembro-me que você conversava com o sinhô mocinho. Eu estava na cozinha com Maria Clara e Emily, enquanto vocês cochichavam coisas de homem — falou.

— Sim, recordo-me disto, e daí? — minha voz está tão bela!

— E daí você e ele saíram, e então eu, Emily e Maria Clara ficamos a preparar os Quitutes Dona Helena.

— Dona Helena? Quem é ela? — pergunto.

— Por favor, estou ainda chocada com o que aconteceu. Não torne isso mais difícil do que já é — ela mudou de assunto, não?

— Está bem, está bem, prossiga.

— Foi aí que escutamos os disparos, depois que saíram — ela fala como se fosse suspeita!

— Agradeço-lhe por sua humilde e inverídica suposição. Não, não fomos assaltados naquela noite, senhora — não sou inteligente? Vejam só as minhas palavras!

Saio pouco distraído. Chego à delegacia e registro em meu diário as palavras suspeitas de Maria Justina. Lembro-me agora do senhor Medeiros, que encontramos apressado à rua. Ele é suspeito.

— Ligue-me à residência dos Borbons — disse à telefonista.

— Quero falar com o senhor Medeiros Borbon.

— É ele quem fala — respondeu suspeitamente.

— Sim, claro. Pode-me falar sobre tal noite do nosso encontro na Rua Montreal? — falo autoritariamente.

— Claro, mas não por telefone — enfim, suspeito. — Encontre-me às duas no Jardim Imperial.

— Ora, lá estarei às duas em ponto — confirmo.

Estou agora seguindo para o local do encontro. Vejo a senhora Emily que me cumprimenta e diz para ir até a sua casa, preparará um jantar especialmente para mim. Confirmo o encontro... Que beleza!

Ali se encontra o senhor Medeiros, caso suspeito! Traje de assassino. Um dominó do tempo de Chaplin, uma vestimenta integralmente desconfiável. Diz-me:

— Vi-o pela última vez antes da sua morte quando ambos atravessavam a Rua Mata-Burro. Quando os vi desaparecer ao longe, escutei dois disparos — receou. — É apenas isso que me lembro.

— Então apenas se lembra de nós dois juntos, não? E por que estava com pressa? — desafio-lhe, homem perigoso!

— A minha esposa estava em trabalho de parto, seu imbecil! E você sabia disso — hummm... está com cólera. Finalmente um suspeito maior.

— Desculpe incomodá-lo... Valeu este drink, homem — estou agora me retirando feliz, tenho o assassino.

Chego agora à delegacia e me dizem que há um outro investigador contratado pelo comissário Justino Pereira de Souza Mello para este caso. Que maçada!

... O jantar, meu Deus! Toda esta descoberta fez-me esquecer do jantar! Partirei daqui há dez minutos.

Chego à casa da senhora Emily. Entro vagarosamente, curtindo o nosso relacionamento. Enfim, desejei tanto este momento: nós dois juntos sem aquele homem que agora está morto, sem aquele que atrapalhava os meus planos. Bendito seja o assassino do senhor Aleixo!

Jantamos agora. Eu estou a contar a história sobre homem tal e homem ameno. Pois é, eu sou ameno, belo e desejável.

Bateram à porta. Quem será que é, a esta hora? Maldito seja o homem que bate à porta! É o comissário Justino juntamente com o novo investigador — malditos sejam os investigadores!

Recebo ambos à porta. Diz então o comissário, execrado também:

— Temos o nome do assassino do teu noivo, senhora Emily — amaldiçoadas palavras de efeito à minha senhora!

Ela cai sobre o canapé, meu Deus! E ela então articula:

— Diga logo, senhor Justino.

O comissário pega uma carta em sua algibeira e lê...

Droga! Interromperam as minha quimeras...

Entra o senhor Aleixo e a senhora Emily. Levanto-me do canapé e recebo-lhes. A minha adorada mulher diz:

— Iremos nos casar no mês próximo — sorriam os dois e se beijam em minha presença.

Maldição! Maldição!

Voltemos às minhas quimeras- - -




Ronyvaldo Barros dos Santos


Autor: Ronyvaldo Barros dos Santos


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