COMO PROMOVER A INCLUSÃO ESCOLAR, ENFRENTANDO AS MUDANÇAS PROPOSTAS PELO PARADIGMA DA INCLUSÃO



 

COMO PROMOVER A INCLUSÃO ESCOLAR, ENFRENTANDO AS MUDANÇAS PROPOSTAS PELO PARADIGMA DA INCLUSÃO

      

Profº Raul Enrique Cuore Cuore

 

Antes de nada devemos entender que inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física ou mental, para os superdotados, todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo.

A Declaração de Salamanca, na Espanha, reafirmou o direito de todas as pessoas à educação, conforme a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948 nas Nações Unidas. A discussão na Espanha culminou com a assinatura do documento “Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência”. De acordo com essas normas, os estados são obrigados a garantir que a educação de pessoas com deficiência seja parte integrante do sistema educativo.

As Atitudes até então tomadas pela Escola para integrar todos os alunos indistintamente, tem sido excludentes, segregativas e conservadoras em todos os seus níveis: básico, médio e superior. O desafio de incluir todos os alunos no ensino regular tem encontrado diversas barreiras.

Embora haja problemas com a igualdade e diferença no sentido de se perceber de que lado nós estamos, quando defendemos uma ou outra ficamos com a firme convicção de privilegiar a diferença concordando com Santos (1999): “temos o direito à igualdade, quando a diferença nos inferioriza e direito à diferença, quando a igualdade nos descaracteriza!”.

O que faz uma Escola ser inclusiva é um bom projeto pedagógico. Ao contrário do que muitos pensam, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. Envolve um processo de reforma e de reestruturação das Escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso às oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela Instituição de Ensino. Isso inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros dos alunos.

O simples fato de colocar alunos lado a lado, deficientes ou não, não garante, por si só, a manifestação de interações e formas de ajuda positivas, podendo mesmo ocorrer atitudes negativas. É, sem dúvida, enorme a capacidade dos alunos se ajudarem mutuamente. Mas para que esta capacidade se manifeste em toda a sua plenitude é necessário que os professores liderem o processo, encorajem e cooperem com os alunos.

Os professores colocam seu  temor, diante do sistema educacional e social inclusivo, de serem cobrados e avaliados como incompetentes ao não conseguir atingir o objetivo de ensinar os alunos com deficiência. A forma como o professor vê o seu aluno acaba muitas vezes por determinar a sua interação com ele, seu desempenho como estudante e de suas possibilidades de aprendizagem. Estas representações são conhecimentos construídos na experiência escolar, mas que não é tão facilmente observável para o professor quanto a absorção dos conteúdos curriculares.

Treinar os docentes para esta nova realidade de inclusão, através de palestras, oficinas ou trocas de experiências entre profissionais é fundamental. Transmitir-lhes informação, conhecimento, desenvolver habilidades e incentivar atitudes; como tratar, falar ou não da deficiência, oferecer ou não ajuda, LIBRAS (linguagem brasileira de sinais), acessibilidade, enfim, o dia-dia e o convívio com as diferenças em sala de aula.

Faz-se urgente enfrentar o desafio da inclusão escolar e de colocar em ação os meios pelos quais ela verdadeiramente se concretiza. Por isso, é necessário promover uma reforma estrutural e organizacional de nossas Escolas comuns e especiais. Criar uma única Escola capaz de oferecer condições de aprender, na convivência com as diferenças, desenvolvendo assim um cidadão pleno.

A inclusão não tem um fim, pois ela representa, em sua essência, mais um processo do que um destino. A inclusão representa, de fato, uma mudança conceitual e nos valores culturais para as Escolas e para a sociedade como um todo. Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes de ensino, fazendo pressão para o cumprimento da lei. O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as Escolas a entender o seu papel social na inclusão.

referências

SANTOS, Boaventura de Souza. A construção multicultural da igualdade e da diferença. Coimbra: Centro de Estudos Sociais. Oficina do CES nº 135, janeiro de 1999.

UNESCO – MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA DA ESPANHA – DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E LINHA DE AÇÃO – CORDE – Ministério da Justiça – Brasília, 1997.

 


Autor: Profº Raul Cuore


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