REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O SISTEMA ECONÔMICO VIGENTE E O MEIO AMBIENTE



Passamos por um período de transição pragmática tanto no plano epistemológico como societal, e em particular, com relação a este último, só o tempo poderá nos dizer se os resultados serão melhores ou não.

Questões como governança e desenvolvimento sustentável embora inseridas no contexto de política ambiental ou política do meio ambiente, são tão complexas como o próprio tema ao qual fazem parte. A confusão é tamanha que quando se fala em ciências do ambiente somente se pensa em ecologia, quando na realidade deve ser tratado de forma mais ampla, dentro de uma visão social mais completa inserindo atenções a várias outras ciências como antropologia, economia, política, direito, etc.

A participação de novos atores não governamentais para o sucesso e primazia da governança fica em xeque quando se percebe interesses políticos partidários e econômicos manipulando-os. Já com relação a sustentabilidade, como podemos desenvolver uma economia de forma qualitativa ao invés de quantitativa, diante de tanta desigualdade sócio-econômica? O modelo global imposto ao mundo após ‘a queda do muro de Berlin’, seja por meio da comunicação ou economia, foi um facilitador para ‘esparramar’ a tradição ocidental que na sua essência coloca o homem no centro do universo, medida de todas as coisas, na consagrada expressão ‘protagoriana’, amante da precisão e da propriedade de definições e conceitos.

O atual modelo globalizador vem conseguindo corroer até mesmo culturas milenares cuja atitude conceitual refratária e concepções mais harmônicas até pouco tempo eram predominantes. Em função de um ilusionismo conceitual de que o homem se coloca no centro de tudo e não no centro de uma vida particular e através do paradigma mecanicista e dualista dominante, a natureza está em apartado do ser humano, e entender o paradigma holístico qual faz parte o tema é bastante complexo.

Mesmo dentro do próprio ambientalismo holístico encontra-se dicotomias: de um lado os mais conservadores defendendo um ambientalismo pouco profundo, onde a proteção ambiental decorre do fato de que a natureza tem valor instrumental para nós, seres humanos, uma corrente dominante com base no antropocentrismo; no embate, outra corrente com base no biocentrismo que reconhece direitos intrínsecos à própria natureza, hostilizando o pragmatismo de matiz humanista.

O homem no longo de sua existência consolidou a idéia de que a natureza existe para ser dominada e não conservada, chegamos ao ápice de uma sociedade moldada sobre uma filosofia visando o ‘ter’ ao invés do ‘ser’, cuja necessária racionalidade coletiva é difícil de ser implementada.

O imediatismo alavancado pelo capitalismo, alicerçado em um consumismo frenético afetou até mesmo o campo das ciências e tecnologias. Segundo a grande maioria dos estudiosos sobre a relação entre economia e meio ambiente, uma das formas de se atingir a sustentabilidade seria a distribuição homogênia das tecnologias. Mas qual tecnologia? Se ela própria é criada e disseminada de forma irresponsável e aética e teve sua parcela de culpa no atual caos ambiental. Atualmente aplica-se uma ‘ciência sem consciência’ , que não leva em conta o sagrado princípio da precaução, só objetivando o lucro imediato.

Como implantar a participação e o cooperativismo social necessário para a necessária governança do século XXI em nosso país se o principal protagonista, a população, não conta com uma educação voltada para o pensar a realidade do nosso presente?
Autor: HERÁCLITO NEY SUITER


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