Educação, Tecnologia e Comunicação



CONSIDERÇÕES INICIAIS: para começar a refletir

Desde a implantação da Televisão, ainda não se tinha visto uma explosão de avanço tecnológico e de comunicação como a Internet É a mídia mais aberta, descentralizada, e, por que não dizer acessível, e desta forma torna-se muito mais ameaçadora para os grupos políticos e econômicos hegemônicos. Aumenta o número de pessoas ou grupos que criam na Internet suas próprias revistas, emissoras de rádio ou de televisão, sem pedir licença ao Estado ou ter vínculo com setores econômicos tradicionais.

Cada um pode dizer nela o que quer, conversar com quem desejar, oferecer os serviços que considerar convenientes, assim como resultado de toda essa liberdade e ameaça, o mundo começa a assistir a tentativas de controlá-la de forma clara ou sutil.

A distância hoje não é principalmente a geográfica, mas a econômica (ricos e pobres), a cultural (acesso efetivo pela educação continuada), a ideológica (diferentes formas de pensar e sentir) e a tecnológica (acesso e domínio ou não das tecnologias de comunicação). Uma das expressões claras de democratização digital se manifesta na possibilidade de acesso à Internet e em dominar o instrumental teórico para explorar todas as suas potencialidades.

Desta forma, e a partir desses pressupostos, é impossível a educação não passar a conviver, e de certa forma, precisar adequar-se ás novas tecnologias, que neste artigo para fisn de delimitação temática, utilizaremos somente a Internet. Assim Universidades e escolas correm para tornarem-se visíveis, para não ficar para trás. Uns colocam páginas padronizadas, previsíveis, em que mostram a sua filosofia, as atividades administrativas e pedagógicas. Outros criam páginas atraentes, com projetos inovadores e múltiplas conexões.

Mas diariamente, em suas rotinas pedagógicas a adequação não está tão latente, e ainda hoje quase uma década de século XXI, professores e alunos encontram barreiras pedagógicas, didáticas e comunicativas, e por que não dizer lingüísticas, no convívio dos corredores das instituições de ensino.

As paredes das escolas e das universidades se abrem, as pessoas se intercomunicam, trocam informações, dados, pesquisas. A educação continuada é otimizada pela possibilidade de integração de várias mídias, acessando as tanto em tempo real e no horário favorável a cada indivíduo, e também pela facilidade de conectar educadores e educandos, esta é a educação que chamamos de "flex", adaptada as necessidades e possibilidades de cada interessado.

Na Internet, encontramos vários tipos de aplicações educacionais: de divulgação, de pesquisa, de apoio ao ensino e de comunicação. A divulgação pode ser institucional – a escola mostra o que faz – ou particular – grupos, professores ou alunos criam suas home pages pessoais, com o que produzem de mais significativo. A pesquisa pode ser feita individualmente ou em grupo, ao vivo – durante a aula – ou fora da aula, pode ser uma atividade obrigatória ou livre. Já nas atividades de apoio ao ensino, podemos conseguir textos, imagens, sons do tema específico do programa, utilizando-os como um elemento a mais, junto com livros, revistas e vídeos.

A comunicação ocorre entre professores e alunos, entre professores e professores, entre alunos e outros colegas da mesma ou de outras cidades e países. A comunicação se dá com pessoas conhecidas e desconhecidas, próximas e distantes, interagindo esporádica ou sistematicamente. As redes atraem os estudantes. Eles gostam de navegar, de descobrir endereços novos, de divulgar suas descobertas, de comunicar-se com outros colegas. Mas também podem perder-se entre tantas conexões possíveis, tendo dificuldade em escolher o que é significativo, em fazer relações, em questionar afirmações problemáticas.

USO DA INTERNET NA EDUCAÇÃO

1.A PESQUISA NA INTERNET: uma ferramenta às práticas pedagógicas.

A Internet está trazendo inúmeras possibilidades de pesquisa para professores e alunos, dentro e fora da sala de aula. A facilidade de, digitando duas ou três palavras nos serviços de busca, encontrar varias respostas para qualquer tema é uma facilidade deslumbrante, impossível de ser imaginada há bem pouco tempo. Isso traz grandes vantagens e também alguns problemas.

