REAPROPRIAÇÃO DE CONCEITOS



Muito além de serem simplesmente retomados, muitos conceitos históricos e filosóficos válidos em um determinado contexto histórico são reinterpretados a fim de respaldar, justificar ou até mesmo servir como cerne de uma ideologia moral, social, econômica, artística, etc. Os movimentos "neos"[1] são os melhores e mais visíveis exemplos disto, porém estão longe de serem os únicos. A reapropriação de conceitos[2] ocorre muitas vezes de forma mascarada, ou simplesmente não há a apropriação do conceito em si, mas a reapropriação da imagem[3] do conceito. Ou seja, uma época, um contexto histórico, com suas regras, suas ideologias, retoma e colore com suas nuances a imagem que ele mesmo criou de outro contexto de forma a construir e sustentar os pilares de si mesmo.

Por conta disto a tarefa do historiador multiplica-se em dificuldades. Ao estudar, por exemplo, o platonismo[4] e sua influência nos diversos contextos, é complicado se chegar à compreensão deste sem conhecer minimamente a obra platônica e seu significado para o meio da qual foi fruto. Caso não haja o devido cuidado em levantar tal questão corre-se o risco de haver a confusão entre a reapropriação e o conceito original, além de comprometer a compreensão do período analisado.

Pierre Bourdieu, sociólogo francês do século XX, destaca a importância de "compreender o compreender[5]", ou seja, compreender os trabalhos realizados e os conceitos surgidos em uma época a partir da própria época, a relevância e o significado de determinadas categorias dentro do próprio meio que as constituiu. Cada conceito, cada categoria se define como produto de um meio social. Assim, a apropriação de um conceito por um meio não é possível, pois não há a apropriação do conceito em si, mas sim da imagem do conceito. Imagem esta que é produto do contexto histórico que realiza a reapropriação de acordo com suas aspirações. Bourdieu polemiza a discussão ao escrever As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário ao questionar a idéia já cristalizada de que a produção artística e o artista não devem ser historicizados, pois, segundo os defensores da idéia, fariam parte do âmbito a-histórico, atemporal ou eterno[6]. Mas, pelo contrário, são frutos também de seu meio. Por isso, não à toa, esta obra foi considerada por muitos intelectuais transgressora, polêmica e impertinente. Ao questionar a produção artística e a criação do artista a idéia de Gênio criador todo poderoso é desmistificada, não somente no meio artístico, mas em qualquer meio de produção que se proclame o Gênio criador como um ser a parte, uma exceção dentro do mundo humano. Antes disso o gênio criador também é fruto de seu meio, da ação humana. Afinal de contas o próprio conceito de Gênio tem sua especificidade, é válido enquanto categoria historicamente definida.

O artigo aqui exposto propõe um aprofundamento do conceito de contemplação artística, a arte pela arte[7], a partir da idéia de reapropriação de conceitos. Assim, utilizando-se das questões abordadas por Pierre Bourdieu em As regras da arte será realizada a apresentação do conceito de contemplação artística em sua origem filosófica[8], de forma a ser estabelecida a análise da idéia que ainda nos é contemporânea de "arte pela arte". Como o conceito original foi reapropriado, abordado, suas semelhanças e diferenças com a forma reapropriada, com sua imagem. Para isso, em primeiro lugar, deve-se fazer vir à tona a compreensão do conceito de contemplação filosófico nos termos platônicos, pois foi justamente ele que o meio artístico do século XIX retomou[9]. Por conseguinte, muitas questões serão suscitadas, o papel da história em quebrar e construir paradigmas, a possibilidade ou impossibilidade de alguma forma universal de conhecimento, a ação humana, os sujeitos históricos, etc.

Apesar de ser uma exposição breve, espera-se que contribua de alguma forma para o fomento de tais questões.

O conceito de contemplação platônico

"A condição humana implica a faculdade de compreender o que denominamos idéia, isto é, ser capaz de partir da multiplicidade de sensações para alcançar a unidade mediante reflexão. É a reminiscência do que nossa alma viu quando andava na companhia da divindade e, desdenhando tudo o que atribuímos realidade na presente existência, alçava a vista para o verdadeiro ser.[10]"

"Graças à invenção das purificações e das expiações, o delírio preservou seus participantes de calamidades presentes e futuras, com ensinar ao homem verdadeiramente inspirado e possuído a maneira de libertar-se dos males do momento. A terceira manifestação de possessão e de delírio provém das Musas: quando se apodera de uma alma delicada e sem mácula, desperta-a, deixa-a delirante e lhe inspira odes e outras modalidades de poesia que, celebrando os numerosos feitos dos antepassados, servem de educar seus descendentes.[11]"

O filósofo grego Platão, nascido em 427 a.C e falecido em 347 a.C[12] expôs sua idéia de contemplação da Verdade em seu diálogo Fedro. Estes pequenos trechos acima transcritos exemplificam bem o conceito elaborado pelo filósofo. Apesar de serem curtos não devemos nos enganar acreditando não haver muito a se analisar.

