Panificação na Educação Especial



PANIFICAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

De extrator, tornou-se o homem, agricultor plantando cereais, moendo-os em farinhas, dando assim origem ao "Pão Nosso de Cada Dia". Pois, todo ser vivo necessita de oxigênio, água e do alimento para sobreviver.

Estima-se que há 12 mil anos, na Mesopotâmia já havia o cultivo do trigo. Arqueólogos, afirmam que era colocada a massa sobre pedras quentes e coberta com brasas e cinzas quentes para assar o pão.

Foi no Egito que passou a ser assado em formas de argila quando inventaram o forno de barro. Surgiu como uma expressão artística. Recebeu formas geométricas e foi utilizado até como forma de pagamentos, tamanha importância que o pão adquiriu.

Na Grécia foi atribuído como receita dos deuses. Sendo inserido no Império Romano, recebeu o nome latino "PANIS".

No 1º século da era cristã, a tão importante arte da panificação toma lugar junto à escultura, arquitetura, literatura etc. A tal ponto que o prestígio e popularidade dos imperadores romanos eram medidos pela distribuição de pães ao povo. Daí a origem da afirmação de que "havendo pão, água e circo, não haverá revolução popular".

HISTÓRICO DA PRIMEIRA ESCOLA DE PANIFICAÇÃO

Foi no Império Romano a criação da Primeira Escola para criar novas técnicas de moagem para produção de uma farinha mais clara. Foram catalogados 258 padeiros, e aproximadamente 200 padarias em Roma.

Após a queda do Império Romano, os pães começaram a serem produzidos nos castelos, conventos, mosteiros e iniciam a produção do pão em cada casa.

No Ocidente Europeu, no século XII surge o miolo branco e a casca dourada como conhecemos hoje o chamado "pão francês". A França passou a ser considerada como Centro Mundial de fabricação de pães. As vésperas da Revolução Francesa, Maria Antonieta, rainha da França, foi informada que o povo passava fome com a expressão: "___ Eles não tem pão, Alteza".

Na Capadócia a água foi substituída por leite recebendo a denominação: " Pão à moda da Capadócia" e as variações das receitas são infinitas.

Em 1955 no II Congresso de Panificação homenageando a rainha de Portugal, relatada na história de Santa Isabel, que ao ser abordada na distribuição de pães aos pobres, ocorreu uma transformação destes em pétalas de rosas, instituíram 8 de Julho como Dia do Padeiro.

Em 2000, em Nova York, foi instituído como Dia Internacional do Pão, 16 de Outubro.

No Brasil, Gilberto Freire, o sociólogo que escreveu Casa Grande e Senzala, registra o preparo de pão caseiro no nordeste, em 1839. Mesmo sendo um país tropical que requer menos calorias diárias, ainda hoje o pão está presente no café da manhã na mesa de quase todos os brasileiros.

Como se tudo isso não bastasse para demonstrar a importância do pão, ele é elemento místico em muitas religiões.Em comunidades antigas, os pães eram utilizados no tratamento de doenças, com ervas, folhas e raízes na massa do pão. No judaísmo, todo o pão é abençoado antes de cada refeição. No Islamismo o pão é considerado uma dádiva de Alá. Nos países cristãos o pão simboliza o Corpo de Cristo. Na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, predominante em todo o Ocidente, a farinha toma a forma de hóstia, que se transubstancia no sacramento da comunhão.

O Partilhar do Pão

Primitivos partilhavam suas caças ao redor de fogueiras. Não há muito, as famílias sentavam-se à mesa, num verdadeiro ritual, ouvindo reverentemente palavras do patriarca abençoando os alimentos a serem ingeridos.

A urbanização cresce, com o desenvolvimento tecnológico no processo agrícola. Deixa de absorver mão de obra à medida que vai sendo substituída por implementos agrícolas, promovendo a emigração do campo, a maior concentração urbana e a busca de emprego na indústria.