Podemos partir, na pesquisa, do geral para o específico. Em um primeiro momento, procuramos nos programas de busca as palavras-chave mais abrangentes, mais amplas. Por exemplo, televisão, televisão e educação. As palavras podem ser buscadas em serviços norte-americanos como o Altavista, digitando-as, em inglês, em português ou em espanhol, o que apontará os endereços predominantemente nessas línguas. As primeiras buscas mostrarão milhares de resultados. Escolheremos alguns das primeiras páginas.

Em geral os alunos, e neste caso falamos de adolescentes e jovens – entre 12 e 17 anos – cursando as Séries Finais do Ensino Fundamental se deixa, primeiramente, deslumbrar quando vê que uma pesquisa apresenta 100 mil resultados. Depois desanima, ao constatar que não pode esgotá-la, que há inúmeras repetições, muitas indicações equivocadas. Convém procurar mais de um programa de busca, porque os resultados não são idênticos.

Em um segundo momento, dirigimos mais a busca para temas específicos, por exemplo, televisão por cabo, televisão de acesso público, televisão comunitária, televisão interativa. Fazemos essa pesquisa em vários programas de busca. Vamos abrindo alguns endereços. Com a prática, desenvolvemos a habilidade de descobrir onde estão os melhores endereços, aqueles nos quais vale a pena aprofundar-se. Fazemo-lo, observando a organização dos tópicos, a riqueza e variedade de artigos, a respeitabilidade da instituição e dos pesquisadores.

Porem a pesquisa na educação, em especial para o ensino básico, não pode ter um fim em si própria, mas é preciso uma proposta pedagógica em que a pesquisa possua objetivos bem específicos, os quais sejam monitorados de perto em cada etapa da busca, pedindo aos alunos que anotem os dados mais importantes e que reconstruam ao final os resultados.

É importante sensibilizar o alunoantes para o que se quer conseguir neste momento, neste tópico. Se o aluno tem claro ou encontra valor no que vai pesquisar, procederá com mais rapidez e eficiência. O professor precisa estar atento, porque a tendência na Internet é para a dispersão fácil. O intercâmbio constante de resultados e a supervisão do professor podem ajudar a obter melhores resultados. Na pesquisa com objetivos bem específicos, podemos fazer uma busca "uniforme", isto é, todos pesquisam os mesmos endereços previamente indicados pelo professor ou fazem uma busca mais aberta sobre o mesmo assunto.

Vale a pena alternar as duas formas. Na primeira, há menos variedade de lugares pesquisados, mas podem-se aprofundar mais os resultados. Na segunda, ao deixar menos definidos os lugares, e sim o tema, as possibilidades de encontrar resultados inesperados aumentam. Podemos fazer pesquisas de temas diferentes, individualmente ou em pequenos grupos.

É interessante que os alunos escolham algum assunto dentro do programa que esteja mais próximo do que eles mais valorizam. Essas pesquisas podem ser realizadas dentro e fora do período de aula. Durante a aula, o professor acompanha cada aluno, tira dúvidas, dá sugestões, incentiva, complementa os resultados, aprende com as informações que os alunos passam.

Essas pesquisas são depois apresentadas para os demais colegas e para o professor. Este complementa, problematiza, adapta à realidade local, os resultados trazidos pelos alunos. Como há tantas possibilidades de pesquisa e facilidade de dispersão, o educador estará atento, na aula-pesquisa, a escolher o melhor momento de cada aluno comunicar os seus resultados para a classe. A comunicação de resultados pode ser espontânea: o professor pede que, quando alguém encontre algo significativo, que o comunique a todos. Isso ajuda a que os colegas possam avançar mais, aprofundar os melhores sites, os mesmos assuntos.

