Descontinuidade Das Exportações Do Distrito Federal Entre 2001 E 2005



DESCONTINUIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO DISTRITO FEDERAL ENTRE 2001 E 2005

Autora: Mayana Ramos Machado – Profissional de Relações Internacionais e Comércio Exterior ([email protected]).

RESUMO:
A internacionalização de empresas é um processo que não se resume apenas a venda de um produto ou serviço para o exterior. É um trabalho que exige da empresa observar questões como estratégias de marketing internacional, aspectos culturais, barreiras à exportação, logística, entre outros.
O artigo tem o objetivo de apresentar as razões que contribuíram para que as empresas do Distrito Federal tivessem suas exportações interrompidas.
Palavras – chave: estratégia, internacionalização, marketing, planejamento, plano de marketing, internacionalização, e micro, pequena e media empresa.

INTRODUÇÃO
Para as empresas, exportar normalmente significa maior rentabilidade das operações, maior produtividade, diminuição da carga tributária, redução da dependência das vendas internas, experiência pela atuação em outros mercados, estímulo para aumentar a eficiência e a competitividade, aperfeiçoamento de recursos humanos e dos processos internos, além de mitigar riscos, LEONARDO JR (apud Amorim, 2005).
Porém, antes da entrada do produto ou serviço em um determinado mercado, a empresa deve observar algumas questões como marketing, canais de comercialização, aspectos culturais, marcas e patentes, apoio jurídico, entre outros. Segundo Palácios e Sousa (2004), o planejamento, no marketing internacional, garante que a empresa consiga preparar-se melhor para enfrentar e vencer nos mercados internacionais.
Ao ingressar no mercado internacional, é preciso que o empresário tenha em mente que mais importante do que realizar a venda é reter o mercado. No entanto, a alta taxa de mortalidade de empresas brasileiras pode refletir no lento crescimento e baixa participação do Brasil no mercado externo.
O cenário internacional mostra que as empresas brasileiras não estão conseguindo acompanhar a velocidade com que o comércio exterior vem se desenvolvendo. Isso é refletido nos números que em 1984 indicavam que o Brasil se alinhava, em termos de volume de exportação com países como China, Coréia do Sul, México, Espanha, Suécia e Suíça. Em 1994, esse alinhamento desapareceu, dando origem ao aumento das exportações desses países em relação ao Brasil. A Coréia do Sul triplicou seu volume de vendas, a China aumentou aproximadamente cinco vezes mais, o México duplicou, e os parceiros europeus mais do que dobraram suas exportações em relação ao Brasil.
O Distrito Federal - DF, centro de decisões políticas, é uma das unidades federativas que menos exporta no país. No período de 2001 a 2005, uma média de 36,4 empresas exportou por ano, entre elas pessoas físicas e grandes empresas que têm apenas filial em Brasília. Neste mesmo período, 21 (vinte e uma) micro, pequenas e médias empresas interromperam sua atuação na seara internacional, apresentando inconstância nas suas exportações. (informação baseada nos dados da Secex).
A falta de planejamento estratégico por parte das empresas que exportam e o alto valor do transporte de produtos brasileiros contribuem para que as empresas do DF interrompam suas exportações.
As empresas devem encarar o comércio internacional como um processo de aprendizagem que envolve aspectos mais abrangentes do que a simples localização de um produto no exterior.
O Brasil é um país que precisa manter suas exportações para gerar divisas e sustentar seu crescimento econômico. Deste modo, para empresas brasileiras se manterem no mercado externo, elas precisam ser bem-sucedidas (tanto no mercado doméstico quanto no internacional). Necessitam centrar-se fortemente no cliente e ser muito comprometidas com o marketing. Ele é a função dentro de uma empresa que identifica as necessidades e os desejos do consumidor, determina quais os mercados-alvo a que a organização poderá servir melhor e planeja produtos, serviços e programas adequados para servir a esses mercados (SOUZA, 2000).
Urban e Star (1991) afirmam que, quando as necessidades são satisfeitas por meio de eficazes programas de marketing, uma vantagem competitiva, a longo prazo, pode ser atingida, e metas financeiras alcançadas. Os autores mencionam que o desenvolvimento de uma estratégia de sucesso é vista como um processo que implica uma análise estratégica anterior à adoção dos planos ou programas de marketing. Essa análise permite que a empresa tome decisões e formule uma estratégia amparada em bases sólidas.
A inconstância do desempenho exportador do DF precisa ser analisada para identificar a questão da prática das estratégias de marketing internacional em empresas exportadoras brasileiras, identificando as razões da sua descontinuidade no mercado internacional para, acertadamente, contribuir para o delineamento de diretrizes em desempenhos futuros.

