ALGUMAS NOTAS SOBRE A ESTRUTURA ECONÔMICA DA GRANDE PROPRIEDADE E DO SISTEMA SENHORIL DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO



Renato Carvalho

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo pontuar as relações presente na estrutura da grande propriedade e no presente sistema senhoril que se caracterizou o desenvolvimento do império carolíngio.

O Império Carolíngio e suas estruturas

Ao longo do século VIII – X, segundo Le Goff (p.43) "A reconstituição da unidade ocidental pelos carolíngios realizou-se em três direções: para o sudeste, na Itália; para o sudoeste, rumo à Espanha; e no leste, na Germânia".

Neste período os carolíngios, empreenderam uma varia serie de conquista, principalmente feita por Carlos magno no empreendimento da busca da unidade territorial, em que como afirma Le Goff (p. 44) "Carlos magno deu inicio a uma tradição em que massacre e conversão misturavam-se – a cristianização pela força que a idade media iria praticar por muito tempo". Com o vasto território conquistado, Carlos magno procurou administrar este vasto espaço.

Carlos magno esforçou-se, sobretudo para estender para sua autoridade a todo reino franco aperfeiçoando os textos administrativos e legislativos e multiplicando enviados pessoais, quer dizer, representantes do poder central. (Le Goff, p 46).

Com efeito, dentro da estrutura do vasto império carolíngio Carlos magno, uso os instrumentos necessários para administrar os vastos domínios reais

O instrumento humano era constituído pelos missi dominici, pessoas importantes de proveniência laica ou eclesiástica enviadas anualmente para fiscalizar os representantes do soberano- condes e, nas fronteiras, marqueses ou duques- ou reorganizar a administração. (Le Goff, p. 46)

Dentro dessa forma de administração que caracteriza o lento processo de reorganização do império carolíngio empreendida por Carlos magno, temos como traço marcante dessa estrutura desse quadro o da natureza das grandes propriedades e o sistema senhoril. Que segundo Duby, (1993; p. 97):

O sistema senhoril clássico (regime domanial classique) apresenta-se nos no contexto de villae descritas uma após outra pelos inquiridos. Eram grandes concentrações de terra, áreas de varias centenas e ocasionalmente vários milhares de hectares de superfície. Os nomes que tinham eram de um modo geral os das aldeias atuais e por vezes e possível demonstrar que área do domínio coincide de facto coma aldeia. Mesmo assim, a terra era divida em varias parcelas: uma muito grande e gerida pelo próprio senhor e as outras, variáveis em numero, de tamanho muito menor, entregues a camponeses. As terras de exploração directa do senhor são designadas como domínio do senhor (mansus indominicatus), dispostas em torno de uma área fechada e construída a corte (curtis).

Esta estrutura das grandes propriedades o senhor limitava-se a impor tributos sobre todas as umas das terras arrendadas da mesma categoria, sendo esta pela sua capacidade produtiva. A renda da terra, o senhor esperava tributos que seriam entregues a sua residência nas datas previstas. Essas rendas como destaca Duby, (1993, p. 99):

Estas prestações periódicas, que consistiam em alguns ovos de galinhas, uma ovelha ou um porco, ocasionalmente algumas moedas, representavam a renda do solo da parcela. Pagavam o direito consuetudinário pelo qual os rendeiros podiam apascentar os seus animais no prado e pelo mato que colhiam na parte inculta do domínio senhorial.

Neste sentido os rendeiros cabiam ao cultivo da terra do senhor em beneficio deste, sendo que cabiam a estes rendeiros uns tributos uma espécie de contribuição em mão-de-obra para as necessidades do cultivo da terra. Cabiam aos rendeiros também segundo Duby, (1993, p. 102)

Os rendeiros deviam fazer as cercas das searas do domínio, prados e corte numa determinada extensão; cultivar completamente uma determinada parte do domínio, em beneficio do senhor durante um dado numero de dias nas estações combinadas; acompanhar carregamentos numa determinada distancia e levar mensagens

Traço marcante do sistema senhoril e pontuado por Duby (1993, p. 102).

O sistema senhoril tinha-se formado com base na agricultura extensiva, nada fez para aumentar a produtividade. Pelo contrario, exigia imensa força física dos camponeses mal alimentados, mal equipados e mal distribuídos pelas terras produtivas. A capacidade dos senhores para exigirem, sempre que precisassem, mão-de-obra gratuita fazia com que os grandes proprietários estivessem pouco interessados nos melhoramentos técnico.

Ademais essas grandes propriedades eram os pontos centrais da economia da época do império carolíngio, função esta que desempenhavam e pela sua influencia no campo a sua volta tornando se centro aglutinador das relações do sistema senhoril. Portanto sua grande função era de sustentar uma cadeia de grupo de grandes casas senhoriais, funcionavam como verdadeiras unidades de produção, portanto estavam ao serviço de uma economia de consumo em desenvolvimento nas grandes propriedades.

Referências bibliográficas

DUBY, George. Guerreiros e camponeses: os primórdios do crescimento econômico europeu séc. VII-XII. Editorial estampa. 1993.

LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Edusc.


Autor: Renato Carvalho


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