Pode-se também, ao final do período da aula-pesquisa, pedir aos alunos que relatem a síntese do que encontraram de mais significativo. Os alunos terão gravadas as principais páginas, junto com um roteiro de anotações, para esclarecer a navegação feita e encontrar melhores relações, ao final. Um aprofundamento dos resultados pesquisados pode ser deixado para a próxima aula. Os alunos fazem, fora da aula, a análise das páginas encontradas. Procuram o que houve demais significativo. Esses dados são colocados em comum na aula seguinte. Professor e alunos relacionam as coincidências e divergências entre os resultados encontrados e as informações já conhecidas em reflexões anteriores, em livros e revistas. Essa discussão maior é importante, para que a Internet não se torne só uma bela diversão e que esse tempo de pesquisa se multiplique pela difusão em comum, pela troca, discussão, síntese final. A comunicação dos resultados ao grupo é cada vez mais relevante pela quantidade, variedade e desigualdade de dados, informações contidas nas páginas da Internet.

A colocação em comum facilita a comparação, a seleção, a organização hierárquica de idéias, conceitos, valores. A tendência dos alunos é a de quantificar, mais do que analisar e qualificar. Se não estivermos atentos, não explorarão todas as possibilidades nelas contidas. A pesquisa na Internet requer uma habilidade especial devido à rapidez com que são modificadas as informações nas páginas e à diversidade de pessoas e pontos de vista envolvidos.

A navegação precisa de bom senso, gosto estético e intuição. Bom senso para não deter-se, diante de tantas possibilidades, em todas elas, sabendo selecionar, em rápidas comparações, as mais importantes. A intuição é um radar que vamos desenvolvendo ao "clicar" o mouse nos links que nos levarão mais perto do que procuramos. A intuição nos leva a aprender por tentativa, acerto e erro.

Às vezes, passaremos bastante tempo sem achar algo importante e, de repetente, se estivermos atentos, conseguiremos um artigo fundamental, uma página esclarecedora. O gosto estético nos ajuda a reconhecer e a apreciar páginas elaboradas com cuidado, com bom gosto, com integração de imagem e texto. Principalmente para os alunos, o estético é uma qualidade fundamental de atração. Uma página bem apresentada, com recursos atraentes, é imediatamente selecionada, pesquisada.

O educador não deve simplesmente dizer ao aluno que aquele assunto não faz parte da aula. Pode pedir- lhe que grave rapidamente o que achar mais importante e que deixe para outro momento o aprofundamento desse novo assunto, para voltar mais que logo ao tema específico da aula. Não podemos deslumbrar-nos com a pesquisa na Internet e deixar de lado outras tecnologias. A chave do sucesso está em integrar a Internet com as outras tecnologias – vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais avançado com as técnicas já conhecidas, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa, aberta.

2.A COMUNICAÇÃO NA INTERNET COMO PROPOSTA DIDÁTICA

Todos procuram na rede seus semelhantes, seus interesses. Cada um busca a sua "turma"; buscam pessoas que tenham gostos, valores, expectativas parecidas; pessoas fisicamente próximas e distantes, conhecidas e desconhecidas. Uma das características mais interessantes da Internet é a possibilidade de descobrir lugares inesperados, de encontrar materiais valiosos, endereços curiosos, programas úteis, pessoas divertidas, informações relevantes. São tantas as conexões possíveis, que a viagem vale por si mesma. Viajar na rede precisa de intuição acurada, de estarmos atentos para fazer tentativas no escuro, para acertar e errar.

A pesquisa nos leva a garimpar jóias entre um monte de banalidades, a descobrir pedras preciosas escondidas no meio de inúmeros sites publicitários. A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional e não-linear. As técnicas de apresentação são mais fáceis hoje e mais atraentes do que anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar qualquer trabalho.

Na educação, professores e alunos praticam formas de comunicação novas. Encontram colegas com os quais podem comunicar-se facilmente por correio eletrônico, por listas de discussão, por comunicação instantânea em IRC. Atualmente começam a comunicar-se por intermédio de voz (programas como o Iphone) e também de imagem (programas como o CuSeeme ou a última versão do Iphone). Aumenta a procura pelos chats ou batepapos.

Muitos estudantes passam horas seguidas em conversas aleatórias, fragmentadas, em um autêntico jogo de cena, de camuflagem de identidade, de meias-verdades. Mas o chat tem um grande potencial democrático, por ser aberto, multidimensional. Nessas trocas, realizam-se encontros virtuais, criam-se amizades, relacionamentos inesperados que começam virtualmente e muitas vezes levam a contatos presenciais.