Identificação das MPMEs e Limitações da Pesquisa
Todos os dados utilizados para esse trabalho foram oficiais. Foram estudadas as listas das empresas exportadoras do Distrito Federal de 20001 a 2005. Dessas listas foram selecionadas todas as que não constavam em todos os anos. Vale ressaltar que as empresas que constavam apenas na lista de 2005 não participaram dessa pesquisa tendo em vista que não tinha como avaliar se ela manteria ou não suas exportações contínuas deste ano em diante. Pessoas físicas, tradings, instituições governamentais e empresas que não se enquadram nos requisitos de MPM empresas também não participaram desse estudo. Desta forma, apenas 21 (vinte e uma) empresas foram selecionadas para participar da pesquisa. Sendo que das 21 (vinte e uma), não foi possível identificar os endereços de 5 (cinco) empresas, apesar de muita procura e viagens ao endereço disponibilizado na Receita Federal. Três (3) fecharam e não houve sucesso em localizar seus proprietários, sendo que uma é de Goiânia e a outra foi localizada, mas as vezes que foi contatada o responsável não estava presente. Duas (2) não pararam de exportar desde que começaram, o que significa que apesar dos registros na SECEX apontarem que a empresa exportou uma vez, ela não contabilizou os anos seguintes que essas empresas exportaram. Acredita-se que elas fizeram Declaração Simplificada de Exportação e consequentemente não entram na balança comercial do DF. Esse dado mostra que as empresas que usam DSE não são contabilizadas pela SECEX, o que distorce os dados estatísticos apresentados pelo governo. Uma (1) das empresas selecionadas é importadora de componentes eletrônicos e sua exportação deve-se a devolução de produtos defeituosos que eles importaram. Duas (2) empresas, apesar de terem entrado em contato, não foi possível localizar o proprietário que nunca estava presente no estabelecimento ou nunca podia atender. Uma (1) não exporta por Brasília. Neste caso, restaram apenas sete empresas para serem entrevistadas.
É importante lembrar que este trabalho buscou empresas com registros de exportação desde 2001, o que fez deste trabalho um estudo de risco tendo em vista a volatilidade das empresas e a dificuldade de se manterem abertas. Assunto que não é do escopo da monografia, mas que é relevante mencionar. A taxa de mortalidade das empresas brasileiras é muito alta. Chega a 80 % antes de completarem o primeiro ano de funcionamento, de acordo com o Sebrae.