Dentro da filosofia platônica o homem é entendido como a expressão de um desejo, o desejo de ser divino. Assim, a condição humana seria a mais triste entre todos os seres, pois sendo desejo o homem nunca se sentirá completo, desejando sempre a Verdade divina que um dia sua alma vislumbrou. Apenas quando a alma conseguir contemplar novamente a realidade do Ser ela finalmente encontrará repouso e sossego, estará completa. Por entender a alma humana – universalmente falando – como desejo do divino[13], toda a filosofia elaborada por Platão será constituída de forma a promover a "realização deste desejo". O filósofo platônico é aquele que superou a condição humana de desejo do divino, pois é o único que através da reflexão transcendeu a si mesmo.

O divino é imutável, universal, eterno, atemporal e, portanto, sem história. Aquele que compreende o Uno, o eterno, é o filósofo[14]. Toda alma humana contemplou a Verdade universal, senão não teria adquirido a forma humana, mas se esqueceu do que havia vislumbrado, por isso passa toda sua vida com a sensação de faltar algo. A cultura nasce junto com este desejo, é o reflexo da busca do homem em se distanciar do animal e atingir o divino[15]. Contudo, a cultura acaba por "prender" o homem em seu próprio ego na medida em que ela introjeta na alma outros desejos que não são o do divino. Alcançar o divino implica alienar o Eu, e esta alienação acaba por causar o medo da não existência, como uma espécie de "morte" da alma. Porém, na visão platônica esta alienação não é a morte da alma, mas sim a vida, somente a visão da Verdade a alimenta e a faz crescer. Com medo desta "morte" os homem foge da reflexão filosófica, porém, não consegue apagar de dentro de si o desejo de se sentir completo, então busca esquecer-se de sua tarefa de superar a si mesmo projetando sonhos, metas e desejos passageiros dentro do mundo humano formado pela cultura.

Desta forma o homem deveria aplicar todas as forças de sua razão na tentativa de superar tal condição. O mundo humano formado pela cultura e todos os seus símbolos e valores constituem uma barreira à contemplação da Verdade imutável. Pois este mundo construído pelo homem é múltiplo, mutável, perecível, temporal e, portanto, histórico. Aquele que consegue ver além da multiplicidade do mundo humano e alçar-se á visão da Unidade universal, que não está fora ou dentro deste mundo, mas que o transcende é o filósofo. Após um longo trabalho de reflexão sobre o mundo que o cerca o filósofo constata a artificialidade da cultura a sua volta e passa então a procurar por algo eterno, contrário ao âmbito humano, alguma forma de preencher o vazio causado pela falta do divino.

Depois de muita reflexão o filósofo finalmente se depara com a beleza, com o Belo. A verdade lhe é revelada através de um delírio divino, uma espécie de loucura, onde sua alma liga-se novamente ao Ser verdadeiro e, assim, lembra-se do que havia contemplado antes de tornar-se homem. È exatamente neste ponto que se insere o delírio das Musas, ou a inspiração poética, artística. Na concepção platônica a Verdade divina é revelada através de algum tipo de delírio divino proporcionado por alguns dos seguintes deuses: Apolo (oráculo, adivinhos), Dionísio (embriaguez), Eros (amor erótico) ou Musas (delírio poético). Durante o delírio a alma humana experimenta a sensação de plenitude e liberta-se dos males causados pelo mundo construído pelo homem. A poesia, bem como toda produção artística, quando produto desta espécie de delírio é um instrumento para o homem lembrar-se do divino e, assim, livrar-se dos males que o cometem. A arte que se presta a este serviço é produto da inspiração divina do artista, e não de uma técnica aprendida[16].

A técnica artística ensinada pelos homens não passaria apenas de um aguçamento dos sentidos, a fim de permitir a captura pelo artista de uma realidade humana mutável e perecível, e que, além disso, contribui para a manutenção da condição humana de ser errante e incompleto, já que está inserida no mundo cultural. A verdadeira arte não seria, portanto, resultante de uma técnica artística, mas da inspiração premiada pelos deuses àqueles considerados dignos da possessão divina, da visão da unidade universal, eterna e imutável.

