O Tempo Livre na Terceira Idade



O tempo livre, para a terceira idade, pode ser visto sob aspecto negativo e positivo. Sob um ponto de vista, o tempo livre representa o resultado de uma dissocialização progressiva, visto que há uma mudança no ritmo existencial do ancião.

 

É necessário um novo relacionamento com a abundância de tempo disponível, dado que as atividades determinadas não mais existem. As atividades laborais foram subtraídas do ancião abrindo, assim, um espaço de tempo inquietante em um primeiro momento.

 

A dissocialização torna-se evidente quando a célula mater, família, desmancha-se com a saída dos filhos, que já não sentem a necessidade dos pais, que passam a exercer uma função de conselho junto a estes. Sob um ângulo crítico, traz à tona a questão dos lares de repouso para velhos, representando assim o ponto máximo da dissocialização entre a vida laborativa, pró-ativa e a nova realidade que passa a permear os anciãos.

 

Destarte, observa-se que o processo de dissocialização necessariamente implica em um “desenraizamento do ambiente de vida mais familiar, uma verdadeira libertação para uma vida nova segundo as próprias modalidades”.

 

As atividades de semi-ócio, porque não dependem da decisão ou da escolha de quem as realiza, não são livres, mas necessárias, obrigatórias. Apesar de serem práticas realizadas no tempo de não-trabalho, continuam realizando-se num tempo obrigado, não constituindo-se tempo-livre. Dessa maneira, é fato que os anciãos encaram como tempo livre apenas aquela porção do tempo que não devem empregar para a alimentação, para lavar e passar roupas ou para a limpeza do lar.

 

O grande dilema é que para cada forma de envelhecimento advém uma dificuldade de transição, e a grande tarefa, nesse momento, está em criar uma nova estrutura de vida. Dessa maneira, a manutenção e a limpeza do lar passam a ser encarados como labor para os anciãos.

 

Mesmo que não haja uma estrutura temporal para a execução das atividades, existe uma ordem em que elas são feitas, cumpridas. Esta soberania sobre o tempo torna possível viver em dois mundos diferentes: naquele da ordem que ainda recorda os dias de trabalho e naquele da grande liberdade no qual o aposentado é o rei de si mesmo.

 

Nesse sentido, a soberania sobre o tempo pode ser encarada como um fator positivo para os anciãos uma vez que podem desenvolver realmente atividades compensatórias pelo período laborativo, gozando, destarte, do repouso, do descanso merecido. Nesse contexto, o desenvolvimento no tempo-livre de atividades esportivas, artísticas, artesanais e turísticas evidenciam-se e permeiam a realidade dos anciãos.


Autor: Sandra Regina da Luz Inácio


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