O Pequeno Carvoeiro
ele é obrigado a ter mãos de adulto.
Que a conseqüência de um furto,
a pobreza vai trazer.
Nada de armas,
nada de guerras.
Só tens a fumaça
e até ela está a te trair.
Mas parece que ele tem esperança,
de um dia ser criança,
mas não a esperança
de um futuro de elegância,
do qual ele nunca poderá ter.
Mas para quê ser criança,
se podemos morrer agora,
sem esperar o agora e nem o nunca,
aquele que não existe e nunca existirá.
Mas, por enquanto, sou apenas criança,
com pulmão de doente,
sem dente e sem pente,
sem nada e sem tudo,
sem pulmão e sem coração.
Sem existência e sem consciência,
naquilo que faz,
sem fazer,
naquilo que pensa,
sem agir.
Pois, ele não acredita no futuro,
não por não acreditar,
mas pelo medo,
de um dia estar preso,
a um caixão sem fumaça e nem ar.
Autor: Letícia de Lima Viana
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