Quando é Hora de Desistir de Procurar o Amor Ideal



Quando adolescentes, vivemos em um círculo de amizades, paqueras, festas, magia e todo mundo para nós é a pessoa ideal.

 

Apaixonamos-nos por aquele menino ou  menina que convive com a gente, e temos certeza que é a pessoa mais perfeita do mundo. Pois, nosso ideal de amor perfeito ou ideal ainda não está muito claro pela pouca experiência de vida e de amores.

 

Após a adolescência, em uma fase mais adulta, nem sempre queremos aqueles que convivem em nosso círculo de amizades, buscamos pessoas diferentes, atraentes, interessantes, inteligentes, que os enlaces matrimoniais nos façam felizes para o resto de nossas vidas.

 

E geralmente é nesta fase que nos casamos, cheios de ilusões, certezas quanto ao futuro, aos filhos que teremos e a vida que sempre sonhamos para nós.

 

Nesta fase também, vivemos as maiores emoções, a entrada triunfal em uma igreja cujos anjos cantam a marcha nupcial, a lua de mel, a primeira casa, o nascimento do primeiro filho e os vários planos feitos a dois.

 

Por mais que a civilização tenha milhares de anos, ainda não consegue conviver com o fato de que tudo é transitório, tudo é mutável, tudo se transforma, absolutamente tudo.

 

As primeiras mudanças ocorrem com a falta de dinheiro, a perda do emprego, as brigas rotineiras, a falta de privacidade pela presença dos filhos, os defeitos e manias do outro que não conhecíamos, a falta de tolerância, paciência e compreensão,  enfim, vivemos as nossas primeiras decepções.

 

Muitos não conseguem sobreviver a esta fase nefasta e acabam se separando e pondo por terra todos os sonhos, levando com eles a frustração do parceiro ou parceira e principalmente dos filhos que têm nos pais seus mitos, seus heróis.

 

A dor de uma separação ou o fim de algo em nossas vidas, doe, chega a doer tanto que muitas vezes temos certeza que não sobreviveremos a tantas cobranças, problemas, lágrimas, solidão e por um coração fatalmente em pedaços.

 

Mas, como tudo sempre muda e o tempo é implacável, cedo ou tarde nos recuperamos. Lógico que não somos mais os mesmos, muitos sentimentos, sonhos, ilusões e visão futura se dissolvem em nossas almas e esperanças.

 

Fatalmente, descobrimos dolorosamente que não somos mais os mesmos e que nunca mais seremos.

 

Com o decorrer dos dias e anos, continuamos com sonhos, ilusões futuras e a busca pelo ser ideal, mas com mais seletividade, serenidade e até desconfiança por medo de cometermos os mesmos erros.

 

Enfim, várias pessoas passam pelas nossas vidas, algumas por uma noite, outras por algumas noites e poucas até por alguns anos. E, finalmente resolvemos reconstruir o velho sonho de completarmos a outra parte que falta e acabarmos de vez com a solidão que nos assombra cada dia mais.

 

Bem, desta vez já não vamos com tanta sede ao pote, temos os pés mais plantados ao chão, ficamos mais tolerantes, mais pacientes, compreensivos e até sedemos em algumas coisas para que o relacionamento seja até o final dos nossos dias.

 

Passam-se os anos e percebemos que a frustração, decepção, intolerância, falta de paciência estão lá, firmes e fortes, talvez até mais intensa do estivesse antes.

 

Finalmente, estamos na meia idade, também chamada idade da sabedoria, das escolhas tão pensadas que muitas vezes nos escapam das mãos porque demoramos demais para fazê-las.

 

Então, percebemos que não existe um ser ideal, o príncipe ou princesa encantada, nossa tão desejada alma gêmea ou o outro pedaço que faltava de nós, existem pessoas, que assim como nós, um dia tiveram a ilusão que o ser ideal estaria neste planeta e ao alcance de nossas mãos.

 

 

 


Autor: Sandra Regina da Luz Inácio


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