Simone de Beauvoir – Uma mulher à frente de seu tempo



 

Simone de Beauvoir – Uma mulher à frente de seu tempo

 

     Será mesmo verdade que com o passar dos anos as pessoas evoluem? Será que somos pessoas mais conscientes e livres do que nossos antepassados? Será que aprendemos a conviver?

     É claro que para perguntas como essas, a primeira resposta que nos vem á cabeça é: isso é relativo. E realmente é. Mas o que quero dizer é que não vejo, pelo menos na maioria das mulheres, a conquista da liberdade; não vejo a maioria das pessoas vivendo um relacionamento saudável e duradouro. O que vejo são muitos relacionamentos frágeis e hipócritas. 

     Sobre esse assunto, gostaria de falar de Simone de Beauvoir (9/1/ 1908 – 14/4/1986), filósofa e escritora francesa, uma mulher à frente do seu tempo, uma pessoa muito mais livre do que qualquer um de nós (ou, para não ser injusta, caso haja algum leitor tão independente quanto ela, a grande maioria de nós). Uma mulher que teve a coragem de assumir um relacionamento sem casamento com o filósofo Jean Paulo Sartre, e o “mais chocante”, com uma terceira pessoa, por um certo período. É algo impensável para a maioria de nós nos dias de hoje, imagine no tempo de Simone... Mas, considerando o nível de confiança que ela e seu parceiro tinham um com o outro,  não é de se espantar que seu relacionamento tenha durado 50 anos.

     Não quero dizer que a sua forma de vida é a mais correta. Aliás, não acredito em fórmulas e se você vive bem, é feliz e não prejudica ninguém, não há porque rotular a sua forma de viver como certa, errada, escandalosa ou ridícula.

     Vale a pena conhecer um pouco sobre Simone de Beauvoir, que viveu à sua maneira, independente do que pensavam os outros. Uma mulher que escolheu ser livre, incrivelmente livre, e que pensava verdadeiramente como mulher, não que os homens não tenham ou tivessem contribuições igualmente importantes, porque se afirmamos o contrário, estamos também sendo preconceituosas, mas Simone pensava como mulher, como pessoa única, e a partir de suas reflexões nos deixou muitas contribuições, especialmente em forma de livros. Ela ousou sair do lugar comum, pensar e mais do que isso, viver em conformidade com o que dizia e pensava e nesse ponto também há um mérito muito grande à Simone de Beauvoir, porque muitos teóricos não vivem de verdade tudo o que pensam e divulgam. Por fim, quero mais uma vez lembrar que Simone de Beauvoir não foi uma pessoa exemplar, porque não existem pessoas assim. Ela foi simplesmente humana, com acertos e erros, mas com um grande diferencial, especialmente para sua época e condição de mulher: ousar ser diferente e livre.

     Por fim, vale uma reflexão: não nos enganemos: não é porque estamos no século XXI que somos pessoas mais evoluídas. Para que isso ocorra de verdade, vale lembrar que para ser uma pessoa mais evoluída e viver em um mundo melhor (não estou falando de avanços tecnológicos, mas de pessoas melhores), precisamos ser antes de tudo, sujeitos pensantes, reflexivos, críticos e verdadeiramente humanos.


Autor: Cristina Soares da Fonseca


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