No, não temos BANANAS



Recebemos de uma empresa polonesa tarefa supostamente simples: encontrar um exportador de bananas no Brasil. “Yes, nós temos bananas, banana para dar e vender”, dizia a música dos anos 30. Em um país tão grande, com água disponível e clima propício, banana parece algo fácil de comprar. Mas aí começa a grande surpresa. Com os números crescentes de exportação divulgados pelo Governo e a aparente eficiência e maturidade das estruturas de comércio exterior brasileiro, parece ser o caso de apenas acessar um dos sites de promoção comercial do País, como o Brazil4export da CNI (Confederação Nacional da Indústria) ou o “Exportadores Brasileiros” mantido pelo Ministério do Desenvolvimento, fazer algumas ligações e a missão estaria cumprida. Conclusão errada.

Juntamente com o Braziltradenet do Itamaraty, o Brazil4export e o “Exportadores Brasileiros” são considerados os mais importantes diretórios de exportadores brasileiros. No entanto, chama atenção como as informações lá presentes estão desatualizadas e incapazes de gerar resultados concretos. No caso específico das bananas, o site da CNI apresenta 36 empresas cadastradas como exportadoras do produto. Dentre elas, a maior construtora do Brasil, a Odebrecht, que também está cadastrada como exportadora de ovos, minério de ferro, entre outros produtos. Contatando todas as empresas listadas, com exceção da citada, descobre-se que apenas uma das empresas tem capacidade de exportação, contudo não para a Europa. Essa empresa, de Santa Catarina, exporta apenas por via terrestre para o Mercosul. Exportar para o Velho Continente poderia ser possível, mas com custo elevado e demandando muito trabalho e tempo até que se atenda as exigências e detalhes envolvidos em uma exportação marítima de produto tão perecível.

E pasmem: 75% das empresas listadas não trabalham com o produto, seus telefones não funcionam, seus e-mails não existem ou sequer são respondidos. Muito aquém de ser um número aceitável. Descrentes com os resultados obtidos, fizemos contatos adicionais atingindo 60 empresas. Dessas, apenas uma localizada no Rio Grande do Norte tinha o produto disponível, preços competitivos, conhecimento e estrutura para o negócio pretendido.

O site “Exportadores Brasileiros”, acessível em 4 idiomas, tem para a banana e outros produtos, empresas cadastradas sem qualquer informação de contato. Trata-se de um problema básico que precisa ser urgentemente corrigido.

É de suma importância que estes sites passem por uma profunda renovação e mudança de metodologias. Nossos concorrentes no cenário internacional estão ávidos para conquistar cada vez mais mercados. A China e o Brasil ocupavam em 1983, cerca de 1,2% das exportações mundiais cada, de acordo com dados da OMC. Já em 2005, a participação do Brasil continuava nos mesmos 1,2% enquanto que a chinesa saltou para 7,5%, fazendo do gigante asiático o terceiro maior exportador do mundo. Analisando os países projetados como as maiores economias do mundo no ano de 2050, vê-se o Brasil no último lugar no quesito crescimento de exportações. No período de 2001-2005, enquanto avançamos respeitáveis 99,5% nos valores das vendas externas, a Índia cresceu 133,4%, a China 186,3% e a Rússia 139,7%. E os competidores não estão limitados a esses três países.

As exportações brasileiras estão crescendo, mas poderiam crescer a um patamar mais apropriado para o status de 10ª maior economia do planeta. É importante que as associações de exportadores, entidades de classe, empresas e consórcios de exportação reflitam sobre aspectos fundamentais: Nossos clientes estão conseguindo nos encontrar? Quando nos acham, temos profissionais qualificados para prestar informações em um bom Inglês? Caso os contatos se desenvolvam, temos capacidade de produção e qualidade para honrar os compromissos feitos? Temos assessoria adequada para efetivamente embarcar os produtos para o exterior? Realmente esperamos que sim.


Autor: Marcelo Sicoli


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