A REDEFINIÇÃO DE ÍCONES HABITACIONAIS NO BAIRRO DO CABRAL E ARREDORES - CURITIBA/ PR , COMO FENÔMENO URBANO



RESUMO

A intenção principal deste esboço é mostrar como um bairro historicamente privilegiado, como o Bairro do Cabral, torna-se um ícone no desenvolvimento urbano pelas imagens projetadas ao longo das vias do ônibus "Expresso", em que se observam inúmeros estabelecimentos comerciais, fundados em casas quase centenárias e de que forma este fato interfere na paisagem e na qualidade visual dos passageiros e transeuntes destas vias, especialmente no aspecto valorativo das prováveis etnias que se podem presumir, a partir do estilo das residências, assim como nas vias secundárias deste famoso núcleo populacional de Curitiba. Observa-se a questão social da residência e o redirecionamento do espaço meramente residencial para uma nova forma de inserção imobiliária de estabelecimentos comerciais, desconfigurando os bairros tão somente residenciais por observação intuitiva do autor, e levantamento fotográfico. Questionam-se as leis que possibilitam o crescimento vertical e o impacto causado pela existência destes imóveis fundados em arredores de crescimento vertical, especialmente na questão de planejamento urbano.

ABSTRACT

The main intention of this scratch, is to show how a historical neighborhood works out with the privilege to be inserted at Cabral, - A Portuguese county – as an icon of urban development by reporting the images observed along the main roads of "Expresso bus" where so many business addresses can be listed and observed, but mainly because they are all installed in some houses which are older than a century as well as the way the fact interferes in the landscape, and the visual quality of passengers and walkers, mainly the valorative aspect of possible ethnical groups who founded their residencesby observing the style of them, as well as the secondary streets of this very famous population county in Curitiba. The social question of residences and the redirection of spaces merely directed to residential interests are now changing direction toward a prospective dimension of business establishments, transforming the idea of residential areas only in something else, and the author has personally observed it, as well as photographs were taken. Laws which protect these questions are being questioned specially because of the vertical development to a new manner of rental insertion in commercial establishments printing changes in the neighborhoods and changing the counties known as residential only, mainly because of the vertical development and the impact caused by the existence of these properties founded in the surrounded areas where vertical development is observed, considering urban planning in special.

Palavras-chave: Espaços urbanos, Ícones étnicos, Paisagem Urbana. Planejamento Urbano

1. INTRODUÇÃO

Apresenta-se neste pequeno esboço, alguns exemplos de inserções e criação de espaços urbanos, destinados a absorver tendências novas da sociedade e que venham ao encontro de expectativas sociais contemporâneas, não esquecendo a questão da sustentabilidade econômica e política, da mesma forma que o sentido aumentado de pertencimento, inclusão e incorporação de valores emergentes nas sociedades, quanto ao aspecto paisagístico urbano e habitacional redefinido em que se percebe nitidamente os traços étnicos de seres diaspóricos já pertencentes a uma realidade engolida pelo passado.

2.DESENVOLVIMENTO

Na contemplação da cidade real, temos dois importantes sintagmas que expressam a correspondência entre "princípio" e "cidade", representando a idéia de plenitude no ponto de vista qualitativo e o de pluralidade no ponto de vista quantitativo ((BOADA, 1991). Na melhor das intenções, lembra Gordon Cullen, em sua obra "Paisagem urbana" que uma cidade é algo mais do que o somatório de seus habitantes: é uma unidade geradora de um excedente de bem estar e de facilidades que leva a maioria das pessoas a preferirem – independentemente de outras razões – viver em comunidade e viverem isoladas (CULLEN, 1987). Da mesma forma, como adverte Patrick Geddes, em sua obra "Cidades em evolução", a perspectiva de que o melhor de cada bairro depende do favoritismo dos governos em dotá-los de infra-estrutura, mas principalmente do questionamento do fato de que planejamento habitacional e urbano podem ser considerados como uma proposição comercial e até que ponto é real dizermos que dependem de políticas (GEDDES, 1984, p.181).Da mesma forma, bem colocado está, o dizer de Le Corbusier, em "Planejamento urbano" que reconhece a necessidade de dotarmos os espaços, mesmo que verticalizados, de boa iluminação, ar saudável, silêncio apropriado, facilidade de contatos, comunicação de massa, para promover a qualidade ambiental local (LE CORBUSIER, 1984, p. 77).