Começamos a ser nossos próprios editores de textos e diretores de imagens na Internet. Há centenas de jornais escolares na rede. Quem tem algo a dizer pode fazê-lo sem depender da autorização de emissoras, jornais ou conselhos editoriais; basta colocá-lo na sua página pessoal.

Os estudantes podem mostrar sua capacidade on-line, ao vivo, sem ter de esperar anos pelo ingresso formal dentro do mercado de trabalho. O artista está podendo divulgar suas obras para o mundo inteiro imediatamente.

O pesquisador consegue publicar na rede os resultados do seu trabalho instantaneamente, em depender do julgamento de especialistas e sem demora na publicação. Isso torna mais difícil a seleção do que vale ou não vale a pena ser lido. Nem sempre há um conselho editorial de notáveis para filtrar os melhores artigos. Com isso, há muito lixo cultural, mas também se amplia imensamente o número e a variedade de pessoas que se expõem ao julgamento público.

Hoje o problema não está na falta de informação, mas na qualidade destas, cada vez temos menos tempo para procurar tantas informações necessárias. Por isso, precisamos de mediadores, de pessoas que saibam escolher o que é mais importante para cada um de nós em todas as áreas da nossa vida, que garimpem o essencial, que nos orientem sobre as suas conseqüências, que traduzam os dados técnicos em linguagem acessível e contextualizada.

3.AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA INTERNET NA EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA: Uma análise do Projeto Jovem Cidadão do Governo do Estado do Amazonas e da Integração das Novas Tecnologias às Práticas Pedagógicas nas Séries Finais do Ensino Fundamental.

No Estado do Amazonas, as escolas da rede pública de Educação Básica, em especial às da Rede Estadual, estão equipadas com computadores com acesso à Internet, há programas como a TV Escola e o Portal do Saber que o Governo financia para que haja uma integração tecnológica nas escolas por parte dos professores e alunos.

No fim do ano de 2008 e durante todo o ano de 2009, o Governo está desenvolvendo por meio da Secretaria Estadual de Assistência Social e a de Educação e Qualidade do Ensino e de Cultura, o Projeto Jovem Cidadão, que tem como objetivo a inclusão social e cultural de adolescentes e jovens, de 12 à 17 anos, de baixa renda e que estejam matriculados nas series finais do ensino fundamental.

As atividades desse projeto consistem em aulas em forma de plenárias sobre cultura, movimentos culturais e formas de cultura brasileira, e aulas de informática, básica e avançada, porém uma proposta não se integra à outra.

As aulas ocorrem no contra turno do aluno na própria escola em ele freqüenta o ensino regular, como incentivo a família recebe uma bolsa - auxilio no valor de R$ 30,00 (trinta reais).

A partir das observações realizadas durante aulas do Projeto percebemos que aumenta a motivação, o interesse dos alunos pelas aulas, pela pesquisa, pelos projetos. Motivação ligada à curiosidade pelas novas possibilidades, à modernidade que representa a Internet. Há uma primeira etapa de deslumbramento, de curiosidade, de fascínio diante de tantas possibilidades novas.

Depois vem a etapa de domínio da tecnologia, de escolha das preferências. Mais tarde, começa-se a enxergar os defeitos, os problemas, as dificuldades de conexão, as repetições, a demora.

Comparando com as aulas regulares[1], agora e antes da Internet, podemos afirmar que aumentou significativamente a motivação, o interesse e a comunicação com os alunos e a deles entre si. Estão mais abertos, confiantes. Intercambiamos mais materiais, sugestões, dúvidas. Trazem muitas novidades das aulas do Projeto para as aulas regulares. Acontece hoje uma troca de saber, pois os alunos apresentam em trabalhos e seminários resultados com informações que o professor desconhecia sobre tópicos da disciplina, o que traz novas perspectivas para a matéria, mas que muitas vezes o professor não está preparado para tal situação e acaba desvalorizando o progresso dos alunos. Ou ainda, este profissional sente-se inseguro diante de seu desconhecimento e para compensar não procura se atualizar das novas tecnologias e informação, o que acaba fazendo com que haja um rompimento de comunicação e geracional entre o aluno e o professor, assim, ambos vão se distanciando, o que prejudica o processo de ensino-aprendizagem.