Análise dos dados
Foi feito um ranking de 21 (vinte e uma) empresas das listas de empresas exportadoras do Distrito Federal do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. No entanto, no decorrer da pesquisa foi constatado que as empresas que utilizam a Declaração Simplificada de Exportação – DSE não estão contabilizadas na lista de empresas exportadoras do DF do MDIC. Com isso, verificou-se que existem empresas que, apesar de não constarem na lista da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX do MDIC exportam ou continuam exportando pela DSE.
Do total de 21 (vinte e uma) empresas que realmente se aplicavam ao objetivo da pesquisa com base nos dados do MIDC, 07 responderam os questionários.
Ao final da pesquisa foi constatado que:
- Das empresas pesquisadas 72% exportam vestuário e seus acessórios, de malha, que se encaixa no capítulo 61 da NCM; 14% leite e laticínios, ovos de aves, mel natural, etc prevista no capítulo 04 da NCM; e 14% são outros produtos. Neste caso, o produto classificado como “outros” são móveis de madeira.
- 5% das empresas exportaram para países da Europa, 33 % exportaram para países da América do Norte, 11% para países da África e 11% para o Oriente Médio.
O que reforça os dados do Boletim Estatístico sobre Exportações Brasileiras por porte de empresa 2004, publicado em agosto de 2005 pela SECEX, no qual os principais destinos das exportações das MPMEs são os Estados Unidos, com 22,2% e União Européia com 27.6%.
- 57% das empresas têm sua gestão de mercado internacional voltada para o cliente, enquanto 43% têm gestão predominante na produção de mercadorias de qualidade.
O foco no cliente faz com que a empresa esteja mais voltada para o marketing. “Marketing significa trabalhar com mercados para realizar trocas potenciais com o propósito de satisfazer necessidades e desejos humanos.” Kotler (1998, p. 31).
- Apenas 29% das empresas entrevistadas dizem ter algum tipo de sistema de informações que auxilie no processo de tomada de decisões.
O SIM – Sistema de Informação de Marketing é uma ferramenta fundamental para que o gestor da empresa utilize dados internos como relatórios sobre pedidos, vendas, níveis de estoque, contabilidade ou mesmo o recursos humanos no momento de tomar decisões dentro da empresa.
“O sistema de informação de marketing da empresa deve ser um cruzamento entre o que os administradores pensam que necessitam, o que realmente necessitam e o que é economicamente viável” (KOTLER 1998, p. 113).
Neste caso, as empresas pesquisadas eram, em sua maioria, micro e pequenas e com apenas uma pessoa responsável por todas as funções gerenciais pertencentes a uma empresa.
- Quanto à abordagem, 50% das empresas disseram utilizar abordagem de mercado segmentado e 50%, abordagem única de mercado.
Para uma empresa realizar trocas potenciais com seus clientes, satisfazendo suas necessidades e desejos, é necessário que a empresa conheça bem o mercado em que atua. Ao adotar uma abordagem de mercado segmentado, a empresa agrupa consumidores que tenham características comuns e que, de alguma forma, vêem o produto voltado para seu grupo necessário.
Em um mundo, onde as diferenças mercadológicas muitas vezes não são aquelas que aparentam ser, a empresa que decide participar do mercado internacional estuda cuidadosamente o impacto do seu produto no seu mercado-alvo. Dessa forma, precisa acompanhar também as freqüentes mudanças ocorridas nesse mercado.
A empresa que tem uma abordagem única, normalmente, sente mais dificuldade em se manter no mercado. Tendo em vista que é alto o risco do seu produto está sendo desperdiçado em mercados em que eles não são necessários nem desejados. Neste caso, as empresas não consideraram as diferenças existentes em cada grupo de consumidores.
- Com relação ao comportamento do consumidor, 57% das empresas alegam realizar algum tipo de estudo e 43% não realizam estudo algum.
Sendo o consumidor o principal objeto do processo de planejamento de uma empresa, conhecê-lo é mais que fundamental para que a empresa se mantenha no mercado. Fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos são os principais fatores que influenciam o comportamento do consumidor. Para entender seu consumidor, é preciso estudá-lo e acompanhá-lo para poder ter conhecimento das suas reais necessidades e desejos, atendendo assim ao conceito de marketing.
- 57% das empresas alegaram a necessidade de adaptar o seu produto para o mercado internacional, enquanto 43% disseram não ter tido necessidade em adaptá-lo.
As diferenças existentes entre mercados fazem com que muitas vezes a empresa tenha que adequar o produto para o mercado que deseja comercializá-lo. Neste estudo foi identificado que as principais adequações diziam respeito à modelagem de biquínis, tendo em vista a cultura de alguns países em usar modelagens maiores do que as usadas no Brasil.
As adaptações dos produtos podem ser na qualidade, no tamanho, no desempenho, na embalagem, no design ou até mesmo na marca. Alguns produtos têm diferentes marcas para diferentes países, a depender da cultura, dos hábitos da sociedade e do impacto que isso causará no mercado-alvo.
- Do total de empresas entrevistadas, 57% não utilizam Plano de Marketing Internacional e 43% dizem ter utilizado o plano.
Pelo fato de o Plano de Marketing ser um dos produtos mais importantes do processo de marketing, ele deve ser muito bem elaborado. Caso a empresa não utilize nenhum plano de marketing, as suas chances de perder o mercado conquistado são muito altas. O que mostra que a empresa sem o plano pode estar orientada para venda e não para o marketing. Sendo este segundo, razão fundamental para a retenção de mercados.
Uma empresa gasta muito menos para reter um mercado conquistado do que para conquistar novos mercados. Aparentemente, a maior parte das empresas pesquisadas não é orientada para o marketing.
- Dos 43% das empresas que dizem ter utilizado o Plano de Marketing Internacional, 50% das empresas elaboraram planos de marketing específicos para cada mercado alvo e 50% não elaboraram planos específicos.
A falta de um plano específico para cada mercado – alvo pode dificultar a retenção de mercados externos ou até mesmo ser a razão pela perda de mercado. Como foi dito anteriormente, cada mercado tem suas características próprias. É por isso que empresas precisam adaptar seus produtos, estudar comportamento do consumidor, analisar o ambiente (estudando a situação do mercado), pesquisar a situação do seu produto (pois talvez o preço com que ela chega em um mercado tenha que ser diferente quando ele chegar em outro), avaliar as oportunidades que cada mercado oferece e assim por diante.
Um plano de marketing é muito mais que um documento cheio de informações. Ele pode ser o passaporte para empresa se manter no mercado internacional.
- Segundo as empresas entrevistadas, 43% delas contrataram uma pessoa para identificar um comprador para o seu produto, 29% buscaram outros meios para identificar um comprador, 14% tiveram os compradores para identificá-las e 14% das empresas identificaram o mercado por conta própria.
Durante a pesquisa, foi possível perceber que ter uma pessoa especializada na identificação de mercados não era algo prioritário para as empresas. Nem mesmo contratar uma empresa que prestasse esse tipo de serviço.
A maior parte das empresas entrevistadas mostrou que tinha uma relação muito superficial com o mercado que estava inserida.
A relação vendedor e comprador deve ser de troca de benefícios, bem solidificada e trabalhada para ser duradoura.
