Pessoais lucubrações filosóficas



Pensar sobre nós mesmos como o "texto no contexto", pode fazer com que nos conheçamos um pouco mais e sejamos cada dia que passa melhores criaturas. , para que construamos mais pontes de amor que nos unam aos nossos semelhantes



Não creio em coincidências. Acredito que tudo ocorre no momento exato em que deve ocorrer e não quando planejamos. E isso faz com que muitas vezes fiquemos ou decepcionados ou desapontados . Quando escrevi "Quem és?", foi porque me fizeram esta pergunta e não pude respondê-la de imediato. Tive que pensar por alguns minutos e só depois respondi. Não uma resposta completa, ampla... Não! Tinha certeza de que não estava completa. Muito faltava.

Confesso que, a princípio, não me parecera difícil responder. Todavia, quando senti que tinha que "pensar" para fazê-lo, entendi que não era tão fácil quanto pensara o seria ,o que me levou por sua vez a crer : quem me indagara , teria também dificuldade em responder a essa pergunta se lhe fosse ela feita.

"Pensar" ? Sim, "pensar" para dizer quem sou... E eu que pensara conhecer-me há anos... A resposta que dei à indagação feita, não me satisfez. E, por dias seguidos, entre um afazer e outro - e até mesmo durante os mesmos, a pergunta recorrente vinha-me à cabeça. Quem sou , mesmo? Sou a criatura na qual me tenho transformado durante o perpassar do tempo? Já sou o "produto final" do meu Ser? Haverá ainda mudanças em mim? Se houver, afetarão minha essência? Aliás, esta pergunta é de extrema importância : é primacial mesmo para a transcendência do Ser: a essência pode ser modificada?
Quanto mais me perguntava, perguntas outras surgiam, como em cascata, levando-me a perder mesmo horas de sono a pensar em respostas que fossem sinceras. O que realmente deve ser levado em consideração em uma criatura? O material: a aparência física, a saúde, a inteligência refletida em ações diversas, o conhecimento materializado em concretos objetivos ou o imaterial: a alma, o que transcende o físico que aqui se deixa? É factual e pode chegar a acaciano : o corpo físico passa por diversas mutações durante o transcorrer da vida. Sofre paulatinamente a ação deletéria do tempo. Alguns de nós, por causas genéticas ,cuidados vários ou mesmo - e ainda , por bondade da Mãe Natureza, conseguimos manter a aparência jovem por um período bem maior que nossos companheiros de jornada.

Não devemos, todavia, iludirmo-nos: somos como máquinas cujas peças se vão deteriorando com o uso, chegando mesmo, em certos casos, a não mais poder cumprir sua função. Este fato inconteste levou a ciência ao estudo da possibilidade há muito iniciada: a "substituição de peças defeituosas". Há transplantes para a maioria de nossos órgãos e até mesmo para partes de corpos que foram desfiguradas, como faces ,p.ex . Há , outrossim ,a reimplantação de membros decepados. Por outro lado são substituídos por próteses , joelhos , quadris ,bem como substiuídos os dentes...cabelos ... a lista é extensa .

Quanto ao imaterial - a alma - essência de todos nós, pode ela ser mudada? Pode ela melhorar? Tenho eu aperfeiçoado a minha alma? Afinal, quem sou eu? Sou aquela que todos pensam conhecer, mas na verdade não conhecem? Sou aquela que demonstro ser pela educação e instrução que tive? As perguntas de certa forma invertidas , logo seguiam-se : e se eu não tivesse sido educada pelos meus e se eu não tivesse estudado como estudei - e continuo sempre a estudar - seria como sou ou seria pior? Muitos "ses"... nehuma resposta satisfatória...

Assim, continuei a perguntar-me e continuo a fazê-lo. Tenho mesmo a compreensão e o entendimento que julgo ter sobre o que realmente é importante para o ser humano? Pergunto-me, inclusive freqüentemente: posso ainda melhorar? Ah! Esta resposta eu sei: sim, posso . Mesmo sabendo que jamais alcançarei a perfeição , sei que posso melhorar . Muito mesmo .

Confesso humilde e sinceramente: sentimentos não muito nobres ainda me chegam à alma, como a raiva às vezes incontida quando percebo e vejo tanta indiferença, descaso e até mesmo tanta maldade para com nossos semelhantes...

