O Trabalho Feminino na Trajetória Histórico-cultural da Cidade de Goiás e Sua Relação com o Turismo da Cidade



No contexto atual da economia, o turismo se depara com duas possibilidades distintas, a de se promover como uma proposta econômica de inclusão social e contribuir com novas perspectivas de valorização da vida, do usufruto de produtos culturais e de distribuição de renda. Ou ainda, a de associar-se a uma economia de mercado que exclui parcelas significativas da população de participarem do crescimento econômico e social, sem qualquer preocupação com a sustentabililidade.

Meneses (2004, p. 13) afirma que é possível "pensar em um planejamento diferente, em uma percepção mais acurada, onde o bem histórico-cultural possa ter tratamento de construção histórica dinâmica e em andamento e possa propiciar inclusão identitária e social de quem participa ativamente dessa dinâmica".

Novas formas de ação na gestão de bens culturais surgem todos os dias na tentativa de se articular o patrimônio cultural ao turismo.

Infelizmente, nem todas essas ações têm como objetivo a inclusão da comunidade local, que preservou e guardou o bem histórico, no usufruto das perspectivas de melhoria da qualidade de vida a partir da comercialização sustentável desse bem patrimonial.

De acordo com Silva (2001), a Cidade de Goiás, Patrimônio Histórico da Humanidade desde 27 de junho de 2001, título conferido pela Unesco, conserva mais de 80% de sua arquitetura barroco-colonial original, situando-se em um belo cenário topográfico e atraindo milhares de turistas todos os anos, devido a seus museus, casarios, igrejas, palácios, becos e ruas, além da Serra Dourada e o cerrado preservado. A cidade é conhecida também por sua tradicional Procissão do Fogaréu e pela criação, no final dos anos 90, do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA).

Nesse cenário, verifica-se a presença de mulheres que exerceram papel fundamental na dinâmica da construção sócio-cultural da Cidade de Goiás, originalmente chamada Vila Boa de Goiás.

O trabalho realizado pelas mulheres, desde aqueles que receberam posição de destaque relacionando-se ao público, até os desvalorizados trabalhos domésticos, apresenta-se como um reflexo de resistência, no qual as mulheres buscavam, com ainda buscam, a superação das dificuldades e o rompimento das barreiras que foram estabelecidas desde o passado colonial.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretãs (Cora Coralina) pode ser considerada uma representante do gênero feminino no que tange às lutas e conquistas evidenciadas na trajetória das mulheres da cidade, pois não só retratou a questão em sua obra, como também vivenciou no seu cotidiano as mesmas experiências laboriosas das mulheres de seu tempo e sua terra.

Para melhor compreensão do assunto, torna-se necessário o levantamento do aspecto mais importante da sobrevivência: as mulheres vivem do que fazem, e por isso, em muitos casos precisam vender seus produtos. Essa venda é movimentada em grande parte pelo turismo na cidade. Daí a ligação existente entre a História do trabalho das mulheres de Vila Boa de Goiás, o trabalho desenvolvido por elas hoje e o Turismo, que se estabelece como principal atividade econômica na cidade.

É importante que haja uma percepção da dinâmica social por parte da população goiana, em que se apure os "caminhos" de edificação cultural da sociedade em que estamos inseridos, contribuindo para sua formação geral e tornando-a mais apta a intervir em nosso próprio meio.

Compreender o trabalho que as mulheres de Vila Boa de Goiás têm desenvolvido ao longo da história é identificar a valoração desse elemento representativo ainda presente na cidade. É inclusive favorecer que esse trabalho e seu significado e representação cultural também passe a ser reconhecido como patrimônio, visto que, com a potencialização turística dos pólos históricos, aspectos significativos da própria cultura têm sido cada vez mais ignorados.


Autor: Luana Nunes Martins


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