- A amostra pesquisada apontou que 71% das empresas não utilizam estratégia alguma de posicionamento de posicionamento frente ao consumidor estrangeiro e 29% utilizam.
De acordo com Kotler (1998), posicionamento é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa, de maneira que ocupem uma posição competitiva distinta e significativa nas mentes dos consumidores – alvos.
A estratégia de posicionamento permite a empresa oferecer vantagem competitiva no mercado, agregando diferenças no produto relevantes para os clientes.
- 71% das empresas responderam que utilizam alguma estratégia de diferenciação e 29% não utilizam nenhuma estratégia.
A estratégia de diferenciação consiste em agregar benefícios ao produto ou serviço como nas suas características, assistência técnica ou forma de pagamento. De forma que esse conjunto de diferenças seja significativo para os consumidores distinguirem a oferta da empresa das ofertas de seus concorrentes.
- Dos 71% das empresas que disseram utilizar alguma estratégia de diferenciação, todas confirmaram diferenciar seus produtos nas suas características.
- 71% das empresas não utilizam qualquer estratégia de desenvolvimento de marca e apenas 29% afirmaram utilizar alguma estratégia.
A marca é algo que identifica o produto de forma a diferenciá-lo entre os seus concorrentes. De acordo com Kotler (1998), ela pode conduzir seis níveis de significado: atributos; benefícios; valores; cultura; personalidade; e usuário.
O desenvolvimento de uma marca exige grande investimento a longo prazo, principalmente em propagando, promoção e embalagem.
Destarte, fica inviável na maioria das vezes para uma micro, pequena e média empresa arcas com o alto custo de um investimento na estratégia de desenvolvimento da marca de seu produto.
No entanto, a marca é o que muitas vezes garante a lealdade do consumidor com relação ao produto ofertado pela empresa.
- 100% das empresas utilizam a sua marca fabricante no mercado internacional.
Essa questão se contradiz com a anterior pelo fato de 100% das empresas exportarem com a sua marca e apenas 29% realizam alguma estratégia de desenvolvimento de marca.
Exportar com a própria marca não significa que empresa desenvolva a marca do seu produto. Todavia é o primeiro passo para a empresa se desenvolver e crescer no mercado internacional.
O maior problema de empresas que não entram em outros mercados por meio de marcas consolidadas é que o preço pago pelo produto é bem menor que o preço de venda direta ao consumidor (Oliveira,2003, p.61).
- Das empresas pesquisadas, 60% disseram que usaram abordagem de maximização do lucro na fixação do preço, 20% utilizaram preço de sobrevivência e 20% escolheram outras abordagens na fixação do preço.
Para estabelecer o preço do produto ofertado é importante que a empresa tenha seus objetivos bem claros para facilitar essa decisão. Para isso, saber qual é o seu mercado – alvo, como vai se posicionar no mercado e sua estratégia de composto de marketing, são informações imprescindíveis para a empresa identificar qual o preço a ser fixado.
Aqueles que adotaram a maximização do lucro escolheram um produto que produz lucro máximo, fluxo positivo de caixa ou alta taxa de retorno sobre o investimento. Os problemas associados à maximização de lucros são: ao enfatizar o desempenho financeiro atual, ela pode estar sacrificando o desempenho a longo prazo ignorando os efeitos de outras variáveis do composto de marketing.
Os que optaram por preço de sobrevivência reduziram os preços no intuito de manter a fábrica funcionando e os estoques girando. Neste caso, os preços são para cobrir os custos variáveis e alguns fixos, sendo o lucro menos importante. No entanto, a sobrevivência deve ser um objetivo a curto prazo, pois a empresa deve aprender a agregar valor no seu produto para se manter no mercado.
- 86% das empresas analisaram os custos, preços e ofertas dos concorrentes e 26% não utilizaram essa análise.
A análise dos custos, preços e ofertas dos principais concorrentes é fundamental para empresa. O preço é o único elemento dos 4Ps do mix de marketing que produz receita; os outros 3Ps (produto, praça e promoção) produzem custos.
Desta maneira, a empresa precisa analisar seus principais concorrentes para poder determinar qual o preço do seu produto e como ele deve se posicionar na empresa.
- Com relação à metodologia de preço 34% das empresas escolheram a metodologia retorno-alvo (determina o preço que assegura sua taxa-alvo de retorno sobre o investimento); 33% escolheram valor percebido (as percepções de valor dos compradores e não seus custos, são os fatores primordiais para a determinação do preço); 11% escolherem preço de mercado (preço dos concorrentes); 11% escolheram markup (consiste em acrescentar uma taxa ou margem padrão ao custo do produto); e 11% escolheram outras metodologias para o estabelecimento de preços.
Tendo em vista que todos os produtos pesquisados são de demanda elástica, o que significa que o aumento ou redução do preço afeta significativamente as quantidades vendidas, a metodologia para estabelecer o preço deve ser muito bem escolhida pela empresa. A metodologia escolhida influenciará no preço final e nas conseqüências que esse preço causará no mercado-alvo a ser atingido.
- As empresas pesquisadas disseram informar aos consumidores sobre seus produtos por meio de: 25% propaganda (anúncios, displays, luminosos, encartes etc); 25% venda pessoal (INTERNET, convenções, feiras, apresentações ets); 25% marketing direto (adesivos,amostras, brindes, concursos, cuponagem etc); 17% não escolheram nenhuma das opções propostas; e 8 % escolheram outras formas de informar aos seus consumidores sobre seus produtos.
- 57% das empresas exportam por meio de agentes; 29% exportam para varejista antes de chegar ao consumidor; e 14% exportam para atacadista que vende para varejista até chegar ao consumidor final.
Atacadistas são intermediários que negociam em grande escala e que normalmente revende para o varejo (comércio em pequena escala como. Lojas independentes, supermercados e hipermercados, lojas de descontos, lojas de departamento, e lojas de variedades).
Os canais de distribuição são os meios pelos quais a posse dos produtos é transferida do produtor para o consumidor. Quanto mais intermediários existirem nos canais de distribuição da empresa, mais caro chega o produto no consumidor final.
- A qualidade do produto exportado é 86% determinada pela própria empresa e 14% determinada pelo importador.
Esta questão verifica se a empresa está realmente voltada para o marketing, consequentemente para o consumidor. Dado que a qualidade do produto percebida pelo cliente é incontestável para o marketing. O produto vem para satisfazer a um desejo ou necessidade do mercado. Consequentemente, a empresa não precisa adotar a maior qualidade para o produto que possa implicar no aumento do preço, tornando-o mais inacessível ao consumidor.
No entanto, as empresas que têm a qualidade do produto determinada pelo consumidor final mostram que podem estar mais voltadas para o marketing.
- 72% consideram o plano de marketing internacional uma ferramenta muito importante ao desempenho exportador da sua empresa, 14% consideram de média importância e 14% não responderam.
Apesar de mais de 50% das empresas consideram o plano de marketing muito importante mais da metade delas utilizam dessa ferramenta, como foi verificado em questões anteriores.
Algumas empresas alegaram que o custo da elaboração de um plano de marketing é alto. Porém, a falta de um plano pode custar à empresa um valor muito mais alto do que ela imagina.