No contexto histórico no qual a filosofia platônica nasceu já se apresentaram as críticas, as oposições e os admiradores desta concepção de mundo. Platão constitui-se em um ferrenho opositor à sociedade que lhe era contemporânea, vendo na cultura existente a decadência do ser humano. A partir da morte de seu amigo e mestre Sócrates pela justiça ateniense o filósofo pertencente à alta aristocracia ateniense chega a conclusão de que aquela sociedade que o circundava não era mais que um obstáculo à virtude, à sabedoria entendidas como o conhecimento do Belo, do Bom, do Justo, do simples, enfim, do Ser verdadeiro e universal.

O Eu, existindo somente dentro do mundo cultural, deveria desaparecer, pois ele somente se define em relação a outros "Eus". Enquanto o homem ver-se como um ser a parte do Universo estará condenado a padecer na multiplicidade das coisas humanas. Quando constatar seu pertencimento à Unidade o Eu desaparecerá, pois era apenas mais um produto do meio cultural[17].

Deste modo, ao referir-se à transcendência do tempo e da história pelo homem através da inspiração artística, o conceito de contemplação platônico sugere, antes de tudo, a transcendência do próprio homem enquanto ser cultural.

A arte pela arte: um conceito do século XIX

O século XIX, o conhecido século da ciência, marca a especialização do conhecimento. Segundo Pierre Bourdieu é neste período que se constituem os campos do conhecimento, campo literário, campo das ciências naturais, campo artístico, etc. Cada campo têm suas regras, princípios e hierarquias, produz seus símbolos e possui seus princípios de organização[18]. Para Bourdieu a ruptura, a autonomia do campo resultava do esforço por parte de alguns criadores em romper com as formas de dependência social e econômica.No seu livro, As regras da arte, concentra-se na Crítica ao campo artístico, pois este, mais até que os outros campos do conhecimento, reapropria-se do conceito filosófico de contemplação do Belo eterno com o intuito de se constituir em uma exceção dentro do mundo humano. Para Bourdieu a arte é produto do campo artístico e, como campo do conhecimento, também é fruto da ação humana.

O artista é, em grade parte, o produto espiritual da função que tem na vida da sociedade, ele é um veículo de influenciação[19]. Desde as pinturas da pré-história a expressão artística cumpria uma função social, em cada época e sociedade ela aparece refletindo e idealizando a cultura a que pertencia. Por isso, ao contrário do que dizem os artistas a partir do século XIX, a arte desenvolvida por eles não é uma forma universal de conhecimento que transcende à história, mas sim fruto de um contexto social ao qual o próprio artista se constitui como "ator social[20]".

O objeto artístico até o século XIX era acima de tudo um objeto de utilidade prática. Um exemplo é a arte medieval, antes de ser um enfeite, tinha uma função educativa no sentido religioso, através das imagens a Igreja levava a cristandade às multidões iletradas. Na Grécia Clássica o vaso, o armamento também eram objetos artísticos porque a sociedade o exigia. Assim, o artista e o artesão eram protagonizados pelo mesmo ator social, não havia a separação das duas categorias. A função prática da obra de arte era tão evidente e sua absorção na missão a cumprir tão total, que a pessoa do seu produtor se desvanecia totalmente[21]. A idéia de Gênio criador não fazia parte da mentalidade daquelas sociedades, pois este conceito somente é possível dentro de um mundo individualizado como o que se consolidou no século XIX. Para o mundo précontemporâneo seus poetas e artistas nada tinham de genial em si, os momentos racionais e artesanais sobrepõem-se aos irracionais na sua produção.

O desenvolvimento do conceito de arte inútil, de arte pela arte, ocorre com o fomento de uma sociedade onde os valores burgueses são regentes. Na tentativa de superar tais valores os artistas do XIX buscam a separação ou transposição desta sociedade, contudo não percebem que ao fazerem isto estão na verdade seguindo a característica fundamental deste contexto: a individualidade. Ao ser constituído o campo artístico reapropriam-se do conceito de contemplação platônica para justificar a idéia de arte pela arte. Como a arte neste período perde sua função prática os indivíduos passam a questionar e a buscar então uma finalidade para o objeto artístico. A partir daí os conceitos platônicos são retomados, porém com uma roupagem própria do século XIX. Para aqueles que defendem o conceito de arte pela arte o objeto artístico é produto de uma forma inefável de conhecimento, ou seja, escapa ao conhecimento racional humano. Além disso, atribui-se a si mesmo o status de ser transcendente à história, de estar fora do tempo e do espaço, de ser eterno, por isso é sagrado e impassível de qualquer análise pautada no conhecimento humano temporal, ou seja, histórico.

