Violência e a Lição de Casa



Penso que enquanto estivermos assistindo calados toda a violência que os meios de comunicação despejam em seus respectivos meios, qualquer debate, medida ou lei se tornará inócuo ante o crescente problema da violência, que não apenas do Brasil. Freqüente acompanhamos cenas de violência e barbárie em países dos europeus.

Os filmes de violência que são apresentados após as 22:00 h têm suas mais fortes cenas apresentadas durante todo o dia. Independente se é o horário da programação infantil ou não. As crianças recebem bombardeiros de imagens com toda a sonoridade construída para produzir todos os efeitos que os produtores construíram.

Existe um canal denominado de futura que é finaciado pela Fundação Roberto Marinho, a mesma entidade que “ampara” a Rede Globo de Televisão. A pergunta é a seguinte: por quê para as crianças cujos pais podem pagar são exibidos desenhos educativos, enquanto no programa de Xuxa são exibidos os desenhos violentos? Por que não pode ser o inverso? Oferecer uma programação educativa para quem não tem escola, não tem roupa ou refeições regulares? O que esperar destas crianças? A é lição de casa: “Menino, grite, pule, quebre, bata não seja tolo revide a tudo e para todos. É seu dever defender a Terra dos inimigos”.

Os “marginais”, ou marginalizados, têm maior ibope que qualquer cientista brasileiro. Entre divulgar a foto de qualquer corrupto da política nacional e a da cientista brasileira que concluiu uma pesquisa internacional sobe o genoma humano, a corrupção sempre ganha. Alias, o único punido na Câmera dos Deputados foi o delator do esquema. Qual é a lição de casa das crianças? “Olha, veja, silencie ou participe. Se você disser algo, nós te pegamos”. Todos os outros corruptos foram absorvidos menos o delator do esquema, Deputado Geferson.

Qual é o estímulo que os meninos recebem para continuar estudando para ganharem um salário de fome? Eles sabem que se souberem fazer uns dois dibles com a bola podem ganhar muito mais dinheiro que o Presidente da República. A lição de casa é: “Menino! Deixa de pedir pra comprar livros (caríssimos) e vai jogar bola. Quem sabe você não vira um Ronaldinho gaúcho e vai morar na Europa?”

Aqui em Salvador já houve uma lei municipal que proibia a exibição das revistas pornográficas, e estas deveriam estar em local reservado da banca de revistas. Antigamente os motéis obedeciam um determinado perímetro para serem construídos. Hoje, integram a paisagem social dos centros urbanos sem maiores problemas. A lição de casa: “Quanto maior o número de motéis, mais terreno ganha a corrupção e o crime organizado”. Outro tipo de alerta está declarada na música: “O tempo não para”, de Cazuza

Penso que enquanto não nos mobilizarmos no sentido de exigir que as programações das emissoras de televisão sejam melhoradas, nenhuma Lei poderá trazer qualquer anestésico. “O cinema, o teatro, o circo podem ser pornográficos que eles estão lá. Mas a televisão precisa ter um maior controle porque ela invade nossas casas”, frase de conferência de um delegado de polícia. Esta violência tem uma raiz que é moral, e agregada a esta crise social, temos uma mídia corrompida em seus valores e propósitos de trabalho. Até a Rede Record que é de um forte grupo religioso, apresenta filmes cujo foco central é a violência, quando poderiam estar seguindo seus objetivos mais elevados.

As boas ações, os gestos de humanidade, as maravilhosas doações feitas por empresários e pessoas anônimos não recebem o maior ibope. Existem presídios agrícolas em Pernambuco, e projetos de integração dos presos em São Paulo, que atuam padarias, possibilitando uma reintegração de presos com penas leves.

Senhores patrocinadores e investidores que tal patrocinar idéias e projetos de engrandecimento nacional? Que tal adotar uma creche e evitar o fomentar de futuros marginalizados? Quem sabe assim, este país tire o pé da jaca.


Washington da E. Bacelar
Professor.

Autor: Washington Bacelar


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