Principais razões que contribuíram para a descontinuidade das exportações
No presente estudo, algumas razões que contribuíram para a descontinuidade das empresas pesquisadas foram identificadas com as respostas às questões apresentadas.
Foi constatado que as empresas estudadas, em sua maioria, não utilizam de estratégias mercadológicas para conquistar mercados. Razões como: a falta de um sistema de informações na empresa para auxiliar no processo de decisão, a falta de uma abordagem segmentada; a não elaboração de um plano de marketing por parte das empresas exportadoras; o longo canal de distribuição escolhido pela maioria que encarece os produtos exportados; falta de um posicionamento estratégico; foram algumas das razões identificadas pela pesquisa que prejudicou a constância das empresas estudadas no mercado externo.
As questões abertas do questionário permitiram que as empresas listassem as razões que as fizeram interromper as exportações. A maioria delas alegou custo logístico interno e externo elevado, cambio desfavorável para exportar, falta de apoio político e financeiro. Uma empresa alegou a concorrência como fator essencial para sua retirada do mercado internacional, pois com tantos gastos para realizar a exportação o importador conseguiu fornecedores com preços mais acessíveis. Dificuldades com alta taxa nos processos de exportação, burocracia e alta taxas de juros também foram mencionadas pelos empresários. Para as empresas que participaram de programas do governo, levantaram a questão do fim do financiamento do projeto do qual fazia parte. Assim como alto custo na produção e o preço elevado cobrado pelas transportadoras são obstáculos para esses MPM empresários.

