Paradigmas e Escolas de Pensamento Antropológico



Temas e Conceitos:

A partir desse período, a sociologia brasileira institui-se como uma forma criadora e nova de refletir sobre as questões sociais de Brasil. No decorrer dos anos, a sociologia transforma-se em uma disciplina capaz de elaborar novas explicações sobre a realidade brasileira, capaz de refletir os principais problemas sociais e até, no limite, apontar caminhos para a resolução de muitos desses problemas.

Alguns Representantes e obras de referência:

Destacam-se como importantes intelectuais da geração de 1930: Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Fernando de Azevedo. Caio Prado Júnior toma como ponto de partida a situação colonial do Brasil para a compreensão da realidade atual. Ele afirma que só é possível entender o Brasil do século XX resgatando as relações internacionais capitalistas desde a expansão européia até os dias atuais. Isso porque é no sentido da formação inicial do Brasil (a herança colonial) que encontramos as causas explicativas para o nosso subdesenvolvimento. A partir da década de 50, temos ainda, Floresta Fernandes, Celso Furtado, Darcy Ribeiro. (E, ainda, a historiadora Emília Vióti).

Escola livre de sociologia e política de São Paulo.

O projeto, anunciado no Manifesto dos fundadores da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo divulgado em 27 de maio de 1933, era ambicioso, mas as primeiras aulas foram ministradas em condições modestas, nas salas emprestadas à noite pela Escola de Comércio Álvares Penteado, no tradicional largo de São Francisco. Só em 1954 seria ocupado, em tempo integral, o casarão da rua General Jardim, 522. Entre as duas datas, consolidou-se o prestígio da Escola de Sociologia e Política.

O reconhecimento oficial pelo governo paulista como instituição de utilidade pública veio em 1938. No ano seguinte, a ESP foi incorporada à Universidade de São Paulo, como instituição complementar autônoma, status que manteve até o início da década de 80. Foi o conteúdo pedagógico, porém, que garantiu à Escola o respeito e a admiração dos meios intelectuais brasileiros.

Marcos importantes da trajetória da ESP, nesse período, foram a publicação da revista Sociologia (1939-1966) e, em 1941, o início dos cursos de pós-graduação. Paralelamente, começou a desenvolver-se intensa atividade relacionada a estudos e projetos encomendados por órgãos públicos e pela iniciativa privada, que perdura até hoje.

A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL-USP) foi, por mais de três décadas, a unidade nuclear e primordial da USP. A partir de sua fundação a FFCL desempenhou um papel preponderante no pensamento brasileiro.

A institucionalização da sociologia no Brasil

O período dos Pensadores Sociais, também chamado por alguns autores de período pré-científico, corresponde historicamente ao período que se estende das lutas pela Independência das nações latino-americanas até o início do século XX. Durante esse período a elaboração de teoria social tendeu a ser desenvolvida por pensadores e mesmo políticos, sob a influência de idéias filosófico-sociais européias ou norte-americanas como, por exemplo, o iluminismo francês, o ecletismo de Cousin, o positivismo de Comte, o evolucionismo de Spencer e Haeckel, o social-darwinismo americano de Sumner e Ward e o determinismo biológico de Lombroso. Sob as influências desses autores buscava-se equacionar dois problemas centrais – a formação do Estado nacional brasileiro, opondo liberais e autoritários; e a questão da identidade nacional, tendo como núcleo a questão racial opondo os que sustentavam uma visão racista.

Fernando de Azevedo sugere que a evolução dos estudos de Antropologia e de Sociologia sobre a sociedade brasileira apresenta uma etapa anterior ao ensino e à pesquisa, a qual se estende da segunda metade do século XIX até 1928; caracterizada predominantemente pelas grandes expedições de investigação científica das culturas indígenas (1818 a 1910), quando alemães e pessoas de outras nacionalidades se puseram

em contato com grande número de tribos, abrindo novas perspectivas aos estudos etnológicos e, com as obras resultantes trouxeram contribuição notável aos progressos nesse vasto domínio de investigações científicas.

Paralelamente ao florescimento dos estudos sobre as tribos indígenas e, no entender de Azevedo, sob a influência destes, iniciaram-se os estudos de Antropologia Física e Cultural tendo por temática principal os negros e as culturas africanas no Brasil. Os estudos sobre as tribos indígenas e os negros no Brasil, ao prepararem o caminho para a posterior institucionalização do ensino e da pesquisa, constituíram o ponto de partida para a evolução da sociologia propriamente dita.

Azevedo considera que esta etapa dos precursores ou pioneiros da nova ciência no Brasil significou a acentuação do pensamento sociológico e político.

O conjunto de influência de estrangeiros sobre a constituição da disciplina sociológica no Brasil, foi substituído por obras nacionais a partir de 1931, quando começaram a ser publicados, com regularidade, manuais didáticos de sociologia elaborados por autores brasileiros.

Não podemos deixar de afirmar que nunca houve um trabalho sistemático de levantamento e estudo dos primeiros manuais de sociologia produzidos entre nós. As investigações acerca da institucionalização da sociologia privilegiaram somente os seguintes aspectos: (a) a análise das monografias e autores clássicos consagrados pelo pioneirismo na sistematização de pesquisas e adoção de categorias sociológicas para a compreensão da realidade social brasileira; (b) o mapeamento e estudo dos casos de criação das cadeiras de sociologia em instituições de ensino regular e superior, a vinda missões estrangeiras e a composição de grupos intelectuais; (c) o levantamento e análise dos periódicos publicados por iniciativa dos autores vinculados a grupos de estudos ou à instituições acadêmicas.

A Sociologia como matéria na classe escolar é decorrência de uma reforma do ensino brasileiro, promovida em 1925 pelo médico Juvenil da Rocha Vaz, que estabeleceu a sociologia como cadeira da formação clássica. Muitas escolas surgiram com a sociologia no ensino, mas essa mudança só atingia o que hoje é conhecido como Ensino Médio.

No entanto, não demorou muito para a Sociologia alcançar um nível maior, o ensino superior. Na início década de 30, surgiram três centros de estudo universitários; dois em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Dessa maneira, os trabalhos intelectuais de pensadores brasileiros da área – Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Fernando de Azevedo, Sérgio Buarque de Holanda – passaram a aparecer no cenário nacional, aprimorando o debate sociológico e trazendo-o para a esfera científica e nela estabelecendo, inclusive, objetivos e metas para o pensamento sociológico, que era agir para a mudança e modernização de uma estrutura social arcaica.

As primeiras escolas superiores buscaram no exterior professores que viriam a preparar os primeiros sociólogos brasileiros. A Escola Livre de Sociologia e Política, de São Paulo, recebeu a influência da sociologia norte-americana através dos Profs. Donald Pierson, Radcliff-Brown (britânico), Horace Davis, Samuel Lowrie, entre outros. Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP predominou, inicialmente, a influência francesa de professores como Roger Bastide, Lévi-Strauss, Fernand Braudel, Georges Gurvitch, Paul Arbousse-Bastide, Jacques Lambert, entre outros.

Na década de 30 e 40, esses professores formariam a primeira geração de sociólogos brasileiros, além de consolidar a atividade no Brasil. Além disso, foram definidos os rumos da Sociologia brasileira e atuou de forma importante na formação das gerações seguintes.


Autor: Lauany Pugina


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