DA MIOPIA À INOVAÇÃO
ROGÉRIO TOBIAS
Vivemos num mundo em que a incerteza é a nossa grande companheira Muitas empresas já aceitam o fato de que as mudanças são inexoráveis. Diversos empresários, no entanto, acomodam-se tranquilamente em suas salas e acreditam que tudo está sob controle.
Posso observar que a visão míope de muitos executivos ou proprietários tem sido uma passagem que leva suas empresas à bancarrota. Eles crêem que as vendas estão boas, os clientes continuarão comprando e o faturamento continuará alto. Muitos cultivam ainda a irrefreável vontade de tomar decisões repetitivas. Têm dificuldades de ver adiante, como se faz no jogo de xadrez, em que cada decisão é tomada agora, mas, já se pensando numa jogada muito mais à frente.
É grande o número de pessoas que só pensam curto prazo. Não fazem investimentos de longo alcance, estão desatentos às mutações do mercado e não identificam as ações ameaçadoras praticadas pelos seus concorrentes. No plano tático e operacional, diversas deixam de treinar suas equipes, não fazem adequações em seus pontos de vendas, mantêm um nível de atendimento aos clientes apenas razoável e ainda ficam fora das novas competências demandadas.
Executivos de empresas vitoriosas raramente se descuidam do processo de inovação. Eles estão constantemente atentos aos próximos passos que terão que dar. Equipes de vendas competentes, do mesmo modo, não ficam sem um grau de estresse. Elas sabem que o excesso de confiança o marasmo e a mentalidade baseada em certezas absolutas, sempre se apresentam perigosas.
A cada momento o mercado exige mais inovações e valor agregado em tudo o que se oferece aos clientes. Quem proporciona mais rapidamente as novidades consegue mais facilmente a atenção dos clientes e isso pode ser definitivo no processo de atração e fidelização.
Terão sucesso as empresas que perceberem e souberem lidar com o novo. Torna-se fundamental dar espaço às transformações e, em especial transmitir a todas sãs equipes uma visão positiva dos acontecimentos, fazendo delas estruturas armadas para o imprevisto.
Alguém me perguntou recentemente onde, neste cenário de incertezas, coloca-se, o tão propalado planejamento estratégico de marketing? Respondo que esse instrumento é verdadeiramente uma das ferramentas de gestão mais poderosas das organizações. Ele tem, porém, a capacidade de reduzir o grau de incerteza, mas, nunca de eliminá-la totalmente. Sem ele o ofuscamento da realidade seria ainda maior.
O planejamento de marketing conduz a uma visão mais longa, mais abrangente e mais ousada sobre o futuro. Ele nos mostra que as mudanças, muitas vezes vestidas de ameaças, necessitam ser entendidas como oportunidades a serem transformadas em estratégias e táticas para a organização.
Cada vez mais se torna questão sine qua non utilizar as ferramentas certas, desenvolver uma mente empresarial disciplinada, sintetizadora, criadora, respeitosa e ética para se enxergar o futuro.
A miopia pode ser vista como uma enfermidade empresarial. Deve ser curada com a prática de exercícios de alongamento de visão, com processos de sensibilização para as mudanças e com porções fortes e diárias do "elixir" da percepção estratégica.
Ao levantarmos a cabeça e erguermos os olhos, as barreiras se apresentarão menores e isso nos permitirá caminhar à frente.
Somente poderíamos parar de inovar se os clientes obstruíssem as suas necessidades, refreassem os seus desejos e abolissem os seus sonhos, o que não deverá ocorrer! Por isso navegar preciso...
Gosto do pensamento de Laurence Durrel quando defende: "Somos frutos da paisagem em que vivemos; ela dita nosso comportamento e até nossos pensamentos, na medida em que reagimos a ela".
Autor: Rogério Tobias
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