CONCLUSÃO
Dados do SEBRAE mostram que as micro, pequenas e médias empresas constituem cerca de 98% das empresas existentes, empregam 60% da população economicamente ativa e geram 42% da renda produzida no setor industrial, contribuindo com 21% do Produto Interno Bruto - PIB.
É inegável a relevância das MPM empresas no Brasil. Este trabalho tratou da internacionalização das MPM empresas que tiveram suas exportações inconstantes no período de 2001 a 2005.
No decorrer do trabalho, foi possível observar que as empresas analisadas que ingressaram no mercado internacional não foram preparadas para enfrentar os desafios externos.
Percebe-se nos dados da gestão estratégica internacional das empresas que a maior parte delas não estão voltadas para o marketing. Esse fator pode ser decisivo nos resultados obtidos pelas empresas na participação do mercado internacional.
No que tange as respostas obtidas na pesquisa sobre o canal de distribuição utilizado pela maioria das empresas, há uma convergência com Palácios e Sousa (2004) que afirmam que o alargamento de mercados tem provado que quanto maior for o controle do canal de comercialização, maior será a probabilidade de êxito na operação de internacionalização. Nesta questão, observamos que 57% comercializam por meio de agentes. Essas empresas não sabem onde vai parar a sua mercadoria.
Há indícios que a falta de planejamento estratégico de marketing das empresas do Distrito Federal prejudica a conquista e retenção de mercados internacionais, sendo este um fator de contribuição para as dificuldades das empresas se manterem no mercado internacional. Isso comprova que a hipótese apresentada neste trabalho é verdadeira.
Ainda que a maioria absoluta concorde que o Plano de Marketing Internacional é importante para desempenho exportador, elas não desenvolvem estratégias fundamentais como segmentação de mercado, estudo do comportamento do consumidor, estratégias de marca, entre outras, que compõe o plano de marketing.
Apesar da grande participação das MPM empresas na economia brasileira, elas ainda não têm uma representação correspondente à porcentagem nas exportações do país. Um dos motivos mais citados pelos exportadores na pesquisa com relação a razão da inconstância no desempenho exportador foi a falta de apoio político e financeiro, além do custo da logística. Todavia, a falta de uma cultura empresarial e exportadora, planejamento e estratégias de marketing contribuem para que essas empresas não consigam se manter no mercado internacional.


