PASSAGEIROS DO TEE...



PASSAGEIROS DO TEE

de Romano Dazzi

 

"Atenção! O Trans European Express, comboio 275, procedente de Milão, via Verbania, Domodossola, Simplon, com destino a Genève, via Sion, Martigny, Montreux, Vévey, Lausanne, viaja com 32 minutos de atraso...

 

O alto falante da estação de Brig estava repetindo seguidamente essa informação inédita e inesperada, falada em quatro idiomas.

 

Ela representava a quebra de um padrão de qualidade rigorosamente observado e mantido pelas administrações de estradas de ferro italiana e suíça, que controlam conjuntamente aquela linha.

 

Brig, hoje chamada Brig Glis é um dos centros nervosos da estrada; vários trens de carga transportam diariamente os mais diversos tipos de mercadoria entre a Suíça e a Itália. Além disso, por lá passam a linha tronco entre Berna e o Túnel do Simplon e a importante linha turística entre o Matterhorn e o Túnel do São Gotardo.

 

Como é a primeira estação na entrada da Suíça, Brig é sede da Policia de Fronteira, que controla documentos, bagagens, mercadorias.

 

Dos 60 trens que passam por Brig diariamente, o mais moderno, elegante, cômodo e veloz é sem dúvida o TEE. Em pouco mais de 4 horas cobre uma distância de 420 km, atingindo um desnível de 1200 metros e percorre os 20 quilômetros da antiga galeria do Simplon, perfurada há mais de cem anos pelos engenheiros suíços, sob quase dois mil metros de rocha. Ainda hoje uma admirável obra prima.

 

A linha estende-se do lado italiano costeando por um bom trecho o Lago Maggiore; do lado Suíço, corre ao longo do Lago Leman. Ambos têm uma beleza incomum, o que torna a viagem encantadora.

 

- "A notícia deste atraso inusitado ficará na história da ferrovia, como um acontecimento excepcional, a ser explicado, uma mancha na nossa atuação" ­pensava o diretor Fritsche, enquanto caminhava nervosamente de um lado a outro de sua sala.

- "Nada, a não ser algum incidente muito grave, poderia ter causado um desastre deste peso. Muita gente" - concluiu - "terá que dar cambalhotas para se explicar no inquérito..".

 

O trem estava de fato parado na estação de Domodossola, outro centro nervoso da ferrovia, este do lado italiano, onde também são examinados, de maneira superficial, bagagens e documentos.

 

A razão do atraso era grave. No compartimento B do terceiro carro, um casal de meia idade havia sido assassinado. Dois certeiros tiros de revolver e o casal Gottrich, de Luzern tinha concluído sua viagem terrena. Marie Érika, de 44 anos e Ulrich Ernst, de 48, sentados lado a lado, de olhos fechados, mãos nas mãos; pareciam estar só adormecidos.

Os documentos indicavam que o casal Gottrich era dono de um conhecido hotel em St Moritz. O compartimento estava em perfeita ordem, a bagagem intacta. Aparentemente, nada havia sido mexido ou furtado.

 

O policial de plantão na estação, Comissário Frattini, que tinha feito os primeiros levantamentos, notou a impaciência dos passageiros, agrupados na longa plataforma da estação e insatisfeitos com as vagas explicações do chefe do trem.

Particularmente, chamaram-lhe a atenção três pessoas, mais aflitas e irrequietas que as outras.

 

O primeiro, um senhor careca, de meia idade, que tinha aos pés uma grossa maleta de couro, aproximou-se esbravejando, ao chamado de Frattini.

 

- "Muito prazer, apesar das circunstâncias adversas. Sou André Ricard, inspetor itinerante da Banca Suíça de Credito; trabalho em Lausanne". Fez uma pausa e continuou: - “Que diabo está acontecendo aqui?”

Frattini estendeu-lhe a mão, polidamente, sem fazer comentários.

 

- Sou Geraldo Begliori, de Milão, sou técnico químico, e estou indo para Genève a trabalho - apressou-se em dizer o segundo personagem. Aparentava uns 35 anos, era loiro, magro, rosto escavado, olhos grandes e assustados; sua atitude era mais moderada e conciliatória. Frattini não mexeu um único músculo; Begliori ficou quieto..

