''Vencemos...'' - A Luta do Cristianismo
"Vencemos..."
"- Pode vê-lo bem?
- Sim, posso – Menti.
O mosaico dourado cintilava como o próprio sol à luz da tarde.
- É o Cristo Pantocrátor, que veio para nos salvar. O rosto é especialmente bem feito.
- Sim, eu vejo o rosto – respondi com voz seca. E era verdade: o rosto severo e cruel de um carrasco.
- Mas não gosta do que vê?
- Como posso gostar, quando o que vejo é a morte?
- Mas a morte não é o fim.
- É o fim da vida.
- Desta vida...
(...)
- Isto é tudo o que temos, João Crisóstomo! Não existe nada mais. Volte as costas para este mundo e estará vendo o abismo.
Um silêncio. Então João disse:
- Não vê nenhum significado na nossa vitória? Pois nós vencemos. Tem de admitir..."
Em sua obra "Juliano", Gore Vidal mostra a luta do Imperador Juliano contra o Cristianismo e seu esforço em restituir o culto aos velhos deuses. Mas a luta do Imperador foi infrutífera, Juliano nadara contra a correnteza...
O Cristianismo surgira na Palestina e dali se difundira para o mundo. Sua base era a boa conduta, para assim livrar-se das amarras terrenas e elevar-se a outros mundos, mundos melhores – "na casa de meu Pai há muitas moradas". Tal proposta, viver num mundo onde a tristeza e o sofrimento não mais existissem, atingiu de pronto as classes desprivilegiadas, escravizadas, humilhadas, logo se formou enorme contingente de seguidores de Cristo.
Jesus é crucificado. Após sua morte e ressurreição os apóstolos, atendendo às palavras do mestre "ide ao mundo e pregai o Evangelho", se disseminaram pregando os ensinamentos de Cristo. Aquele, porém, que de fato saiu primeiro para o mundo, para pregar o Evangelho a outros povos, foi Paulo, antigo Saulo de Tarso, que, de perseguidor, passou a apóstolo fervoroso. Paulo levou o Evangelho para a Ásia Menor e Península Balcânica. A Roma cristã fortaleceu-se com a leitura das epístolas que Paulo escrevia às varias comunidades, que passaram a guardar e copiar tais epístolas, mesmo que não lhe fossem endereçadas.
Na "Cidade Eterna" os cristãos multiplicaram-se rapidamente e quando Paulo e Pedro ali chegaram os cristãos rejubilaram-se; mais que isso, pelo exemplo desses homens frente ao martírio, a morte, fortaleceram-se.Paulo, por ordem de Nero foi executado nos arrabaldes da cidade; quando chegou o momento derradeiro o apóstolo percebeu que o soldado que deveria matá-lo titubeava, devido a uma evidente admiração pelo ancião. Paulo, então, amoroso, mas também enérgico, como sempre fora, diz: "Soldado, cumpra o seu dever!"
Antes de Paulo ter chegado a Roma já haviam iniciado a perseguição aos cristãos; isso obrigava os adeptos a realizar as reuniões nas sombrias catacumbas, altas horas da madrugada. Invariavelmente, porém, eram descobertos e levados à prisão; lá, se abjurassem, eram libertos, caso contrário eram levados para a diversão do povo nos circos, seja desempenhando o papel de alimento às feras, alvo de fechas incendiárias ou como "animais" na caçada humana. As perseguições jamais amedrontaram os cristãos em Roma, pelo contrário, estimulava-os a viver e a morrer como Cristo e, se do outro lado um outro mundo, maravilhoso, os aguardava, a morte não passaria de glorioso prêmio. Era comum que aguardassem a morte cantando hinos.
Em 313 o Imperador Constantino lança o Edito de Milão, onde se confirma a tolerância religiosa, que se estendia a todos os credos. Pouco tempo depois, em seu curto reinado, Juliano tenta restituir o paganismo à grandeza de outrora e acabar com o Cristianismo tentando cortar o mal pela raiz, como por exemplo, proibindo que os adeptos dessa religião ensinassem nas escolas ou mesmo queestudassem os clássicos para que não aprendessem a arte da oratória e atacassem o paganismo com maior eloquencia.
Juliano morreu em guerra. Diz-se que por um de seus soldados, cristão.
Em 391, por fim, o Imperador Teodósio declarou o Cristianismo como religião oficial do Império Romano; o paganismo foi abolido, os templos fechados. Apagou-se para sempre o fogo sagrado das Vestais. Foi o fim de uma era, uma era brilhante.
Consummatum est...
Autor: Ricardo Freire
Artigos Relacionados
Fale Alto
O PerdÃo ( Mt. 7:24-27 )
Cavalhadas
Descrentes Do Crentes
Livre ArbÍtrio.
Filosofia Do Direito Ii
Declaração Missiológica