Poupança volta a captar em maio



As cadernetas de poupança voltaram a captar recursos em maio. Dados divulgados pelo Banco Central em 04 de junho mostram que as contas tiveram captação líquida positiva de R$ 1,880 bilhão no mês passado. Com isso, foi revertido o movimento de saída registrado em março e abril.

De acordo com os dados do BC, o mês teve depósitos totais de R$ 78,839 bilhões e saques de R$ 76,958 bilhões. Houve, ainda, rendimento das contas já existentes de R$ 1,371 bilhão. Assim, o mês terminou com saldo líquido de R$ 278,567 bilhões.

Com maio, o resultado da caderneta de poupança no acumulado do ano mudou de tendência e passou a ficar positivo. De janeiro a maio, as cadernetas tiveram captação líquida positiva de R$ 356,878 milhões. De janeiro a abril, o resultado era negativo em R$ 1,523 bilhão.

No ano, houve resultado positivo em fevereiro de R$ 751,395 milhões, e negativo em janeiro, de R$ 486,630 milhões; março, com R$ 846,803 milhões e abril, com R$ 941,549 milhões. Em maio, os depósitos somaram R$ 78,839 bilhões e as retiradas, R$ 76,958 bilhões. A poupança é remunerada pelo Taxa Referencial mais 0,5% ao mês e não há cobrança de taxa de administração.

No dia 13 de maio, o governo anunciou uma medida para evitar a migração de grandes investidores para a caderneta de poupança. Pela nova regra, que ainda precisa ser enviada pelo governo para análise do Congresso Nacional, será descontado Imposto de Renda do rendimento de poupança que exceder R$ 50 mil.

De acordo com o governo, atualmente apenas 1% dos poupadores aplicam mais do que R$ 50 mil na caderneta.

A palavra do Banco Central
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que não se justifica no momento a retomada da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa. Segundo Meirelles, o fluxo cambial positivo mostra que a grande entrada de capitais é principalmente para investimento estrangeiro direto, máquinas e equipamentos e ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Meirelles disse ainda que o fato de o Brasil ter reservas internacionais equilibra o fluxo de saída de recursos do país. Segundo o presidente do BC, quando a crise se agravou, foi necessário vender dólares porque houve um grande volume de saída de capital do país naquele momento, as linhas de crédito de empresas no exterior não estavam sendo renovadas e houve repatriação de capital no exterior.

Outra vantagem apontada por Meirelles é que o Brasil é um dos poucos países que já estão com um volume de reservas internacionais superior ao que tinham no início da crise. Conforme os dados apresentados, no fim de agosto do ano passado as reservas internacionais somavam US$ 205,1 bilhões e, no último dia 1°, chegaram a US$ 205,4 bilhões.

Meirelles também comentou que a proposta de criação de um banco para as exportações brasileiras está na direção certa, mas é preciso analisar custos e benefícios relacionados a aspectos fiscais e de rentabilidade para o país.

Visão do mercado
Para  a Top Trade Investimentos, contribuiu para diminuir os saques na poupança uma decisão do governo:  “As medidas para taxar a poupança a partir de 2010 foram adequadas, sem terrorismo”.

Conforme já comentado, o  governo anunciou que as cadernetas com saldo acima de R$ 50 mil vão passar a pagar Imposto de Renda no caso de a taxa Selic ficar muito baixa. Caso o governo tivesse tomado uma medida imediatista, o resultado poderia ser muito diferente, na opinião do economista. Para valer, a proposta ainda tem que ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Um dos objetivos do governo ao taxar a poupança é evitar a saída de recursos dos fundos de renda fixa para a caderneta. Para manter a atratividade dos fundos, o governo também planeja reduzir o imposto cobrado sobre seus rendimentos ainda em 2009. A mudança será adotada de acordo com as próximas alterações da taxa básica de juros Selic.

Também contribuiu para a captação da caderneta ficar positiva o fim dos gastos adicionais de início de ano. Como a maioria dos poupadores têm poucos recursos guardados, eles servem muitas vezes para complementar a renda, que é deslocada para despesas como pagamento de matrícula e material escolar e impostos, típicos do começo do ano.

Apesar da melhora na captação em maio, a poupança acumula em 2009 um resgate líquido de R$78 milhões. O rendimento das cadernetas no mês passado foi de R$1,085 bilhão, e o saldo no dia 29 de maio estava em R$221,516 bilhões.

Apetite por risco
Um outro dado que não pode ser descartado é que o apetite dos investidores por risco está aumentado, o que torna aplicações em bolsa ou em fundos de investimentos mais atrativas que a poupança.

De acordo com os dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), a captação em fundos de investimento foi negativa no mês de maio em R$ 412 milhões. No último dia útil do mês, incide o sistema come-cotas , que é quando as administradoras cobram as taxas dos seus investidores. Foram R$ 2,7 bilhões. No ano, a captação em fundos está positiva em R$ 30,6 bilhões, com o saldo acumulado superior a R$ 1,24 trilhão.
 
Bibliografia
Jornal do Brasil de  05 de junho de 2009
Jornal O Globo de 05 de junho de 2009
Jornal Correio Braziliense de 05 de junho de 2009
Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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