 

Por fim, o Comissário deu alguns passos na direção de uma senhora distinta, loira, alta, vestindo um tailleur preto de corte moderno, que lhe caia como uma luva.

 

Tinha idade indefinível - Frattini nunca se atrevia a dar palpites; aprendera cedo, na sua profissão, que não é prudente se manifestar sobre a idade de senhoras que aparentem mais de 35 anos.

Por isso, avançou lentamente, sorrindo e exclamou:

- "Bom dia, Senhora Larousse! Estou feliz em vê-Ia!".

- "Eu também, Ernesto, eu também! Como vai sua esposa?".

- "Está muito bem Senhora, obrigado; vejo que a senhora também está com uma ótima

aparência !...... a Riviera, talvez?”

- "Sim, meu caro amigo, a Riviera, a cada ano mais enfadonha. Hoje em dia só se encontram "nouveaux riches"; uma calamidade, um horror....

 

Reassumindo sua postura oficial, Frattini fez as poucas perguntas que cabiam.

- "Alguém viu ou ouviu alguma coisa anormal, desde a partida de Milão? Alguém notou pessoas suspeitas, ou em atitudes suspeitas, afastando-se do trem, mudando de carro ou de compartimento?

Ninguém notara nada; ou pelo menos, assim dizia.

O comissário não esperava mesmo conseguir informações; acima de tudo porque, observou, o crime tinha sido cometido de uma forma extremamente profissional.

Assim, considerou sem importância o fato de o alarme ter sido dado pelo funcionário que oferecia bebidas gratuitas, de um compartimento a outro.

Incerto sobre o procedimento mais correto, resolveu por fim fechar as cortinas do compartimento e lacrá-Io; mas o tempo necessário para estas providências, custara exatamente os 32 minutos do imperdoável atraso do TEE.275

 

Finalmente o comboio se pôs a caminho, com uma forte aceleração, correndo inutilmente atrás do tempo perdido. Frattini viajava nele, com o seu jovem assistente Poletto, um estagiário, estudante de direito criminal, que trabalhava com ele entre os horários de aulas.

 

O alto falante interno já informava, como sempre em quatro línguas:

-" Próxima estação, Brig" uma pausa e: - "Solicita-se aos senhores passageiros que preparem os documentos" - mais uma pausa e - "haverá vistoria das bagagens..." ­Normalmente, devido ao "status" dos passageiros, a vistoria limitava-se a uma olhada superficial.

Em raras oportunidades os guardas de fronteira cismavam de mandar abrir alguma mala, vexame extremo para pessoas de projeção.

Mas nesse dia as circunstâncias eram muito especiais.

 

 

Logo depois que o trem partiu, os agentes Leoni e Alberti, sob instruções do comissário,. verificaram palmo a palmo mais de duzentos metros de trilhos; depois examinaram a sala de espera, a bilheteria, os banheiros, o depósito de bagagens, enfim todas as dependências da pequena estação.

 

Não tinham a menor idéia do que estavam procurando; mas qualquer coisa poderia constituir um indício, uma evidência, um ponto de partida. Só encontraram um quepe com o emblema da ferrovia, todo amarfanhado, ao lado dos trilhos.

 

O TEE não é um trem barato. Paga-se uma taxa suplementar porque é um trem rápido e outra porque só existe a primeira classe.

 

Os compartimentos luxuosos têm cômodas poltronas de veludo vermelho, portas

elétricas,   iluminação automática; grandes vidros blindados duplos, persianas reguláveis eletricamente, controle perfeito da temperatura; mesmo em alta velocidade, o balanço é suave e agradável.

 

É, decididamente, um trem de alta classe, de elite.

 

Mas é notório que ricos e pobres sentem absoluta necessidade de uma separação. Nenhum deles sente-se a vontade na casa do outro....

 

Por isso, no TEE não se formam aquelas ruidosas brigadas de estudantes em férias ou de operários faladores retomando das fábricas.