Ainda acrescenta Fernanda Ester Sanchez Garcia, em sua obra "Cidade espetáculo", que a recriação do valor do lugar surge muito em função do turismo, valendo-se das palavras de Rémy Knafou (1991;17) que a "espacialização do fenômeno turístico se manifesta sempre na invenção de um lugar novo, no sentido de criação do valor de um lugar" (GARCIA, 1997).E assim se compõe o cenário que se vislumbra na contemplação do Bairro Cabral, em Curitiba. Na diversidade que ainda perdura e na pluralidade de estilos arquitetônicos impressos, em novas tendências arquitetônicas que vem reconfigurando o espaço urbano nesta região da cidade.

Alguns dados referentes à toponímia do local são relevantes, tais como geográficos, territoriais, históricos e urbanos.O Cabral está situado na região nordeste de Curitiba e limita-se com os bairros Ahú, Boa Vista, Bacacheri, Hugo Lange e Juvevê. Quanto ao aspecto ocupa uma área de 204 ha. O território do Cabral tem ponto inicial na confluência da Avenida Anita Garibaldi e Rua Santo Afonso de Ligório. Segue pelas Ruas Santo Afonso de Ligório, Cel. Amazonas Marcondes, Estrada de Ferro Curitiba - Rio Branco, Av. Nossa Senhora da Luz, cerca que delimita os fundos do Graciosa Country Club, Ruas Clóvis Beviláqua, Camões, Jaime Balão, Bom Jesus, Avenida Anita Garibaldi, até o ponto inicial. Historicamente, sabe-se que ficou mais freqüentado pela existência de uma pequena capela erguida no início do século (1936) transformando-se em paróquia e num dos mais belos templos da cidade. No dia 15 de dezembro deste ano, era criada a paróquia do Senhor Bom Jesus do Cabral. A igreja possuía apenas uma torre. Duas novas portas frontais e a segunda torre viriam somente no final da década de 50.O Bairro era atrativo para piqueniques e passeios e especialmente pelas festas promovidas nesta igreja 1. É também obairro que aloca o Abrigo São Vicente de Paulaconstruído na gestão de Caetano Munhoz da Rocha, falecido em 1944, e também nas proximidades, estava o Colégio Estadual do Paraná e o Passeio Público, imprimindo um conceito extremamente elevado para o bairro em termos de qualidade de vida. Por outro lado, está também próximo da prisão do Ahú. Segundo a mesma fonte, a população atual inclui cerca de 8.476 habitantes, sendo 4293 homens e 4183 mulheres, numa média de 27.51 habitantes por hectare em 1980, e 41.5 em 1991. A taxa anual de crescimento 1970/1980 é de 1.79, e 1981/1990 é de 3.8% (Fonte: IPPUC/IBGE).2 Como bem disse Eduardo Emílio Fenianos, "se bairros fossem pessoa, se tivessem personalidade e profissão como temos nós, Cabral e Juvevê seriam urbanistas. Ambos tem uma personalidade que mescla a criatividade do arquiteto, o raciocínio do engenheiro, a força do pedreiro e toda a poesia da palavra construção (FENIANOS, 1995, p. 7). Em sua obra "Coleção Bairros de Curitiba" uma retrospectiva bastante interessante se apresenta, a contar dos anos remotos de 1693, ano em que Curitiba seria fundada, como Vila de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, sendo as margens do Rio Juvevê demarcatória da vila a nordeste (ibid p.17).

Segundo o artigo escrito na seção Imóveis da Gazeta do Povo, a denominação Cabral surgiu no séc. XIX. De acordo com o historiador Ermelino de Leão, o nome do bairro é uma homenagem a influente família Cabral, que residia na região e em meados do século passado, doou o terreno onde se ergueu a pequena capela consagrada ao Bom Jesus, hoje conhecida como Igreja do Cabral.Segundo oautor deste artigo, os primeiros moradores teriam chegado no inicio do séc XVIII, conseguido seus lotes de terra através de concessão da Câmara de Curitiba. Muitos desses sítios compõem hoje o Graciosa Country Club, alguns trechos da Avenida João Gualberto, da Anita Garibaldi e da Munhoz da Rocha. A população do bairro é aproximadamente de 11 mil pessoas. O Cabral cresceu segundo dados da Prefeitura Municipal de Curitiba, numa taxa de 6,86 %, e possui área verde de cerca de 15,51 m2 por habitante. O bairro está localizado na região nordeste de Curitiba e limita-se com o Ahú, Boa Vista, Bacacheri, Hugo Lange e Juvevê (Gazeta do Povo, 18 de Jan, 2004, p. 11).