O aluno aumenta as conexões lingüísticas, as geográficas e as interpessoais. As lingüísticas, porque interage com inúmeros textos, imagens, narrativas, formas coloquiais e formas elaboradas, com textos sisudos e textos populares. As geográficas, porque se desloca continuamente em diferentes espaços, culturas, tempos e adquire uma visão mais ecológica sobre os problemas da cidade. As interpessoais, porque se comunica e conhece pessoas próximas e distantes, da sua idade e de outras idades, on-line e off line.

O aluno desenvolve a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo, a troca de resultados. A interação bem-sucedida aumenta a aprendizagem. Em alguns casos, há uma competição excessiva, monopólio de determinados alunos sobre o grupo. Mas, no conjunto, a cooperação prevalece.

A Internet ajuda a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes. A intuição, porque as informações vão sendo descobertas por acerto e erro, por conexões "escondidas". As conexões não são lineares, vão "linkando-se" por hipertextos, textos interconectados, mas ocultos, com inúmeras possibilidades diferentes de navegação. Desenvolve a flexibilidade, porque a maior parte das seqüências é imprevisível, aberta. A mesma pessoa costuma ter dificuldades em refazer a mesma navegação duas vezes. Ajuda na adaptação a ritmos diferentes: a Internet permite a pesquisa individual, em que cada aluno vai no seu próprio ritmo, e a pesquisa em grupo, em que se desenvolve a aprendizagem colaborativa.

Na Internet, também desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilingüística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas pessoais e grupais na Internet gera uma grande motivação, visibilidade, responsabilidade para professores e alunos. Todos se esforçam por escrever bem, por comunicar melhor as suas idéias, para serem bem aceitos, para "não fazer feio".

Alguns dos endereços mais interessantes ou visitados da Internet no Brasil são feitos por adolescentes ou jovens. O interesse pelo estudo de línguas aumenta.A aprendizagem de línguas, principalmente do inglês, é um dos motivos principais para o sucesso dos projetos. Os alunos enviam e recebem mensagens, o que exige uma boa fluência em língua estrangeira. Com programas de comunicação na Internet em tempo real, a necessidade de domínio de línguas estrangeiras é mais percebida.

Em programas de IRC, de audiofone (como o Iphone), de videoconferência, os alunos escrevem ou falam ao vivo, com rapidez. Outro resultado comum à maior parte dos projetos na Internet confirma a riqueza de interaçõesque surgem, os contatos virtuais, as amizades, as trocas constantes com outros colegas, tanto por parte de professores como dos alunos.

4.ALGUNS PROBLEMAS APRESENTADOS NESSE PROCESSO.

Temos muitos dados, muitas informações disponíveis. Na informação, organizamos os dados dentro de uma lógica, de um código, de uma estrutura determinada. Conhecer é integrar a informação no nosso referencial, no nosso paradigma, apropriando-a, tornando-a significativa para nós. O conhecimento não se passa, o conhecimento se cria, constrói-se. Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. Não procuram o que está combinado, deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal.

Há informações que distraem, que pouco acrescentam ao que já sabemos, mas que ocupam muito tempo de navegação. Perde-se muito tempo na rede. Onde mais se percebe isso é ao observar a variedade de listas de discussão e newsgroups sobre qualquer tipo de assunto banal. Mas, em contrapartida, a Internet espelha nessas listas os desejos reais de cada um de nós, sem termos o controle do Estado ou de outras instituições, que, em outras mídias, sempre estão "orientando-nos", oferecendo-nos os "melhores" produtos econômicos e culturais.

Constato também a impaciência de muitos alunos por mudar de um endereço para outro. Essa impaciência os leva a aprofundar pouco as possibilidades que há em cada página encontrada. Os alunos, principalmente os mais jovens, "passeiam" pelas páginas da Internet, descobrindo muitas coisas interessantes, enquanto deixam por afobação outras tantas, tão ou mais importantes, de lado.

