A contribuição da Filosofia para a realidade brasileira



A contribuição da Filosofia para a realidade brasileira

Joacir Soares d’Abadia*

 

A Filosofia contribuiu muito com a realidade brasileira, visto que com ela as pessoas tornaram-se mais questionadoras e passaram a ter uma visão mais crítica da realidade. Em vista disso, tiveram que conciliar “fides et ratio” (fé e razão) no próprio dia a dia, mas isso fez com que as pessoas percebessem a riqueza do que defendiam: seus direitos.

Com a filosofia foi preciso sistematizar o raciocinar; fazer perguntas que tocassem a realidade do homem, tais como “o que somos?” E, depois de saber o que era o homem, tiveram que disciplinar o agir deste homem, assim, fez-se preciso que além de ter uma disciplina de vida o homem era chamado a se posicionar diante da realidade. E, desse modo, ele fez partindo de objeções tais como “porque as coisas são assim?”.

Depois que a filosofia influenciou as pessoas, elas ficaram mais críticas e começaram a perguntar sobre o porquê das coisas. Com isso, a filosofia no início da Colonização do Brasil se depara com duas realidades: a) conflito cultural antropológico e b) conflito cultural-moral.

O primeiro ponto se deu entre o homem ocidental e os homens indígenas. Ao passo que, existia uma idéia ou dúvida: “os indígenas são homens ou não?”. Caso fossem homens, que realmente são, seriam diferentes de nós (colonizadores), visto que eles têm pele vermelha. Contudo, se é homem deve aceitar a nossa cultura.

No segundo ponto, o conflito se realizou porque os índios “não se vestiam”. Esse fato era para os colonizadores algo imoral. Elas diziam que seus valores eram incompatíveis com os valores dos índios.

Destes conflitos a filosofia deixou de ser essencialista e passou a ser existencialista. Para o essencialista “agere sequitur esse” (o agir segue o ser). Assim, o homem não é uma natureza, nem normativa nem racional, mas sim, uma natureza biológica. Todavia, o agir vai construir o ser. O homem “não é” ele se faz na história.

Antônio Vieira (1609-1697) dizia que “o ser é ação; e ação é o homem”. Com efeito, o ser é o princípio da ação, do movimento. Sartre, porém, nega o ser como princípio do movimento. O ser antecede o agir. Por isso, pode-se dizer que o ser é o princípio da ação.

Cada indivíduo possui seu ato próprio de ser. O agir humano se faz no ato de ser. Neste sentido pode se falar que todos nós participamos do mesmo Ser, mas cada um realiza o seu ato de ser. O meu ato de ser é individual, visto que não posso deixar que o outro realize o que eu deveria realizar. Deste pensamento, deduz-se que o homem deve se construir. E nesta construção do nosso ser deve ser para sempre. Acontecendo que somos o que somos hoje porque fizemos algo para estar aqui. Assim, se pode concluir que somos responsáveis por aquilo que somos.

Na realidade atual, a Filosofia no pensamento brasileiro, continua sendo, por enquanto, influenciada por pensamentos e correntes filosóficas exteriores, visto que não se tem, notoriamente, uma corrente específica de pensamento, porém, impera no Brasil até hoje as influências positivistas recebidas outrora, de modo muito forte e determinante de muitas coisas, como no lema da nossa Bandeira “Ordem e Progresso” e na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a manipulação com embriões juridicamente legal, mesmo que seja anti-ético e atente contra a dignidade da pessoa. É a lei pela lei, o positivismo.

 

*Filosofia e cursando Teologia no Seminário Maior de Brasília.

É autor do livro “Riqueza da humanidade ligada às relações interpessoais” (Internet)

 E-mail: [email protected]


Autor: Joacir Soares d'Abadia


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