O tempo está passando
O TEMPO ESTÁ PASSANDO
De Romano Dazzi
O tempo está passando, bem depressa, para cada um de nós.
Ou pior: nós estamos passando, bem depressa, através do tempo.
Ele fica parado, assistindo impassível ao que fazemos.
A raça humana ainda não aprendeu a contar o tempo às avessas, não pelo que já passou, que já não faz diferença alguma, ma pelo que ainda falta; para o próximo domingo, para o fim do ano, para o fim da vida.
Se aprendêssemos esta matemática, ficaríamos menos amarrados no passado, e mais ligados no futuro; lembro que isso acontecia muito quando éramos crianças e esperávamos ansiosamente o dia de Natal .
Fazíamos uma espécie de calendário, que começava no fim de novembro; era o dia “menos
Não precisava perguntar que dia era, e tentar fazer a conta inversa (normalmente errada); bastava olhar para a nossa folhinha;
Chegando ao “menos
Como o pólo norte fica longe de qualquer outro lugar na terra, o trajeto demoraria pelo menos um dia ou dois.
Esta ansiedade para a chegada de um momento importante é determinante para o ser humano. Prepara-o, afina sua vontade, incrementa a sua fé. Faz com que se sinta ansioso de felicidade, desejoso de receber o futuro.
A noiva não deveria dizer: - “vou casar no dia 20 de outubro” - ; mas: -“ faltam 78 dias – e amanhã faltarão só
Assim, sabendo ver o tempo da frente para trás, saborearíamos melhor todas as estações que estamos vivendo e sentiríamos menos pressa de chegar.
Faríamos da vida uma viagem prazerosa, que vale pelo que se aprecia no caminho, não pelo que poderá nos oferecer na chegada.
Lembro do tempo em que se viajava de navio; quinze, vinte dias para alcançar a Europa; os dias eram movimentados, com jogos, conversas, sol; até o passeio do tombadilho ao camarote era uma pequena aventura (qual era mesmo o número da cabine?); as noites cheias de estrelas passavam lentamente, enquanto você reinventava as constelações. A brisa se embrenhava nos cabelos, e levava embora os seus pensamentos tristes e as canções desafinadas que você gritava a plenos pulmões, porque ninguém as escutava. Não se media o tempo pela data da chegada – na verdade perdia-se até a conta; não se sabia em que dia estávamos, mas só que faltavam tantos dias para chegar. Era para aproveitar mesmo.,
Hoje, no avião, tentei levantar a tampa de plástico da minha janelinha de 30 x 30; queria ver um pouco do breu, espalmado dez mil metros abaixo de mim; não cheguei a ver nada; a comissária foi brusca e decidida; baixe isso e fique quieto, por respeito aos outros que roncam e se agitam nas poltronas de 50 x 50. Me senti como um garoto travesso, ao qual falta pouco para ser arrastado, pela orelha, até a diretoria.
Esta ansiedade de chegar não nos faz bem. Mata-nos, bem antes do tempo.
O tempo, em si, nada nos cobra, do início ao fim.
E as vezes, o nosso fim é tão rápido, que nem lhe damos tempo para nos cobrar.
E de resto, cobrar o que?
Porque fomos estúpidos, desleixados, incompetentes, criminosos?
Porque demos vazão aos nossos piores instintos?
Porque transgredimos um ou todos os códigos a que deveríamos obedecer?
E o que são estes códigos, quem os inventou, quem os impôs aos seus semelhantes e com que autoridade?
Parecem mais imposições de chefes tribais, feitas para a sua própria proteção e que já se tornaram obsoletas sob muitos aspectos.
Se quiser aceitar que a Bíblia é o livro da verdade, inspirado diretamente pela mão de Deus, seus problemas acabaram.
Aceite, conforme-se, baixe a cabeça e comece a balir.
Logo, logo, porém, alguma pontinha de dúvida começa a cutucar.
Então, antes que você se arrependa de tudo , pare de ler e vá comer um sorvete.
Não quero ser malvado, mas .... pode ser o último .......
Autor: Romano Dazzi
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