Mídia má!?



Fruto de uma sociedade cada vez mais "sem tempo", em que tudo e todos buscam o prático, o rápido e o fácil, a população, depois de um ardoroso dia de trabalho, quer mais é sentar no sofá e ligar a televisão, seja para se informar, relaxar ou se distrair. Talvez esteja nessa questão, da distração, que a mídia se perde um pouco dentro do seu papel social de mostrar questões mais relevantes para a sociedade, que exija conhecimento e reflexão. Não que distrair também não possa ser um papel midiático, mas esse ponto ganhou uma dimensão muito grande (mesmo nos telejornais considerados sérios), o que inibe essa tão importante função de tornar a população mais engajada e com o poder para controlar e corrigir os caminhos da sociedade.

Apontar culpados para o mau andamento da sociedade, mais especificamente a mídia, é bastante fácil. Seria a própria mídia o grande problema. Contudo, assim como em qualquer profissão, o jornalista vive do salário, que depende do seu desempenho no trabalho e que consequentemente depende da aprovação dos leitores. Como já diz preceitos básicos da Economia da Informação, a empresa tem que se adequar ao mercado. Mas seria a imprensa uma empresa? De fato ela o é.

Pode-se achar que a função primordial da mídia seria servir, à sociedade, informações sem segundas intenções, somente pelo fato de ser útil. Mas para ocorrer essa "perfeição" seriam necessárias duas coisas: a primeira seria a população querer o útil, o necessário e as informações não banais; a segunda seria a mídia não ter dono, pois tendo um proprietário, este, como qualquer pessoa, tem suas escolhas e vai querer lucrar, ter benefícios etc. Ou seja, a mídia teria que ser um bem público, o que seria um desastre, pois a população seria alienada das questões governamentais. Nada privado é totalmente subserviente ao bem-estar social. O maior problema da imprensa (ou seria da sociedade?) seria a manipulação das noticias. Não que a parcialidade total possa ser alcançada, pois o "simples" ato de reportar um fato já requer uma interpretação mesmo que seja a mais sutil das interpretações.

Hoje, a mídia, informa, forma e deforma a sociedade. Constrói e destrói. Faz e desfaz. Esse paradoxo tira um pouco da credibilidade da imprensa no papel de um serviço social, mas impossível não atribuir a ela, a tamanha importância nos papéis em que cumpre, incluindo a politização, o conhecimento, o combate, e até a diversão.


Autor: Vitor Tavares


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