Nada no entanto parece mais evidente do que o esforço de Eduardo Emílio Fenianos, em sua obra, Coleção Bairros de Curitiba , "Cabral/Juvevê, a casa do urbanismo curitibano" recontando a vida do referido bairro no transcurso da própria História (FENIANOS, 1995). Este olhar de participação comunitária e conquista de espaços na forma como se deu, ou seja, a Igreja do Cabral, o Graciosa Country Club, a fábrica de biscoitos Lucinda, o Colégio Estadual do Paraná, são em verdade ícones urbanos de cultura e civilização imprimindo traços marcantes na cultura local, e nos hábitos da cidade. Ainda há que se lembrar as muitas ruas que terminam em praças, em formato estelar como ocorre na maravilhosa Paris, rumando todas ao encontro dos Campos Elíseos (SCHULZ, 1975, p. 99), sendo na verdade um ponto de socialização para a vizinhança, na tentativa de integrar lazer e espaço físico, inclusive para os idosos poderem caminhar longe do tormento do trânsito. Há que se lembrar que algumas calçadas não são de todo próprias, para os carrinhos de bebê e tão pouco para a terceira idade, como aspecto negativo da estrutura urbana deste bairro. Porém o cuidado com o gramado, poda de árvores, asfalto, é notório, embora alguns serviços como por exemplo, controle de insetos, especialmente o cupim e baratas, bastante comum nesta região, sejam necessários, são de responsabilidade de moradores, e dos proprietários de restaurantes, como foi observado pelo autor durante a elaboração deste trabalho, pelo caráter sanitário e higiênico necessário aos estabelecimentos. Houve épocas em que os assaltos eram frequentes. Hoje, por motivos absolutamente desconhecidos, a área tornou-se menos alvo de assaltantes, embora se tenham notícias de que alguns estabelecimentos e residências tenham sido assaltados. Existe uma vigilância eletrônica no bairro, e pela especialidade deste serviço, parece que se ganhou no quesito segurança pública e privada. Não há guaritas policiais no bairro, salvo os vigias contratados pelos proprietários. A iluminação em algumas praças é insuficiente.

Pela grande atenção despertada no autor deste trabalho, adotou-se como ponto de referência à pesquisa fotográfica dos arredores, onde tendências étnicas se observam nitidamente, desde os lambrequins legitimamente europeus no design, em diversos exemplos, bangalôs japoneses e chineses, casas com características da velha Alemanha, casteletes e moradias bastante coloniais, no melhor estilo europeu, que resistiram há quase um século a todas as pressões oriundas do desenvolvimento urbano e regional e continuam como elementos cenográficos importantes na composição da paisagem urbana, com uma leitura de reocupação para fins comerciais em alguns casos.

A Prefeitura Municipal de Curitiba, no intuito de garantir a preservação do patrimônio edificado da cidade vinculando as operações de transferência no andamento de obras de restauro funciona sobre novas normas, em especial daqueles imóveis históricos, cadastrados pela Prefeitura como Unidades de Interesse de Preservação (UIP). Estas fazem uma transferência de potencial antecipando até 35% do potencial recebido para o restauro em nome do proprietário. Mas às vezes, como a exemplo a casa que abrigava a loja "Ferragens Hauer", no setor histórico recebem a autorização de transferir o potencial, os donos concretizam a venda, e o restauro nunca chega a ser realizado acabando a situação em litígio como se observa no documento disponibilizado na Internet pelo Ippuc.3 E complementar a este estudo, observou-se em publicação de matéria jornalística, com a manchete "Um pedaço da cidade troca de roupa" de autoria de Clarissa R. Gomes, na Gazeta do Povo de 05 de setembro de 2004, e que reforçaestas evidências.4 Neste artigo, coloca-se o estímulo dado pelo Ministério Público solicitando dos proprietários de imóveis antigos, um projeto e cronograma de restauração a serem aprovados pela Seec e pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Caso estes proprietários não cumpram com esta exigência podem ser indiciados por crime ambiental, cuja pena é de três anos de prisão. Interessante notar que Clarissa destaca a existência de algumas casas que foram construídas junto às ruas como igualmente se observa no Bairro do Cabral, por um costume português, que resguardava o terreno disponível nos fundos do imóvel e a elegante presença de vasos nos topos das edificações para salientar o quão elegantes eram aquelas famílias. Algumas residências do Cabral conservam esta característica.

