A saga do amor



A saga do amor

 

 

O dia-a-dia insinuava-se com muita naturalidade, quase perfeito... Eu acordava bem cedinho, rendia-me aos seus beijos, você tão apressado, largava-me sem pestanejar. Na minha sã e consciente alma, desculpava-o e corria para as atividades.

Nas mãos a candura para dedilhar os afazeres com a esperança de tê-lo por inteiro por todos os dias de minha vida. Cozinhava o pensamento duvidoso, prendia os meus filhos no ventre, varria a tristeza da alma, lavava a desesperança, limpava a nebulosa nuvem do pensamento. Tecia o entardecer, era a esperança que invadia e exigia a farsa mais perfeita. O coração enfeitiçado, embriagado, sedento de amor. A espera era longa, nas estradas da vida, mesmo estando tão perto, outras emoções te expulsavam de mim. Retorna, e a distância não o deixava perceber o brilho dos meus olhos, o meu sexo pulsar, o carinho e cuidado que dispensava, também já era muito tarde e só as corujas enxergam tão bem na escuridão. Certamente, a menina do seu olho estava trilhando outros cantos da vida que o impedia de deliciar-se do meu mel, e assim o seu corpo já estava saciado, relaxado, cansado... Meras denúncias de sua insensatez.

Em outros dias, já muito tarde, fingia dormir. No silêncio, esperava você por inteiro bem junto a mim, chuveiro ligado, escorria-lhe pelo corpo a espuma com o suor e o cheiro, impossível segredar as nuances do prazer. E assim, quando tocava o meu corpo rejeitava as minhas entranhas, pois já eram tão estranhas, ou quem sabe distante de tudo que desejava ter.

Mesmo assim, eu zombava da minha insegurança, revestia minha alma com a força do amor, mil desculpas.

Como ainda era noite, entregava-me a tudo, afinal, acreditava que só no campo havia ervas daninhas... Acalentada, dormia com a esperança de estar sonhando e que logo, logo tudo voltaria ao normal.

Amanheceu, e com o clarear do dia percebi que estava completamente despida... Despida dos valores, amores, de tantos pudores e desprotegida segui ao encontro de um novo amor.

 


Autor: Natividade Almeida


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