A Instituição Imaginária da Sociedade



O filósofo grego, radicado na França, Cornelius Castoriadis, nos premiou em vida com este belo trabalho revelando todo o simbolismo presente por detrás das instituições.

Crítico do marxismo, sem deixar de buscar os mesmos ideais, Castoriadis afirmava que a sociedade é o produto de uma instituição imaginária.

Antes de tentar reduzir a teoria do filósofo como um "Matrix", vamos nos aprofundar no seu pensamento.

Logo no início de sua obra, Cornelius afirma que o imaginário é uma criação indeterminada de figuras/formas/imagens, a partir das quais somente é possível falar-se de "alguma coisa". Aquilo que denominamos "realidade" e "racionalidade" são seus produtos.

Depois de fazer um vasto balanço do marxismo, o autor continua sua discussão dizendo que tudo o que nos apresentam, no mundo social-histórico, está indissociavelmente entrelaçado com o simbólico. Não que se esgote nele, mas uns e outros são impossíveis fora de uma rede simbólica. Dito de outra forma, as diversas instituições que existem numa sociedade estão cheias de elementos simbólicos, e o simbolismo está cheio do imaginário (algo inventado/construído). O imaginário deve utilizar o simbólico, não somente para "exprimir-se", o que é óbvio, mas para "existir", para passar do virtual a qualquer coisa a mais. Mas também, inversamente, o simbolismo pressupõe a capacidade imaginária. Pois implica na competência de ver uma coisa o que ela não é, de vê-la diferente do que é.

Mais adiante, Castoriadis vai argumentar que toda sociedade existe instituindo o mundo como seu mundo, ou seu mundo como mundo, e instituindo-se como parte deste mundo. Desta instituição, do mundo e da sociedade, pela sociedade, a instituição do tempo é sempre componente essencial.

Inclinando-se para a psicanálise, o filósofo continua dizendo que tudo o que existe, em qualquer domínio, se presta a uma organização conjuntista-identitária e não é congruente com esta. A representação (de qualquer coisa) só pode formar-se na e pela psiquê ( a emergência de representações acompanhadas de um afeto e inseridas num processo intencional). Diferente do que muitos pensam, o autor vai afirmar que o indivíduo não é um fruto da natureza, ele é criação e instituição social. Sociedade e psiquê são inseparáveis e irredutíveis uma da outra.

Na última parte do livro, lembrando o que Marx chamou de "fetichismo da mercadoria", Cornelius diz que as coisas sociais são o que elas são mediante as significações que elas figuram, imediatamente ou mediatamente, diretamente ou indiretamente.

Por fim, o autor termina falando que a instituição da sociedade é toda vez instituição de um magma de significações imaginárias sociais, que podemos e devemos denominar um mundo de significações.

Não é matrix, mas é tão difícil de compreender quanto. Uma viagem!

Vai pegar a estrada?


Autor: Luiz Eduardo Farias


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