TURISMO SUSTENTÁVEL: ALTERNATIVA DE CONCILIAR O ECONÔMICO AO AMBIENTAL NO BALNEÁRIO CASSINO



A atividade turística tem despontado nos últimos anos, como uma das principais atividades fomentadoras de receita, emprego e desenvolvimento econômico de diversos países. Porém, a atividade do turismo gera enorme preocupação com a questão da preservação/conservação ambiental devido, principalmente, ao grau de relação entre essa atividade e o meio ambiente. Podemos dizer que existem dois tipos de atrações turísticas. A primeira, cujas atrações são produzidas pelo ser humano, utilizando insumos como capital e trabalho, e que são facilmente reproduzidas, e a segunda que diz respeito àquelas que não podem ser reproduzidas devido ao seu valor histórico/cultural e, dentre elas está, o meio ambiente. Na prática, porém, nem todas as atrações podem ser agrupadas nessas duas atrações. Normalmente, o nível de atividade dependerá da integração dessas duas atrações. Esse parece ser o caso das praias, onde os turistas procuram áreas naturais, mas que, por sua vez, ofereçam em seu entorno infra-estrutura como rodovias, ciclovias, calçadas, restaurantes, banheiros, chuveiros, bancos, instrumentos que possam servir para atividades de esporte e lazer, hotéis e até mesmo shoppings. Porém, surge um problema quando a infra-estrutura começa a preencher o espaço destinado ao meio ambiente, acarretando a degradação dos recursos naturais e a queda na qualidade dos bens e serviços gerados pelos mesmos. Ressalta-se que a maior infra-estrutura faz com que, a priori, um número maior de usuários freqüentem aquela área, levando a uma maior utilização dos recursos naturais e, conseqüentemente, a exaustão do mesmo. A sobreutililização do meio ambiente ocasiona a deterioração destas áreas e, a posteriori, a queda do turismo. Desta forma, essa atividade deverá incorporar elementos que fomentem a preservação/conservação ambiental, caso contrário, o turismo deixará de ser fonte geradora de emprego e renda. Especificamente em relação ao turismo no Balneário Cassino vários pontos podem ser destacados. Primeiramente, cabe lembrar, que este Balneário consolidou-se no século passado como o principal atrativo do fluxo de visitantes na região, principalmente durante os meses do verão. Um dos atrativos do Balneário é a sua Praia arenosa, banhada pelo Oceano Atlântico, localizada no litoral do extremo sul do Brasil, em uma área que se estende por aproximadamente 245 Km, entre o Molhe Oeste da Barra do Rio Grande até a Barra do Chuí, na fronteira com o Uruguai, sendo, portanto, a maior Praia do Mundo em extensão. Ao longo de sua extensão observam-se belas paisagens e variada biodiversidade. Nos locais onde há pouca interação humana podem ser encontradas diversas espécies de animais, como moluscos, crustáceos, peixes, aves, mamíferos marinhos, entre outros, o que pode ser um grande atrativo turístico, principalmente sabendo-se conciliar as questões econômicas com as ambientais, o que, em geral, não é muito considerado pelos administradores. Junto à Praia do Cassino, encontra-se o Balneário Cassino, o Balneário marítimo mais antigo do Rio Grande do Sul. Sua fundação data de 1890. Alguns dizem se tratar do Balneário marítimo mais antigo do Brasil. Sua população varia de cerca de 20.000 habitantes permanentes, para aproximadamente 300.000 habitantes durante os finais de semana do verão. Ressalta-se que o Poder Público não acompanhou a rápida expansão urbana do Balneário, aliás, caso comum em zonas costeiras, logo a infra-estrutura do Balneário não consegue, atualmente, atender suficientemente às necessidades da população local, sobretudo no que se refere ao transporte coletivo; ao nivelamento das ruas; tratamento de esgoto; drenagem pluvial; gestão de resíduos sólidos e também uma adequada coleta seletiva de lixo, por exemplo. Todos esses fatores geram problemas socioambientais à população local que convive com todos estes problemas e que, com a chegada do verão e, com ele dos turistas, os problemas em relação ao lixo, por exemplo, aumentam numa proporção assombrosa. Segundo pesquisas realizadas por pós-graduandos da Universidade Federal do Rio Grande, por exemplo, constatou-se junto aos moradores uma preocupação em relação ao saneamento dos esgotos que ‘correm’ em direção à praia. Em segundo lugar aparece a preocupação com o lixo jogado na praia e sugerem mais lixeiras, bem como coleta de lixo mais freqüente. Em terceiro lugar está a falta de infra-estrutura como falta de sanitários e chuveiros ao longo da Praia, bem como falta de bancos e restaurantes. Em quarto lugar a enorme quantidade de animais no Balneário, principalmente cachorros e cavalos. Depois vem a preocupação com o grande fluxo de automóveis na praia. Buscando organizar a atividade turística no Município, a Prefeitura Municipal do Rio Grande, em convênio com a Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG elaborou e vem desenvolvendo desde o ano de 2003, o plano turístico “Rio Grande, Cidade Histórica, Cidade do Mar”. Dentre os principais pontos turísticos do Balneário Cassino escolhidos pelos turistas como locais para visitação estão os Molhes Oeste da Barra, o Navio Encalhado e a Estátua de Iemanjá. Essas, juntamente com os Museus da cidade do Rio Grande, somam aproximadamente 60% das sugestões que foram descritas como pontos turísticos pouco ou mal explorados na cidade. A sobre-exploração dos recursos tem como conseqüência a degradação da qualidade dos serviços gerados pelo meio ambiente, e a queda do nível de bem-estar dos indivíduos envolvidos. Importante medida no sentido de atrelar o desenvolvimento econômico da cidade atrelada ao turismo voltado ao Balneário Cassino e que atenda os princípios da sustentabilidade, ou seja, que garanta a qualidade de vida não somente para a geração presente como também para as futuras seria o comprometimento da comunidade local através dos moradores, ONGs, escolas locais com as questões que envolvem o ambiente onde moram e principalmente o interesse do Poder Público Municipal em não somente atender às necessidades ocasionadas pela crescente urbanização do Balneário como também saber atrair recursos financeiros através de um turismo sustentável no Balneário Cassino, preservando os recursos naturais e atraindo recursos que poderão ser utilizados na melhoria desses locais e, portanto, da qualidade de vida da população riograndina e de seus visitantes. REFERÊNCIAS FINCO. Marcus Vinícius Alves. Instrumentos Econômicos como Ferramenta de Valoração Ambiental. Caso de Estudo: Praia do Cassino, Rio Grande/RS, Brasil. Rio Grande, FURG: 2002. PEREIRA, Célia Maria. Memórias de um Balneário: Patrimônio edificado do Cassino. 2. ed. Rio Grande: Salisgraf, 2005. VALENTE, Cédric Bainy. Ecologia como Instrumento para o Turismo – Estudo de Caso da Praia do Cassino - RS. Rio Grande: FURG, 2006.
Autor: Danieli Veleda Moura


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