Uma Quebra de Paradigmas - Resenha do Livro ''A Miséria do Jornalismo Brasieliro''
Seguindo o exemplo de Honoré de Balzac, que no livro "Ilusões Perdidas" expõe o corrupto jornalismo francês do século XIX, Juremir machado da Silva critica duramente o jornalismo brasileiro, como o título de seu livro já deixa entrever. "A miséria do Jornalismo Brasileiro" é um livro composto a partir da experiência do autor na área jornalística, e mostra um quadro desolador onde alunos-modelos das escolas de jornalismo convivem com "idiotas tecnológicos" e "esquerdistas ilustrados", todos ao seu modo carregando diversas ilusões, que, semelhante ao que aconteceu com Lucien de Balzac, não tardarão a se quebrar.
E é principalmente a mostrar a realidade por trás dessas ilusões que Juremir Machado se dedica nesta obra. A imagem de um jornalista "Indiana Jones", que sai à procura de informações que podem fazer a "diferença", é rapidamente quebrada pelo autor. Ele mostra, ao invés disso, um jornalista curvado à vontade do público consumidor, sendo a mídia uma empresa que se dedica mais ao entretenimento do que à informação. Uma empresa que fabrica mitos e ídolos de acordo com o que lhe convém. Uma empresa que finge dar ao público o que ele quer, mas que, ao não lhe dar opções, condiciona-o sempre à mesma escolha. Uma empresa voltada ao lucro. Nada mais.
A principal parte da "empresa" da mídia criticada por Juremir Machado é o jornalismo cultural, no qual vigora um sistema de conivência formado pelas editoras e pela Folha de S.Paulo, jornal, que, aliás, é muito criticado durante todo o livro. Um sistema composto por um círculo vicioso, que privilegia alguns já famosos e exclui muitos. E assim livros esvaídos de conteúdo têm mais divulgação e críticas positivas que verdadeiros clássicos que passam em branco, simplesmente por que estes últimos não têm uma editora forte ou um nome famoso assinando-os.
As críticas de Juremir são afiadas e com bastante fundamento, porém o autor acaba por recair nos mesmos erros que aqueles que costumam criticar o poder da mídia apoiando-se nos mesmos e velhos argumentos: ele generaliza. Reduz tudo a poucas e categorias-clichês, que apesar de terem validade não representam o todo. Passa a idéia de que a mídia não tem mais salvação, e que não há nada a ser feito que possa mudá-la, pois o louco que tentar será subjugado por ela. Ao fim da leitura, a sensação que se tem é a de que o livro foi escrito por alguém amargurado e frustrado, que usa suas experiências pessoais como argumentos para uma crítica bastante pesada e desmesurada; a qual, devido a isso, perde muita de sua validade.
Autor: Mayara Renata
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