É difícil avaliar rapidamente o valor de cada página, porque há muita semelhança estética na sua apresentação, há muita cópia da forma e do conteúdo: copiam-se os mesmos sites, os mesmos gráficos, animações, links. Nem sempre é fácil conciliar os diferentes tempos dos alunos. Uns respondem imediatamente. Outros demoram mais, são mais lentos. A lentidão pode permitir maior aprofundamento. Na pesquisa individual, esses ritmos diferentes podem ser respeitados. Nos projetos de grupo, depende muito da forma de coordenar e do respeito entre seus membros.

A participação dos professores é desigual. Alguns se dedicam a dominar a Internet, a acompanhar e supervisionar os projetos. Outros, às vezes por estarem sobrecarregados, acompanham à distância o que os alunos fazem e vão ficando para trás no domínio das ferramentas da Internet. Esses professores terminam pedindo aos alunos as informações essenciais. Em avaliações dos projetos educacionais que utilizam a Internet, há queixas de que muitos professores vão deixando de estar atentos aos projetos dos alunos, que não se atualizam, não mexem no computador e empregam mal o tempo de aula e de pesquisa.

Professores e alunos se relacionam com a Internet, como se relacionam com todas as outras tecnologias. Se são curiosos, descobrem inúmeras novidades nela como em outras mídias. Se são acomodados, só falam dos problemas da lentidão, das dificuldades de conexão, do lixo inútil, de que nada muda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: o desafio de integrar a internet em um novo paradigma educacional

Ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando se está integrado em um contexto estrutural de mudança do processo de ensino-aprendizagem, no qual professores e alunos vivenciam formas de comunicação abertas, de participação interpessoal e grupal efetivas.

Caso contrário, a Internet será uma tecnologia a mais, que reforçará as formas tradicionais de ensino. A Internet não modifica, sozinha, o processo de ensinar e aprender, mas a atitude básica pessoal e institucional diante da vida, do mundo, de si mesmo e do outro.

O essencial é integrar, integrar a Internet com as outras tecnologias na educação – vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais avançado com as técnicas convencionais, integrar o humano e o tecnológico, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa, aberta. Há um pouco de confusão entre tecnologias interativas – que permitem participação – e processos interativos.

Uma tecnologia pode ser profundamente interativa, como, por exemplo, o telefone, que permite o intercâmbio constante entre quem fala e quem responde. Isso não significa que automaticamente a comunicação entre pessoas, pelo telefone, seja interativa no sentido profundo.

Com a Internet fala-se das inúmeras possibilidades de interação, de troca, de pesquisa. Elas existem. Mas, na prática, se uma escola mantém um projeto educacional autoritário, controlador, a Internet não irá modificar o processo já instalado. A Internet será uma ferramenta a mais que reforçará o autoritarismo existente: a escola fará tudo para controlar o processo de pesquisa dos alunos, os resultados esperados, a forma impositiva de avaliação.

Os alunos, eventualmente, ou alguns professores poderão estabelecer formas de comunicação menos autoritárias, mas, para isso, precisam contrariar a filosofia da escola, mudando-a por conta própria, sem o endosso institucional.

Compreendo perfeitamente que a Internet é uma ferramenta fantástica para buscar caminhos novos, para abrir a escola para o mundo, para trazer inúmeras formas de contato com as pessoas. Mas essas possibilidades só se concretizam, se, na prática, elas estão atentas, preparadas, motivadas para querer saber, aprofundar, avançar na pesquisa, na compreensão do mundo.

REFERENCIAS

CANDAU, Vera Maria (org). Reinventando a escola. 3.ed. Petropolis-RJ, Vozes, 2002.

ELLSWORTH, Jill. Education on the Internet. Indianápolis, Sams Publishing, 1994.

GILDER, George. Vida após a televisão; vencendo na revolução digital. Rio de Janeiro, Ediouro, 1996.

LASMAR, Tereza Jorge. Usos educacionais da Internet: A contribuição das redes eletrônicas para o desenvolvimentoe programas educacionais. Brasília, Faculdade de Educação, 1995.

PACHECO, Elza Dias (org). Televisão, criança, imaginário e educação.3.ed. Campinas-SP, Papirus, 1998. – Coleção Papirus Educação.

PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994.

WEISZ, Telma. SANCHES, Ana. O dialogo entre o ensino e a aprendizagem. s.ed. São Paulo, Ática, 2000. – Coleção Palavra de Professor.



Autor: Priscilla Lima


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