 

No TEE viajam poucas pessoas, na maioria de meia idade, de boa posição social, elegantes, discretas, exigentes, seguras de si.

 

Esta clientela selecionada dava ao comissário Frattini uma ligeira vantagem.

 

Eram no máximo umas sessenta pessoas e admitindo-se que o criminoso não tivesse tido tempo para descer do trem, ainda deveria encontrar-se entre elas.

 

O comissário recolheu os documentos e começou a estudá-Ios, um a um, com pouco interesse. Não sabia quem ou o que procurar. Um rosto? Uma profissão?

 

Os documentos pessoais, sabe-se, não conseguem mais transmitir, hoje em dia, informações seguras sobre o seu possuidor.

Aos poucos, banalizaram-se todos os dados pessoais essenciais.

 

Uma senhora pode ganhar dez centímetros, usando um salto alto, ou perdê-los, usando um sapato raso.

 

É tão fácil mudar um penteado, colocar uma peruca ou um topete, aplicar barbas, bigodes, costeletas, que esses disfarces se tornaram mais autênticos que as características verdadeiras.

 

A cor dos cabelos, então, varia de acordo com o dia da semana, a estação do ano e as contingências:- "escureça este loiro platinado, por favor: hoje vou a um enterro"....

 

A cor da pele varia de acordo com a consistência e o matiz das maquiagens usadas: ­"sob os refletores, recomendo-lhe, aplique-me um tom ocre médio, sem brilho, para evitar o devastador "efeito defunto" da minha última entrevista “....

 

O mesmo se dá com os olhos: sombras e reflexos modificam sua aparência, lentes de contato são disponíveis em qualquer cor e são práticas, baratas e descartáveis;

 

Quanto ao peso, duas semanas, entre o inicio e o fim de um programa em qualquer

Spa podem representar de cinco a dez quilos de diferença.

 

Frattini pensava em tudo isto, meneando a cabeça, enquanto folheava os papéis.

Verdade que surgem o tempo todo novos meios de identificar um criminoso (pelo exame do DNA, pela digitalização da pupila, pelas inflexões vocais por exemplo) mas não são meios de que possa dispor um pobre comissário da polícia ferroviária, perdido à entrada de um longo túnel sob os Alpes.

 

Largou os documentos e se dirigiu ao compartimento do crime; queria inspecioná-Io, antes que a polícia suíça tomasse conta do caso.

 

Três noticias esperavam por ele:

 

Primeira: Um e-mail confidencial informava que o casal Gottrich não estava morto. Ambos continuavam bem vivos e animados, à testa de seu lindo hotel em St Moritz . Os documentos haviam sido furtados alguns dias antes e a ocorrência registrada na delegacia de policia da cidade.

 

Quem seriam, então, as duas vítimas? As etiquetas nas malas indicavam que elas pertenciam ao casal Gottrich.

 

Frattini precisava saber com urgência se, junto com os documentos, não teria sido furtado também um jogo de seis malas luxuosas, de couro cinza, que estavam à sua frente naquele instante. Mas já tinha uma forte suspeita que nem as malas pertenciam aos Gottrich.

 

Segunda: Não havia no trem nenhum funcionário encarregado de distribuir bebidas aos passageiros - muito menos gratuitamente; Frattini sabia que os suíços não dão nada sem pagamento; vendem, emprestam, alugam, cedem; barato, baratíssimo até.

Mas de graça, nada, nunca. Deve ser, pensava ele, por motivo religioso... quem sabe?

O comissário achou que a névoa estava se dissipando e sentiu-se aliviado. Agora tinha pelo menos uma idéia sobre o assassino. Se ele não tinha pensado no pormenor da gratuidade, não poderia ser um suíço.

Mesmo sem dispor de outras informações, este era um ótimo ponto de partida.

