ENCONTRANDO O EIXO



Para entendermos de forma mais perfeita este complexo denominado mente, é necessário que realmente nos aprofundemos no que a transformaram. A mente é formada muito mais pelas impressões que foram passadas, que pelos registros daquilo que nos foram dito.As crianças que aparentemente tiveram uma infância feliz, também possuem registros dramáticos de lembranças captadas através de perdas de parentes, de frustrações dos "nãos", proferidos por amigos, parentes. Lembranças de assassinatos e mortes dramáticas na televisão, de cenas de violência e acidentes de rua e até mesmo de conversas drásticas dissertadas por adultos, que ignoraram a presença destas crianças. Isto que se imagina não haver afetado tais pessoas, quando adultos se manifestam em forma de neuroses, medos e intimidações. A conseqüência poderá ser uma vida adulta completamente descontrolada. Toda esta herança ruim está na região abissal do ser humano. Tudo isto quer queiramos ou não, tem uma forte influência na maneira de alguns adultos pensarem e reagirem.

Quantas e quantas vezes vassouramos as nossas emoções e vomitamos do cerne de nossa alma toda esta imundície e todas estas frustrações em cima das pessoas que mais gostamos, por nos sentirmos ancorados na amizade do outro por nós?

Deparamos-nos com uma grande maioria de adultos, que apesar de serem inteligentes, bem sucedidos e aparentemente saudáveis, trazem dentro de si, verdadeiras crianças feridas e até assassinadas psicológica e emocionalmente com palavras e atitudes de algum adulto, que não observou o tamanho estrago que estava fazendo.

A memória humana guarda a resposta interpretada do objeto e nunca a realidade objetiva. A mente diante de uma cena drástica acrescenta toda a carga emocional interpretativa e todo o pensamento negativo do ambiente. A leitura é feita sem reservas e cravada no subsolo do inconsciente da forma como foi interpretada.

Toda esta carga emocional mal administrada é tamponada para que ninguém alcance. Isto, em defesa de um sofrimento maior, podendo travar a nossa inteligência intuitiva, fazendo leituras conotativas negativas e destruindo os melhores momentos de suas vidas. Administrar a vida psíquico-emocional é trazer à tona e reestruturar um dano que poderia corroer uma pessoa até a morte. Aí está a grandeza da Psicanálise, desacorrentar esta estrutura em cadeias.

De que forma administrar isto? Aprendendo a controlar as emoções e gerenciando os pensamentos. O medo gerado por estas impressões tão negativas destrói a tranqüilidade da vida e rouba a racionalidade, que são consideradas por muitos estudiosos e pesquisadores como sendo pérolas da inteligência.

Sem estas colunas da emoção o homem se torna frágil. Não consegue lidar com seus próprios limites e com os nãos da vida, por causa da insegurança gerada dentro de si. Com isto se torna vítima de si próprio transferindo aos outros todos os seus insucessos.

A segurança nos leva a diferenciar dos outros, na simples atitude da queda. O fraco cai e desiste recuando, o forte cai, levanta e continua.

Quando os problemas externos nos levam a um grau acentuado de descontrole, significa que não estamos preparados para administrar os problemas internos. A maior evidência disto é a atitude tomada pela pessoa diante de um questionamento ou confronto. Se a pessoa que o confrontou tiver uma significação de superioridade, a resposta fisiológica é de riso ou fuga. Se for de inferior significação, será atropelada como por um trator.

Nas duas atitudes se pode verificar que aquela pessoa está pouco preparada para enxergar seus problemas internos e solucioná-los.

Augusto Cury, com a sua teoria da Inteligência Multifocal vem desenvolvendo um estudo profundo no que diz respeito ao desvendamento de determinados fenômenos dos bastidores da mente. A linguagem desta teoria é ao mesmo tempo profunda e simples. Tem sido adotada em vários segmentos de estudos e adotada mesmo que de forma ainda especulativa pela Psicanálise. É chamada de teoria multifocal porque investiga as múltiplas áreas da inteligência humana e responde a muitos questionamento desde a árealeiga até a científica. Ele afirma que todo o lixo editado pela nossa memória não pode ser apagado e sim reeditado. Concordamos com ele neste sentido, mas acrescentamos que quando tiramos os nossos monstros das cavernas abissais verificamos que os mesmos à luz do palpável se tornam tão insignificantes que podemos simplesmente ignorá-los, já que não podemos esquecê-los. Pode-se fazer melhor, com estes monstros que limitaram tanto as nossas vidas, poderemos estercar uma construção futura.

Quantas vezes nos deparamos com pessoas inteligentes tendo atitudes estúpidas em momentos de tensão? O fato de encontrarmos pessoas gigantes em áreas diversas de suas vidas e com atitudes comedidas e gestos decisivos e assertivos no campo de seu trabalho específico, não garantirá seja absolutamente completa em todos os aspectos. Esta mesma pessoa pode claramente expor a criança amedrontada que existe dentro dela em um momento de confronto com alguém que imagina capaz de penetrar o seu subsolo onde estão escondidos os seus medos. Aí surge o questionamento em como pessoas tão brilhantes e tão intelectualmente preparadas podem ter deixado escapar tantas oportunidades em suas vidas e se escondem atrás de desculpas insignificantes. Onde é produzida esta insegurança que gera esta baixa auto-estima? Como pode um líder ser tão brilhante no mundo em que lhe rodeia e não saber liderar o seu próprio mundo no qual está inserido com suas emoções?

Alguns não conseguem superar as suas dificuldades por puro medo de novamente serem frustrados. Outros aprendem habilmente a administrar seus medos e superá-los. Bem, diante disto podemos afirmar que na área da psiquê não existe equilíbrio, mas centralização do eixo. Portanto não se diz que uma pessoa está desequilibrada, mas fora do seu eixo ou descompensada. O que se busca em uma pessoa em seu eixo são atitudes pensadas e comedidas. Incoerências, bruscas mudanças de humor ou mesmo impulsividades, são atitudes que desorganizam as energias psíquicas. Contudo não se pode segurar constantemente a sua tranqüilidade, pois sem dúvida ela mesma entra em saturação e gerará ansiedade emocional.

Qual seria a forma objetiva de trabalhar isto? Educando as emoções tendo o devido cuidado de protegê-la contra os estímulos externos, se reeducando para perceber e se abrir para o simples e belo. Em nossos consultórios estamos observando que pessoas crescem, se formam, pós-graduam e continuam hesitantes, inseguras, sem capacidade de superar os seus medos e, portanto perdem a grande oportunidade de escreverem a sua própria história, delegando a outros a autoria de suas vidas. Estes outros muitas vezes são mães frustradas e sem conhecimento, esposas despreparadas e voltadas apenas para a visão peniana ou financeira, amigos descomprometidos e até analista âncora.


Autor: solange Lins


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