Desta forma Bourdieu vai criticar justamente este conceito defendido por muitos artistas, e filósofos, de arte pela arte. A arte não é uma exceção dentro do mundo humano. E esse tipo de análise que pretende levar em conta somente o universal e a essência sem considerar a historicidade esquece as condições sociais e as categorias históricas que permitiram o aparecimento do objeto artístico. Essa estética que Bourdieu chama formalista apenas pretende conhecer a forma, visando reduzi-las a um contexto social contra o qual se constitui, quando na verdade a obra de arte não é nada mais que a maneira propriamente artística de ver o mundo. Inserido nesta concepção de valor universal da arte a figura do artista é entendida como o "criador" dotado de imaginação, de inspiração quase divina que torna o objeto artístico real e singular. Mas, contrariando esta idéia de gênio criador, Bourdieu mostra que o artista também é fruto de um meio social, ele é "um ator social" construído historicamente, bem como o campo artístico ao qual este ator pertence. As idéias formuladas em nome da universalidade e do julgamento absoluto acabavam levando à negação da relatividade dos pontos de vista. Cabe à história não simplesmente relativizar tudo, mas tornar possível a redescoberta da verdade histórica contida na arte que foi mascarada, por assim dizer, pelos elementos tidos como universais. Segundo Bourdieu não é possível transcender a história sem conhecê-la. O papel da história é, portanto: "possibilitar um pensamento das condições sociais do pensamento que dê ao pensamento a possibilidade com relação a essas condições[22]".

Conclusão

Conclui-se afinal que o conceito de contemplação do Belo desenvolvido por Platão na Grécia Clássica do século IV a.C é reapropriado pelo campo artístico do século XIX com um sentido novo. Para aquele o delírio divino não era penas a transcendência da história ou do tempo, mas a transcendência do próprio "Eu" humano cultural. Enquanto que para o sentido atribuído pelos artistas do século XIX a este conceito de contemplação, a transcendência histórica da arte é dada com objetivo não da sua eternização, mas da sua imortalização[23]. Ou seja, o que eles pretendem alcançar não é o delírio divino platônico através da arte, mas a sua perpetuidade e singularidade dentro do próprio mundo humano. A contradição, portanto, está posta, pois pertencendo ao mundo humano ela é mutável, temporal e histórica. Mesmo se um determinado objeto artístico adquirisse a perpetuidade na história, sua imortalidade, cada sociedade em cada época o veria, o interpretaria de acordo com o contexto vigente. Além disso, o próprio conceito de Gênio criador choca-se com o conceito platônico, pois a existência de um gênio pressupõe um "Eu", enquanto que no delírio proporcionado pelos deuses a alma do artista funde-se ao Ser, alienando o "Eu" humano cultural.

Por conseguinte, vê-se o quão se deve ser cuidadoso ao analisar conceitos reapropriados de um contexto histórico por outro, deve-se perguntar por que determinados conceitos históricos e filosóficos são retomados, reinterpretados, a fim de não haver confusão nas interpretações.

BIBLIOGRAFIA:

ARENDT, Hannah. A condição Humana. 10ª.ed. Tradução de Roberto Raposo; introdução de Celso Lafer. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2008.

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. Tradução de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

CHARTIER, R; LOPES, J.S.L. Pierre Bourdieu e a história. Em 30 de abril de 2002, a convite do programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ. A transcrição deste debate foi feita por Ana Luiza Beraba e Virna Vírginia Plastino. Topoi, Rio de Janeiro, 2002, PP. 139-182.

HAUSER, Arnold. A arte e a sociedade. Editora Presença.

NIETZSCHE, F.W. Assim Falava Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém. Tradução Ciro Mioraza. São Paulo, SP: Escala.

JAEGER, Werner, 188-1961. PAIDÉIA: A Formação do Homem Grego. Tradução Artur M. Parreira; [adaptação do texto para edição brasileira Mônica Stahel; revisão do texto grego Gilson César Cardoso de Souza] 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

PLATÃO. Fedro. São Paulo: Martin Claret, 2005.