 

Terceira: Não haveria nenhuma comunicação com a Polícia Suíça, pelos vinte minutos seguintes, através de internet. As microondas não entravam no túnel.. Precisaria esperar até que o trem saísse do outro lado. Era dessa chance que Frattini deveria se aproveitar. Abriria as malas e verificaria o conteúdo. Diante de um problema desses, a lógica é o único caminho - pensava; descobrir o autor, identificar a vítima, deduzir o movente, confirmar o objetivo; tudo como aprendi na escola...mas como? - "Afinal" - disse de si para si mesmo -” diante de dois assassinatos, pode-se passar por cima de hábitos e atitudes usuais".

 

Chamou Poletto, seu fiel estagiário. -"Vou forçar as fechaduras" - disse lhe com ar solene, começando a tentar abrir a primeira mala.

 

- “Espere, chefe eu sei como se faz. Aprendi com meu tio Jorge, a ovelha negra da família..." Tirando do bolso dois ferrinhos curvos, enfiou na fechadura esquerda, primeiro um. depois outro; deu um quarto de giro, voltou, girou de novo   clac! o fecho abriu. Repetiu o processo no outro lado, e a mala estava pronta para ser aberta.

 

Frattini não queria acreditar. A equipe dele não era nada convencional, nem excepcional; e agora incluía até um arrombador!

 

Mas era sem dúvida uma vantagem técnica e evitou fazer comentários.

 

Abriram cuidadosamente a tampa e ambos ficaram surpresos, sem palavras. Encontraram papeis; apenas papeis picados, em pedaços minúsculos. Uma infinidade deles. Nas seis malas, o mesmo conteúdo. Nenhuma roupa, nenhum objeto de uso pessoal.

 

Frattini e o seu auxiliar sentiram-se desanimados, derrotados. Fecharam cuidadosamente as malas e saram do compartimento, lacrando-o de novo.

 

Já podiam ver os títulos dos jornais:

 

"Casal de desconhecidos morto a tiros por desconhecido em trem de luxo. Polícia sem pistas, como sempre"

 

Frattini imaginou que o movente seria droga. Um casal de mulas havia sido contratado para a viagem; tinha desviado a droga e fora eliminado.

As organizações criminosas, contrariamente à Justiça, não são cegas, nem tardias; cobram tudo, imediatamente e sem desconto.

A droga, nesta hipótese, teria ficado na Itália, em Milão.

Domodossola estava livre de suspeitas.

 

Mas logo outra teoria avançou na mente do comissário: e se esse crime fosse apenas uma manobra, para desviar a atenção de algo mais importante? O que poderia ser? Alguma coisa muito grave poderia estar acontecendo em outro lugar – ou mesmo aqui, sob os olhos dele. Os trens de carga que passavam livremente, enquanto ele estava atarefado na solução deste mistério, poderiam estar carregando dezenas de escravas brancas, centenas de extra comunitários, ouro, diamantes, milhares de confecções e sapatos chineses, todos com grifes italianas e francesas, que logo apareceriam nas vitrines de Berna, Genève, Lausanne, Zurich; o contrabando seria logo descoberto e apenas ele, Frattini, seria perseguido, indiciado e condenado... .

 

Logo percebeu que estava delirando. Decidiu pôr os pés no chão. Estava diante de dois assassinatos e não tinha na mão nenhum elemento, nenhuma chave.

 

A menos que...... a idéia que lhe ocorreu de repente era maluca, completamente; mas

quanto mais pensava, mais se lembrava de pequenos detalhes, que vinham completá-Ia, confirmá-Ia.

Voltou rápido com o estagiário Poletto ao compartimento, abriu novamente uma só mala e retirou um dos papeizinhos – apenas um.

Fechou tudo e revisou tudo o que acontecera: A senhora Larousse, o engenheiro Begliori e o inspetor Ricard ocupavam o mesmo compartimento e tinham descido juntos do trem, reclamando pela demora.

 

Se a senhora vinha da Riviera francesa, seu percurso não tinha lógica; o trajeto normal seria por Grenoble, Lion, Geneve; curto, rápido, direto. Um desvio por Milão era pouco plausível.

 

O técnico químico Begliori trabalhava em uma microempresa que produzia desinfetantes, em Milão. Estava em seus documentos. Uma viagem cara como essa não se justificava. E com certeza não teria nenhum negocio a realizar em Geneve.