A questão imigratória assume destaque neste aspecto, em razão da forte influência que exerceram sobre a arquitetura das residências em Curitiba, especialmente no bairro, objeto de estudo deste trabalho. A afluência de novos imigrantes não é uma verdade apenas européia ou norte-americana, como destaca Barreto, em sua obra, "Considerações sobre o Brasil contemporâneo" (BARRETO, p.63, ). Através dos censos, pode-se observar uma diminuição do número de estrangeiros, mas um aumento da população brasileira (p.66). Esta característica pode justificar a dominação dos espaços residenciais cuja ocupação era por imigrantes, pela nova ordem que se estabelece na composição das tendências desenvolvimentistas dos bairros na medida em que os cidadãos deixam de direcionar sua identidade local imprimindo padrões sócio-econômicos homogêneos no "status" habitacional, e naturalmente a vizinhança perde suas características "padrão" pela dominação de classes menos favorecidas, ou o início de um crescimento vertical ou mais ocasionalmente, mas não raro, horizontal. No entanto, a verticalização imprime características sociais muito diferentes das que se observou no passado. Mas neste bairro observa-se uma tendência de verticalização, com edifícios de qualidade surpreendentemente mais altos que outros de padrão médio e até pequeno, da mesma forma que as residências são de modo geral despadronizadas tanto as de madeira quanto as de alvenaria, porém conservando na mais tradicional das formas, a atmosfera eclética de diferentes grupos étnicos que imprimiram valor cultural ao território em, questão, como a surpreendente e eleganteMansão da Glória. Hoje, tudo parece ser de todos e não mais de elites sociais dominantes de época. Igualmente nas proximidades a Igreja do Perpétuo Socorro, no formato de templo circular, lembrando os monumentos mais atraentes da antigüidade romana (SUMMERSON, 1982, p.51), com todo o requinte da modernidade, tornou-se importante instituição zelada pelos padres redentoristas num segundo momento da história local do bairro, cuja sede principal, era a pequena capela na Rua João Gualberto.

Recorre-se ainda, ao conceito de habitação, qual seja "ato ou efeito de habitar, lugar ou casa onde se habita, morada, vivenda, residência" (FERREIRA, 1999). Porém, admite-se como quer afirmar Malferido Tafuri, em sua obra "Projeto e utopia", que a arquitetura como ideologia de plano é subvertida pela realidade do mesmo, uma vez que superado o nível de utopia, este se torna mecanismo operante (TAFURI, 1985, p. 92). O que se verifica é a nítida inversão do pano de fundo do cenário arquitetônico deste bairro eminentemente residencial, e em conseqüência da verticalização, as residências gradativamente se tornam pontos comerciais.Os conceitos legais são diferenciados, em residência, como o lugar onde se habita com ânimo definitivo, e contemporaneamente, onde se exerce atividade comercial tão pouco (Art. 31 e sgts. Código Civil Brasileiro).Observa-se que há famílias que fizeram destas residências seu espaço para viver e explorar atividades comerciais igualmente. O que se observa claramente é o abandono de certos lugares, com casas em estilos bem próprios, em opção a outras formas de residência, especialmente as verticais, como mais uma característica. E ainda, as totalmente abandonadas.

Desta forma, as empresas exploradoras de atividades comerciais, vãos paulatinamente se integrando aos espaços, quase que como guardiões do patrimônio histórico e paisagístico. Como afirma Castell: A irregularidade territorial da presunção acabará resultando numa Geografia extraordinária de realização de valores diferenciais que propiciaram estes contrastes. (CASTELLS, p. 431). Neste sentido, há que se revisar as questões de tombamento, quando o abandono é em última análise, a perspectiva máxima dada a certo imóvel, muitas vezes envolvido em dívidas públicas de natureza tributária, e total depredação e depreciação da propriedade, sob pena de cair na dominação de invasores, itinerantes na questão de fixação residencial, e que lamentavelmente depredam e destroem a propriedade, além de se tornarem uma ameaça à segurança pública local. Igualmente se observa, em contraste ao requinte de muitos dos casarões tradicionalmente preservados, um certo olhar de Arquitetura Kitsch, com um certo abuso de cores na redefinição das fachadas, bem lembrado por Dinah Guimarães em sua obra "Arquitetura Kitsch" (GUIMARAENS, 1979). Igualmente, como esclarece Manuel Baud-Bovy em sua obra "Tourism and recreation development" no bairro do Cabral se encontram antigas residências transformadas em lavanderias modernas com modernos equipamentos e que facilitam sobremaneira a vida dos moradores locais, porém desvinculada a idéia de hotelaria, como se posiciona este autor (p. 53). O setor hoteleiro é presente, mas muito discreto. Seria apenas, a comodidade oferecida, de tempos modernos, alocada em espaços antigos. O Royal Mall, na Rua Alberto Boliguer, representa um ícone da ocupação de antigas fachadas, visto que foram todas reaproveitadas no quarteirão em que se localiza, no mesmo estilo do Shopping Muller, com um projeto ainda em continuidade, mas que já representa uma contribuição potencial no embelezamento do bairro.