O ato de saborear uma refeição coletiva vem se transformando, gradativamente, num "evento". Pois, até o início do século XX, o papel da mulher restringia-se ao cuidado do lar e da alimentação de sua família. A empregabilidade feminina em todos os setores da sociedade faz aumentar demanda de clientela e a empregabilidade, no setor da gastronomia. Pois, processo de industrialização passa a absorver a mão-de-obra feminina, retira a presença materna no lar e dificulta as reuniões familiares pela rotatividade nos horários de trabalho.

Já existem residências, onde os elementos de uma mesma família, apenas, dividem as despesas de um teto, sem oportunidade de usufruírem a companhia um dos outros, por trabalharem em horários diferentes.

A família nuclear, estatisticamente cada vez mais sem filhos, num extremado individualismo, transformou o partilhar o pão diário, num acontecimento eventual. Num sucessivo processo histórico o partilhar do pão transforma-se num evento especial. O pão passa a ser comido sozinho; de pé; o mais rápido possível; num nem simples balcão de lanchonete; cada vez menos nutritivo; com o máximo de fermento que favorece o processo lucrativo, e a sua durabilidade é reduzida para poucas horas.

Tornando-se mais apreciado "o pão quentinho", para logo após, ser considerado como sendo "velho ou amanhecido", digno apenas de ser jogado fora como demonstra a figura que segue abaixo:

Figura 1 – Foto de celular tirada na tarde de terça-feira, 02/06/2009, na esquina da Rua Santa Rita, com Rua Candelária, atrás da Delegacia de Polícia de Itu- SP - Brasil

O Pão como Ferramenta para Educar novas gerações

Sei que parece contraditório falar em "PÀO CASEIRO E PÃO INTEGRAL" como meio de inclusão de aprendizes com necessidades especiais, se até o partilhar do pão é uma raridade neste tempo de globalização.

É exatamente isso, que faz um Projeto tão ousado dar certo com a Receita da Vovó!Hoje, num contraste com a industrialização, esses pães estão sendo cada vez mais desejados, cobiçados e comercializados a preços elevados. E para desempenhar essas mesmas tarefas, as novas gerações precisam ser treinadas, a diferença está no espaço geográfico, em vez do lar, em locais comerciais.

Preparar as novas gerações para o desenvolvimento de funções, num hotel de luxo, para que possam desenvolver todas as suas habilidades dentro de um modelo gerencial GQT (Gestão Qualidade Total), é uma tarefa deveras universitária. Pois, o desenvolvimento da ciência exige cuidados com a saúde pública na prevenção de intoxicações alimentares, a fiscalização é severa, as exigências do ISO estão aumentadas na indústria de alimentos. Onde o local é descrito como segue:

A cozinha forma um conjunto de equipamentos e instalações perfeitamente integrados para produção de refeições. A cozinha como unidade de produção, exige um estudo detalhado das instalações, dos materiais da disposição dos locais e dos métodos de trabalho. Uma cozinha bem planejada, com métodos de trabalho apropriados, torna-se altamente produtiva. (Tonon Oliveira, Juliana. Gastronomia. ETEC Itu-SP 2008, p.2)

A garantia da higiene requer cuidados especiais na área de estoque de ingredientes, dos elementos que compõem a brigada de uma cozinha, e no caso da panificação do pão caseiro, em especial as mãos que preparam e manuseiam artisticamente a massa do pão. Bem como, o cuidado com preservação do nosso planeta exige uso racionado de nossa água potável sem diminuir a qualidade do processo de higienização. Faz-se necessário ser bacharel em higienização, porém há muito que pensar se olharmos em direções diferentes.

Por exemplo, refletir se faz necessário, sobre atitudes como o uso de massinhas para modelar coloridas. Suas cores vão se misturando e o único destino final delas é agregação de mais lixo. Em vez disso, o processo de amassar, modelar, sentir o cheiro de pão caseiro quentinho, poder saboreá-lo, vê-lo colocado na vitrine de vendas, saber que o seu trabalho pode ser comprado, apreciado e ainda, saciar a fome de alguém, tem trazido respostas quase imediatas, na Educação Especial. Pesquisas realizadas na cidade de Itu comprovam a eficácia da Panificação como ferramenta de Ensino Especial e inclusão social.


Autor: Maria Ferreira


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