Sei que não deveria sentir essa raiva, gerada pela indignação mesmo de ver tantas iniquidades ocorrerem com frequência. tal que chegam a ser diuturnas . Não entendo esta minha reação. Sinto-me parte da Alma Universal, pequenina partícula do TODO, de Deus. Qual a razão, então de eu ainda apresentar tantas fraquezas e cometer tantos erros? Policio meus atos - todos. Sou extremamente rigorosa comigo mesma. Exijo de mim sempre o máximo. O agravante é que tenho plena consciência de meus atos. Sei quando erro. E isto, quando ocorre, chega a consumir-me em arrependimento. Não cometo maldades, é verdade. Pelo menos, não intencionalmente. Não faço ninguém sofrer. Ao contrário , sempre que estiver ao meu alcance , de tudo faço para minorar os males alheios , seja material seja espiritual , ou mesmo um simples agir , como um sorrir para alguém menos afortunado que eu , ao dar-lhe um adjutório , ou um afago no rostinho de uma criança que encontre na rua a pedir para comprar-lhe balas... Participo de todo e qualquer movimento em prol de pessoas necessitadas , injustiçadas , maltratadas que nunca vi e provavelmente nunca verei pois que habitam em partes distantes do orbe.

Reconheço quando erro e não me envergonho em desculpar-me. Sinto-me no dever mesmo de pedir perdão a quem ofendi. Não consigo descansar a mente e o coração enquanto não vier a retratar-me. Porém, este meu agir não me faz sentir feliz comigo mesma. Sei e sinto que poderia, sim, ser muito melhor do que sou. Por que então não me esforço mais ?
Quanto à alma... o que é a alma? A resposta certa, precisa, ninguém sabe.
Há mais de quinhentos anos, perguntaram ao grande orador sacro padre Antônio Vieira, o que era a alma (lembro que Vieira era considerado o homem mais inteligente e preparado de sua época... razão pela qual foi perseguido e maltratado por sua própria Ordem). Vieira respondeu ao seu interlocutor:
"Quereis saber o que é alma?" ...."Olhai primeiro para um corpo sem vida"...

Esclareço que quando li o que acabo de transcrever acima , nem bem tinha saído de minha adolescência e, desde então, essas sábias palavras foram gravadas para sempre em minha memória. E tanto e de tal forma que a todos os velórios aos quais tenho sido obrigada a ir, olho automaticamente para o rosto da criatura que no seu último leito jaz. Vejo, literalmente "vejo" - que a vida dela se foi...ie: a "anima" o que anima, o que "dá vida" ao corpo, à parte física, não mais está naquele corpo. Então, se alma e corpo estão interligados, e sendo a alma a vida do corpo, como é minha alma? Sim, sem ela eu não estaria viva... a "máquina" não estaria funcionando - nem poderia...

Ressalto que não estou aqui a discorrer sob a ótica da Medicina, que considera morta a criatura quando seu cérebro para de funcionar. Minha ótica é a da Metafísica... e sempre pensei assim - mesmo quando nem sabia o que significava realmente a palavra "Metafísica".

"De onde vim, quem sou, para onde vou"... Sei que esta pergunta vem desde que o homem começou a pensar, mesmo que de forma primitiva. Sei também que a grande maioria dos filósofos tem pensado há séculos sobre estas perguntas.Não estou preocupada em ser original , mas verdadeira .

Portanto, se ninguém ainda, passados milhares de anos, soube a resposta, como poderia eu sabê-la? É uma pergunta que me farei durante todos os dias de minha vida.Esta pergunta demanda resposta honesta , sem paralogismo , Certamente não a obterei . Não enquanto viva .

Somos todos mistérios únicos, o que torna ainda mais instigante e intrigante continuar a indagar...

Talvez por isso que Bhagwan Shree Rajneesh,disse: "A vida não é um problema para ser resolvido, mas um mistério para ser vivido.Os mistérios não podem ser resolvidos- H20 não é um rio - mas eles podem penetrar em você. Muitas vezes, na atividade de buscar, descobrir, nós nos fechamos para aquilo que buscamos, pela própria tensão que a busca causa."

Não me vou 'fechar' para o que busco ... continuarei a buscar , a refletir , o que é a vida , senão busca contínua ?
Autor: mirna albuquerque


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