... Continuar votando?



Figueiredo, que não foi eleito, preferia os cavalos! Não sei se estava errado! O fato é que nunca houve um cavalo lhe apresentando um amigo pedindo emprego apadrinhado... isso não quer dizer que ao longo da história da humanidade não tenham ocorrido episódios em que os homens tenham sido preteridos aos cavalos, como foi o caso da afeição de Alexandre Magno com seu Bucéfalos ou de Nero fazendo de seu eqüino um senador. Mas nestes casos os homens não eram eleitos... apenas exerciam o poder... autoritário, ditatorial... é, portanto, compreensível que se tenham dado alguns caprichos...

Não é o caso daqueles que elegemos...

No nosso caso é diferente. Os cavalos que nos representam. Ops!! Desculpe! Não quis ofender os eqüinos, que dizer, eminentes!... Em nosso caso os senadores e deputados que nos representam não nos trocam por cavalos apenas nos tratam como tais. Ou melhor – que é pior para nós – tratam-nos como burros. Mas isso só acontece porque nosso comportamento é o de ovelhas sendo conduzidas ao matadouro: não reagimos...

O fato é que essas personalidades chegaram lá por meio do voto popular. E a retribuição são as afirmações nada sutis que vez por outra escapam, feito baba, das bocas dos dignitários. São frases lapidares que se esparramam pelas ondas da mídia que anda à cata desses vazamentos dos quais se alimenta.

Também é verdade que depois de certo tempo essas falas caem no anedotário popular e perdem um pouco do seu valor político; pelo menos o valor com o qual são carregadas nos momentos ou nos contextos em que as frases foram pronunciadas: viram piada! Como é piada o que ocorre entre os que se dizem nossos representantes. Como foi o caso do candidato a prefeito que na empolgação do palanque – talvez ele estivesse melhor num galinheiro – disse que tinha fé em sua eleição. Disse ele: "Eu tenho fé que serei eleito. Com minha fé e as fezes de vocês, no próximo ano estaremos na prefeitura". Creio que por causa das fezes, ele se elegeu. E seu mandato realmente foi malcheiroso.

Outro prefeito, em discurso final de uma festa de rodeio, na qual a prefeitura ajudara na infraestrutura saiu-se com muito brilho: "não podiamos ficar de fora, pois nossa preocupação era machucar pessoas". Mas felismente, naquele evento ninguém se feriu.

Teve um afirmando que "o povo é só um detalhe". Um detalhe insignificante, para ser exato, pois mesmo montado nesse tipo de opinião o cara foi eleito e voltou na eleição seguinte. Esse e outros tantos sempre se elegem com os votos do detalhe. Uma outra robusta senhora, ao saber que seu comparsa havia sido absolvido, dançou entre as cadeiras do Congresso que apesar de ser Nacional representa não os interesses da nação, mas é o que d. Luciano Mendes de Almeida chamou de "mar de lama".

Um outro personagem, que se projetou a partir dos movimentos populares, ao se referir à baixaria que assola o alto escalão dos poderes da república: "ninguém aqui é freira e santa". Não queremos nem uma coisa nem outra. Os que queremos é apenas respeito por parte daqueles que nos representam – ou deveriam nos representar. Por isso é abominável afirmações como a que foi proferida em palanque pelo candidato, que acabou se elegendo e depois ganhando um segundo mandato: "para o funcionalismo público ofereço a ponta do meu chicote"... esse nem precisou dizer, como havia feito aquele outro, que provavelmente tinha dúvida a respeito pois precisou dizer para toda a nação ouvir: "tenho aquilo roxo!"

Teve um felizardo, apanhado numa falcatrua de compra de votos, depois de uma quase infinidade de sentenças e recursos, sem que o fosse afastado do poder. Acabou se saindo com esta: "nossa equipe realmente pagou alguma coisa. Mas foi tão pouco que não teria alterado o resultado da eleição". Algo assim como quem diz: minha quadrilha roubou. Mas roubou só um pouquinho... e nós, povo brasileiro, preocupados em cumprir a lei. A partir dessa declaração – e de sua aceitação, pois o dito cujo continua em seu cargo – somos levados a crer que podemos cometer pequenos delitos, pois os que merecem punição são só os grandes delitos. Só que na prática o que ocorre é o inverso: os pequenos infratores, que roubam um pote de margarina, são presos enquanto aqueles que matam milhares nas filas de espera – porque o dinheiro foi desviado – do hospital público, permanecem em liberdade.

Uma das últimas foi a afirmação de um certo senador dizendo que "a opinião pública é volúvel". O senador em questão é um suplente que herdou uma vaga. O infeliz é fruto de uma das anomalias de nosso sistema eleitoral que elege quem não foi votado. E a vítima somos nós eleitores, obrigados a engolir esses e outros tantos desaforos dos párias do sistema.

O triste disso é que nós, eleitores do meu Brasil, não somos capazes de dar um basta nessa ciranda de nefastos e continuamos votando. Como seria interessante assumirmos nossa força durante o período de mandato daqueles que foram eleitos para colocar rédeas nesses pangarés disfarçados de puro sangue. Como seria interessante e salutar para a vida da nação se nossa mobilização política não ocorresse apenas de quatro em quatro anos, mas no cotidiano. Como seria interessante se em nosso cotidiano não cantássemos, mas fizéssemos o que propõe a música do Zeca Pagodinho: "neste ano, nós estamos bem unidos, se algum candidato atrevido, for fazer promessa vai levar um pau/ Vai levar um pau prá deixar de caô / E ser mais solidário / Nós somos carentes, não somos otários / Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição / Nós já preparamos vara de marmelo e arame farpado / cipó-camarão para dar no safado que for pedir voto na jurisdição / É que a galera já não tem mais saco prá aturar pilantra / Estamos com eles até a garganta / aguarde prá ver a nossa reação"

Precisamos por isso em prática para ter sentido continuar votando... ou mudar definitivamnete para o boicote ao voto...

Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.

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Autor: NERI P. CARNEIRO


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