Picadas de abelhas e acidentes aéreos.



Morrem mais pessoas no Brasil vítimas de picadas de abelhas, que pessoas de acidentes aéreos. Foi esse um trecho de uma reportagem na revista "Veja" do domingo (07-06-09), cuja tratava sobre o acidente aéreo com um avião da "Air France" ocorrido uma semana antes da data mencionada no primeiro parágrafo desta crônica.

Sobre o oceano Atlântico o avião desaparece, perde o contato com a torre. São centenas de pessoas naquele vôo, inclusive um bebê. Casais em lua-de-mel, pais viajando com seus filhos, equipes de solidariedade que vieram ao Brasil para contribuir com os desabrigados das enchentes em Santa Catarina, executivos, turistas. Uma tempestade elétrica foi descartada, mas era a principal suspeita em meio a uma avalanche de possibilidades. Corpos ao mar e famílias em terra clamando por um sinal: querem notícias. Para alguns a esperança não se perderá até que não se resgate o último dos corpos. Acreditam na possibilidade de existirem sobreviventes. Horas sem dormir, dieta à base de água, não há força, tamanha a tristeza que se acomoda no peito dos parentes. Vidas ao mar. E olhem que a tecnologia era de ponta. Que nada, quando a natureza resolve atacar, mostrar suas garras, eis que se preparem para as conseqüências. Inocentes pagando pelos erros dos outros.

Uma companhia como esta francesa não admite erros. Falhas são inexplicáveis. E nesse mar (oceano) de incertezas, os maiores afetados são os familiares. Ainda não se pensa em indenizações, pois as buscas são pelos corpos, talvez haja sobreviventes (como querem os familiares), mas o mínimo que a companhia responsável pelo vôo terá que realizar é amparar, confortar financeiramente os parentes das vítimas.

Acidentes aéreos tornaram-se comuns de alguns anos para os dias atuais. Acentuaram-se na década de 1990 e desde então acontecem com maior freqüência. Pelo nosso País nos três últimos anos foram centenas de mortos. Imprudência? Falha mecânica? Ou as asas não foram dadas ao homem propositalmente? Ícaro tentou, mas foi Santos Dummond quem conseguiu ver o homem voar. Alcançar os pássaros, passear pelas nuvens e até usar o avião para guerra. Hiroshima e Nagasaki destruídas pela bomba atômica lançada por um invento "dummondiano". Santos não quis assim. Almejou encurtar as distâncias. Conseguiu. A falha sempre existiu, mas se acentua ao invés de ser eliminada, sanada. É um desafio. O homem no seu antropocentrismo acaba minimizado pela grandeza da Natureza. Prefiro ser picado por abelhas a ter que passar pelo desespero de um acidente aéreo.


Autor: Sergio Sant'Anna


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