HISTÓRIA DA ÁFRICA: ÁFRICA, AFRODESCENDÊNCIA E EDUCAÇÃO



Dhiogo Jose Caetano

Graduando da UEG-Universidade Estadual de Goiás

Palavras-Chave: Educação, Religião, Sagrado, Símbolo, Trabalho, População, Cristianismo e negros.

Ao falar de África, é bom ter presente que estamos falando de grupos populacionais ou étnicos diferentes, com características socioculturais próprias e com suas próprias línguas, artes e seus próprios costumes. Na África, sagrado e profano não constituem setores separados. O sagrado perpassa toda a vida da comunidade. O sagrado não é um fenômeno dominical. As instituições tais qual a família, o casamento, a organização social, são elas mesmas de natureza religiosa.

Deste jeito, crença e organização social estão intimamente ligadas e ambas deveriam dos antepassados, isto sé daqueles que mesmo mortos são concebidos como atores sociais no grupo, participam da vida do grupo e a influenciam. É o antepassado quem dita as regras e normas de conduta; é o antepassado quem manda a chuva, fecunda a terra e as mulheres. (Lundin,1992)

A religião se torna, portanto, um sistema de símbolo que define como o mundo é e estabelece uma postura que a pessoa deverá ter ao longo de sua vida. Estabelecer uma postura que uma pessoa deverá ter ao longo de sua vida; estabelece um modo de sentir, viver e agir. Tudo mergulha no sagrado e só tem sentido no âmbito das práticas religiosas.

A religião penetra todos os aspectos da vida, e por isso, não se pode fazer uma distinção formal entre o que se considera sagrado e secular. Onde se encontra o individuo, ai esta a religião no seu aspecto global.

As religiões africanas são partes integrantes de todos os aspectos da vida das comunidades e são chamadas religiões comunitárias, o sistema religioso é uma fonte de onde toda a vida depende e que lhe confere um significado extremamente importante. Os mais velhos tem a posição de mais próximo dos espíritos dos antepassados e exerce a função de mediador entre os vivos e os mortos que o responsabilizam pelas tarefas de poder e pela manutenção da ordem que os espíritos criaram e querem que se mantenha.

Nas sociedades Africanas permeadas pela a presença "dos antepassados que constituem na soma dos vivos, dos que ainda por nascer". (Lundin, 1992, p.44)

Evangelizar significava "civilizar" de acordo com os parâmetros ocidentais, significa educar para ser um "assimilado". E assim o cristianismo conseguiu impor-se tirando o "assimilado", o "convertido" do seu mundo cultural, religioso e familiar.

A população que vivia nas aldeias e nas tribos já não tinha seus chefes e suas terras. Foram-lhes impostos novos "chefes governamentais", totalmente desconhecidos e pertencentes a outros grupos étnicos. Continuou assim o triste processo forçoso de alteração das tradições, das estruturas sociais e psicológicos das tribos e das pessoas que tinham que abandonar sua terra, seus antepassados, seus lugares sagrados e ocupar as terras de outros.

Com toda essa mudança sociocultural, a sociedade ficou doente, entrou numa desordem social total. Os ritos de iniciação que constituíam para os jovens, estes momentos bem definidos e marcantes de sua personalidade, tanto em nível pessoal como social e religioso, foram desaparecendo sem ser substituído.

Os jovens desta geração perderam o contato com os seus pais, com os mais velhos da sua aldeia, muitos jovens e muitas crianças se encontram agora totalmente desenraizados do seu povo, da sua aldeia e da sua cultura, sem nenhum ideal pelo qual lutar.

Tudo isso deu lugar aos fenômenos da marginalidade, de prostituição, da droga, da corrupção, acompanhado pela grande desvalorização do ser humano.

Não podemos esquecer também o crescente fenômeno de urbanização, cada vez mais caótico e que leva ás periferias das cidades grandes número de pessoas que fogem das guerras, das calamidades naturais, que estão á procura de emprego ou de melhores condições e qualidade de vida. Por isso, urge realizar um trabalho árduo e dinâmico de recuperação, das raízes profundas do povo atual a superar a crise e o vazio ético em consequência da imposição cruel de um modo de pensar e agir da sociedade moderna ocidental.

Portanto a terra não só simboliza a fertilidade e a vida, mas também o local sagrado que pertenceu e onde viveram e morreram seus antepassados, sair da terra da sua aldeia ou tribo significa romper com suas raízes culturais, perder sua identidade e romper com sua comunidade.

No Brasil os negros experimentaram, no Brasil colonial uma realidade que se encarregou de mantê-los em uma situação de subalternidade, sendo alocados na base de uma sociedade sustentada pelo trabalho escravo. Toda a inferioridade que é remetida, pela via Lusitânia, ao trabalho escravo se encarrega de confundir ás características subalternas do trabalho, o escravo, com a cor da pele dos indivíduos que o realizam, os negros, que eram marginalizados pelas representações culturais que se sedimentaram no regime escravocrata.


Autor: DHIOGO JOSÉ CAETANO


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