BIBLIOGRAFIA:
1. Obras impressas
1.1. Livros
CARNIER, Luiz Roberto. Marketing Internacional para Brasileiros. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras. 2004
KAPLAN, Robert & NORTON, David P. Using the Balanced Scorecard as a Strategic Management System. Harvard Business Review, p. 75 - 85, jan/feb, 1996.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1998
KOTLER, Philip & BLOOM, Paul. Marketing para Serviços Profissionais. São Paulo: Atlas, 1998.
OLIVEIRA, Djalma Rebouças. Planejamento estratégico. São Paulo: Atlas, 1999.
PIPKIN, Alex. Marketing Internacional Uma Abordagem Estratégica. 2. ed.São Paulo: Aduaneiras, 2003.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e pesquisa em administração. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PALACIOS, Tomás & SOUSA, José. Estratégias de Marketing Internacional. São Paulo: Atlas, 2004.

1.2.Monografias, Teses e Dissertações
AMORIM, Guilherme. Um Modelo de Capacidade Empresarial e Maturidade de Produto para Exportação de Software. 2005. 110f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) – Universidade Federal de Pernambuco, 2005.
CUNHA, Camila. As Estratégias de Internacionalização das Empresas Brasileiras: Estudos de Caso MARCOPOLO, GERDAU e WEG (1980 – 2005). 2005. Monografia (Curso de Graduação de Relações Internacionais) – Universidade Católica de Brasília.
SOUZA, Carlos Augusto. O Plano de Marketing como vantagem competitiva na Internacionalização das Empresas Exportadoras Brasileiras. 2001. 171f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Estratégia Organizacional) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.

1.3. Artigos - CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE ESTRATÉGIA (Estratégias para o Desenvolvimento e Inserção Global), 17, 2004, Santa Catarina. Anais. Santa Catarina, 2004. 1 CD-ROM.
A EXPORTAÇÃO COMO ESTRATÉGIA NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: EVIDÊNCIAS E IMPLICAÇÕES PARA OS PROGRAMAS DE APOIO.
Autores: Marisa Ignez Dos Santos Rhoden ([email protected]) Hélio Henkin ([email protected])

2. Obras Eletrônicas
2.1. Livros
OLIVEIRA, Leila Barros Cardoso (Org). Manual para apresentação de monografias, dissertações e teses da Universidade Católica de Brasília. 2ed. Brasília: Universa, 2004. Disponível em: http://www.biblioteca.ucb.br/ManualUCB.pdf>. Acesso em 10 de novembro 2005.

2.2. Artigos
BELL, Jim, CRICK, Dave & YOUNG, Stephen. Small Frim Internationalization and Business Strategy. Disponível em: . Acesso em 20 de outubro de 2005.

2.3 Sites
http://www.desenvolvimento.gov.br
http://www.franquia.com.br



Autor: Mayana Ramos Machado


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