___. Diálogos de Platão. Coleção Amazônica / Série Farias brito. Vol. V. Fedro – Cartas - Último Alcibíades. Tradução de Carlos Alberto Nunes.Belém, PA: Universidade Federal do Pará, 1980.


[1] Pode-se citar Neoclassicismo (século XVIII), Neoliberalismo (século XX), Neonazismo (século XX), etc.

[2] Em 2008 a Prof. Dr.ª Helenice Rodrigues, professora do departamento de História da UFPR, organizou um evento na mesma universidade onde o foco principal foi a referida questão. É a partir deste viés analítico que realizei este estudo.

[3] Imagem aqui entendida como senso comum.

[4] Alguns autores marcam o nascimento do platonismo com a filosofia elaborada por Aristóteles, discípulo de Platão, segundo esta visão a referida filosofia seria já a primeira interpretação da filosofia platônica. Ver Werner Jaeger, Paidéia: A formação do homem grego (p.580).

[5] "Compreender o compreeder" é o título da terceira parte do livro As regras da arte de Pierre Bourdieu. Nesta parte o autor foca sua análise no papel da história na compreensão da obra de arte como produto de um contexto histórico, é Teoria de História propriamente dita.

[6] Esta visão esta presente nos dias de hoje, por isso é considerada uma obra polêmica, pois é sempre complicado questionar os valores de seu próprio contexto histórico. (Resumo da contra capa de As regras da Arte.

[7] A arte, segundo esta visão,não deve ter utilidade, mas sim servir como deleite à visão.

[8] Foi tomada como origem a visão platônica, pois na tradição chamada Ocidental são as obras de Platão os pilares da idéia de contemplação como bem supremo. Plotino (século II d.C), sendo um dos sucessores de Platão na Academia foi ocultado neste artigo porque sua filosofia se pauta na visão platônica (p.582 Paidéia, JAEGER).

[9] BOURDIEU, Pierre. As regras da arte p.329.

[10] PLATÃO. Fedro p.60.

[11] Ibidem p.54-55.

[12] PLATÃO. Fedro. Bibliografia do autor. Martin Claret. p.11.

[13] Esta idéia também aparece na obra de Nietzsche, pois este entende o homem como uma "ponte" para o superhomem, "o homem é alguma coisa que deve se superar" (p.41 Assim falava Zaratustra).

"Anseio metafísico da alma platônica pela Idéia" (Paidéia, Jaeger p.171).

[14] "O seu 'filósofo' não é exatamente um professor de filosofia, que se arrogue um título destes, baseado nos conhecimentos que tem da sua especialidade (τεχνύδριον). E ainda menos é um "pensador original", pois não seria possível existirem simultaneamente tantos pensadores quanto os 'filósofos' de que Platão precisa para governar o seu Estado"(Paidéia, Jaeger: p.848).

[15] "A existência das coisas como tais, a individualização, seria um pecado original, uma sublevação contra o princípio originário eterno, pela qual as criaturas teriam de padecer uma pena" (p.201). Livro Paidéia de Jaeger, aqui o autor retoma as interpretações místicas sobre o mundo humano.

[16] "O diálogo de Platão representa, segundo ele, um novo gênero artístico, uma manifestação intermediária entre a poesia e a prosa" (Paidéia, Jaeger: p. 502). Platão ao inaugurar a Academia dedica-a às Musas, mesmo tendo queimado suas poesias ao conhecer Sócrates posteriormente ele descobre uma forma de escrever em prol da filosofia como a entendia.

[17] "O Eros nasce do anseio metafísico do Homem por uma totalidade de Ser, inacessível para sempre à natureza do indivíduo" (Paidéia, Jaeger: p.732).

[18] A ideia de campo é marca na obra de Bourdieu, como lembraram Roger Chartier e José Sérgio Leite Lopes em um debate na UFRJ no dia 30 de abril de 2002 (p.141)

[19] HAUSER, Arnold. A arte e a sociedade p.118.

[20] BOURDIEU, Pierre. As regras da arte p.325.

[21] HAUSER, Arnold. A arte e a sociedade p.127.

[22] BOURDIEU, Pierre. As regras da arte p.347.

[23] ARENDT, Hannah. A condição humana. A autora diferencia os conceitos de eterno e imortal usando para representá-los duas figuras, a saber: o primeiro seria um círculo, pois não possui começo nem fim e fecha-se em si mesmo e o segundo uma linha contínua.


Autor: Francieli Ferreira Pontes


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