Outro importante aspecto se denota, na obra de Jorge Samek, "A Curitiba do terceiro milênio" quando discorre sobre o habitat do homem moderno (SAMEK, p.21 e sgts., 1996). Segundo a documentação que referencia, qual seja, a histórica carta de Atenas, de 1993, que inspirou o urbanismo racionalista e funcionalista moderno, há quatro funções básicas que as cidades devem desempenhar, de acordo com as necessidades de seus habitantes, qual seja a moradia, trabalho, lazer e transporte. Este documento expressa entre outros que é necessário assegurar aos homens moradias saudáveis,..."onde haja espaço, ar puro e o sol, como garantias fundamentais, em segundo plano, a organização dos locais de trabalho e em terceiro os locais para desenvolver atividades em horas livres, viabilizando uma rede circulatória que assegure as trocas, respeitando as prerrogativas de cada uma." (LE CORBUSIER, 1993).

Logo, como se observa, este desenvolvimento organizado e planejado, vem ao encontro do Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba, que entre outras prioridades procurou orientar o desenvolvimento urbano de forma a possibilitar o melhor atendimento aos serviços públicos e a criação de subcentros regionais de forma a estruturar uma rede urbana, hierarquizada de serviços e funções urbanas. Tanto isto se configurou em verdade, que a sede do IPPUC, bem como as novas instalações da Prefeitura Municipal de Curitiba, se incluem agora neste Bairro, integrados ao contexto da cidade.


3. Notas finais 

1. MSN.20/09/2004.CABRAL.http://www.urbenauta.com.br/bairros/bairrocabral.htm

2 MSN. 20/09/2004 Urbenauta. http://www.bonde.com.br/urbenauta/

3 MSN. 03/09/2004. Prefeitura de Curitiba – Patrimônio Histórico.

4 Gazeta do Povo. 05/09/2004, p. 04.

   4. CONCLUSÃO

Talvez pudéssemos pegar carona com o fio discursivo de Oscar Wilde que ao definir utopia assim se expressa: "Um mapa do mundo que não inclua utopia não vale nem apenas ser olhado... Progresso é a realização de utopias" (Oscar Wilde. A alma do homem sob o socialismo, 1981).

Como se percebe, as casas que abrigavam famílias tradicionais, acabam sendo esmagadas pelo desenvolvimento vertical, alugadas, vendidas, ou abandonadas, e como recurso último, demolidas. Em última instância quando redefinidos estes espaços, assumem figura notável entre prédios comerciais, contribuindo sobremaneira com a paisagem e o enriquecimento da imagem de uma cidade que vem sendo construída e que resguarda os aspectos tradicionais da moradia redimensionando sua imagem, ainda que para fins comerciais. Destacadamente se encontra a posição de que é preciso prover aos moradores uma hierarquização das demandas essenciais que uma cidade deve prover aos mesmos para manter a sua atualidade. Neste sentido, discute-se a questão da cidadania. Como bem destaca Castells, em sua obra Fim de Milênio, a virada do século está exigindo amadurecimento da economia informacional, no sentido de prover realidades e construir espaços, já ameaçados pelo homem e meio ambiente na composição de sua própria história, de maneira a harmonizá-los com interesses locais, podendo romper com os limites de penetrabilidade em territórios e países, de diferentes culturas, porque assim se tem despertado para novas fontes de lucro.

A residência no seu conceito mais tradicional perde o seu caráter unicamente familiar e passa a ser o local de trabalho de muitas pessoas, na perspectiva de respeitar a identidade remanescente e ali construída. Isto possibilita a criação dos inúmeros contrastes em diferentes áreas metropolitanas, imprimindo modernidade nas questões da propriedade, com espírito inovador, que deve sempre que possível, vir acompanhado de estratégias governamentais para dotação de infra-estrutura local, e parcerias locais, no sentido de minimizar os inúmeros problemas que circundam este esforço comum.

Referências

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Autor: ANTONIO DOMINGOS CUNHA


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