 

Por fim, o inspetor André Ricard, apesar de itinerante, não tinha nenhum pretexto para uma viagem a Milão. Sua área de trabalho abrangeria Vaud e Freiburg, no máximo. Eram ainda poucos elementos, apenas o essencial, mas o Comissário não podia perder tempo.

 

Faltavam agora poucos minutos para a chegada a Brig. O diretor Fritsche e o Vice comissário cantonal Gerbish estariam na estação, prontos para assumir o controle da investigação; Frattini já podia imaginar o leve sorriso de ironia e satisfação com o qual o receberiam.

 

Frattini sentiu que as chances lhe escapavam da mão e resolveu arriscar tudo. Pediu ao Poletto que juntasse todos os passageiros no carro Dois, deixando no carro Três só as pessoas que entrevistara.

 

A manobra foi completada rapidamente.

 

Juntou fôlego, respirou fundo, e irrompeu no compartimento onde se encontravam a senhora Larousse, o doutor Ricard e o técnico Begliori.

 

Não Ihes deu tempo para pensar, declarando com firmeza e segurança: Senhores, o Estado italiano os acusa formalmente, neste momento, por meu intermédio, de concurso em duplo assassinato em primeiro grau e de contrabando de drogas! Estão presos, em nome da Lei!

 

Os dois homens ficaram primeiro estupefatos, depois reagiram com violência, mas por fim mostraram-se assustados. Imaginaram logo que o Comissário devia estar com algum grande trunfo na mão e começaram a se perguntar onde haviam errado.

 

A senhora Larousse sofreu - ou simulou - um oportuno desmaio e ficou deitada numa poltrona, mas estava evidentemente destruída.

Acabaram confessando em poucos minutos, enquanto se recriminavam mutuamente pelo insucesso.

Frattini não deixou espaço. Queria uma versão completa do que tinha acontecido, de verdade.

- Compramos cinqüenta quilos de cocaína em Milão - disse o André Ricard, o inspetor. ­mas a máfia deu-nos só três dias para fazer o pagamento. Tínhamos que vendê-Ia imediatamente.

- A senhora Larousse contratou um casal de escroques, que viajavam com documentos furtados, para carregar a droga até Genève.

- Não tínhamos confiança neles - continuou ela - assim viajamos no mesmo trem, para vigiá-Ios.

- Fui ver se estava tudo bem - prosseguiu Begliori, mas vi logo que as malas não eram as mesmas. Eles disseram que tinham ficado com medo de carregar a droga através da fronteira. Tinham então deixado as malas no depósito de bagagens da Estação Central de Milão. Pedi explicações e eles riram de mim. Percebi que estávamos na mão deles. Perdi a cabeça e atirei neles.

- Foi um duplo erro - declarou o Comissário - porque a droga estava efetivamente naquelas malas...

- Mas como? - perguntou abismado o estagiário - nós dois vimos, que havia só papeis picados nelas!....

 

- Sim, concluiu Frattini.- só papeis picados, mas todos impregnados de cocaína; basta aquecê-Ios um pouco, e se obtém de volta os cinqüenta quilos de droga!....Essas “mulas” eram bem mais espertas do que vocês pensaram....

 

O TEE 275 estava entrando lentamente na estação de Brig.

 

Como previsto, o Diretor Geral Fritsche e o Vice-comissário cantonal Gerbish estavam de pé na plataforma, com seus uniformes e aguardando para saborear o momento de glória.

 

Frattini desceu com os três criminosos algemados e explicou rapidamente a situação. Setenta e cinco segundos depois, o Expresso TEE 275 retomava a viagem, agora com "apenas" 12 minutos de atraso.

 

"Inconcebível! Absurdo!" vociferava o diretor Fritsche; mas no fundo, sabia que este atraso era, na realidade, uma vitória. Uma vez mais, a Administração Conjunta das Ferrovie dello Stato e da Shweizerische Bundes Bahn podia orgulhar-se de seus funcionários, de seus policiais, e de sua impecável atuação.

Um atraso compensador!

 


Autor: Romano Dazzi


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