NEM SEMPRE O QUE É BOM PARA O MUNDO É BOM PARA NÓS



Infelizmente, a Globalização tem sido usada de maneira manipuladora pelos países dominantes. Como isto acontece? Simplesmente porque, depois da guerra fria o mundo deparou com dois problemas cruciais: a questão da energia (petróleo, eletricidade) e da matéria-prima (minerais, vegetais, ouro, manganês, silício etc.). No primeiro caso, o petróleo, como fonte de energia, é limitado na medida em que não se renova. Os Estados Unidos e os países árabes enriqueceram com o petróleo quando descobriram reservas em seu solo. No entanto, os países dominantes não têm reservas energéticas renováveis, não são ricos em recursos hídricos nem minerais. Para se ter uma idéia, os EUA só tem reserva de petróleo para mais cinco anos de consumo, o Japão, para quatro meses. Os principais minerais hoje utilizados na informática e na indústria (bauxita, manganês, silício, entre outros) estão localizados ou no Brasil ou em outros países menos desenvolvidos. O Brasil possui quase que 100% das reservas de silício do planeta, mineral este que é usado intensamente na indústria eletrônica.                                Resumidamente, em longo prazo, um controle das fontes de matérias-primas e energia renováveis por parte dos países donos destas reservas seria capaz de mudar o atual quadro econômico mundial. Os americanos, os japoneses e os alemães perderiam sua hegemonia econômica frente ao nascimento de novas nações donas dos recursos imprescindíveis para o mundo. O Brasil, por exemplo, tem pelo menos 50% das espécies vegetais e animais do mundo inteiro. Quem possuir estes recursos poderá estar à frente em áreas que futuramente serão estratégicas para a civilização, como a biotecnologia, a biogenética, a produção de novos medicamentos, etc.

            A Globalização tem o poder de colocar à disposição dos países desenvolvidos estas fontes de energia e recursos, pois combate o protecionismo e o nacionalismo. No entanto, contraditoriamente, os EUA é o país mais protecionista das Américas e o Japão também tem fortes barreiras à entrada de produtos estrangeiros em seu país, as chamadas barreiras técnicas.

            Não devemos ser contra a Globalização, pois ela é irreversível, mas devemos questionar o que podemos ganhar ou se apenas estamos sendo manipulados. Não devemos permitir a manutenção do atual estado de miséria e desemprego que enfrentamos em troca do adjetivo de estarmos "globalizados". Devemos, acima de tudo, perceber o poder que temos de melhorar nossa vida e transformar o Brasil em um país desenvolvido. O momento atual nos favorece - e muito. Para isso é necessário que nossas elites sejam mais patrióticas, menos americanizadas. Não podemos achar que o que é bom para o mundo é bom para nós. Temos como impor nossas próprias regras e jogar pesado em nível mundial, pois temos uma imensa capacidade de exploração de nossas riquezas.
Autor: HERÁCLITO NEY SUITER


Artigos Relacionados


No Vale Terá Tura

Divagando

O Processo Da Independência Do Brasil

Theo De Carvalho - Segundo AniversÁrio

SolidÃo...

Embaixo Do Calçadão...

O Xiita E Sua Prece