PROJETOS E METAS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO



PROJETOS E METAS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO.

Atualmente a educação vive um grande dilema. Seria possível num país com uma enorme desigualdade social ter a informática como ferramenta de apoio na formação educacional de nossas crianças? O Brasil que não consegue dar condições dignas de saúde, habitação, alimentação e infra-estrutura básica em diversos municípios, poderia oferecer uma inclusão social ampla e bem planejada? A partir de uma abordagem desse grande abismo social é que diversas indagações são feitas por pais, educadores, políticos e até mesmo as crianças, nas questões sobre o aparecimento e o uso novas de ferramentas high-tech em nossos dias e principalmente nas salas de aula.

A rapidez com que surgem inovações tecnológicas acaba deixando a criação num "cantinho" abandonado, como algo obsoleto e ultrapassada, além de deixar a criatividade adormecida e a espera de algo que possa fazê-la fruir novamente. A grande gama de informações que chega pelos meios de comunicação faz de nossas mentes um grande reservatório de muitas inutilidades, por isso devemos saber discernir o que pode nos auxiliar na busca do conhecimento e no desenvolvimento social, além de resgatar a ética (tão rara em nossos tempos).

Vemos crianças que dominam equipamentos tecnológicos com um grau de facilidade que chega a impressionar, contudo se não houver uma serventia dessa capacidade extraordinária, em nada adiantará num futuro próximo o uso desse talento precoce. Os recentes dados abaixo do Núcleo Jovem da editora Abril, Ipsos Marplan, Dossiê – Universo Jovem MTV e Deloitte, amostram o domínio dos jovens em relação as novas tecnologias:

INTERNET – de 2005 a 2008, o índice de jovens que acessam a internet aumentou de 66% para 86%. Eles gastam diariamente 3 horas e 40 minutos navegando. Entre os jovens 44% vão as lojas para comprar um novo gadget assim que é lançado.

Por isso as escolas devem ter ambientes que possibilitem o desenvolvimento intelectual e o incentivo a pesquisas, além de aprimorar a criatividade de nossas crianças, tudo isso agregado ao uso dessas novas tecnologias voltadas para a área da educação. O Brasil ainda caminha devagar no caminho de integração educação-informática. Segundo dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Munic 2006, somente 52,9% dos municípios tinham planejamentos voltados à inclusão digital. Um fato positivo é que 33 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes (91,7%), estavam preocupadas com a inclusão digital, enquanto a média nacional é de 52%. A região Norte e Nordeste ficam abaixo da média na questão da inclusão digital, ambas alcançaram 35,6% e 48,4%, respectivamente. Uma boa noticia é que as escolas públicas municipais foram as que mais concentraram projetos para a inclusão digital em suas redes (61,8%). Das prefeituras com planos de inclusão digital, 45,7% criaram telecentros e 40,7% abrem esse acesso ao público em geral.

Um país com graves problemas sócio-educacionais como o nosso, deve tentar buscar mecanismos eficazes para sanar essas lacunas que segregam nossas crianças. Contudo não é bem assim que ocorre. Segundo dados da FGV-Eaesp de 2005 (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas) no Brasil existem 24 milhões de computadores em uso (tanto doméstico como empresarial), num país com dimensões continentais e com uma população em torno de 190 milhões de habitantes, isso e um cálculo insignificante. Dessa forma fica claro que não basta ter computador somente nas escolas, esse ambiente deve ter um reflexo também nos lares brasileiros, além de não adiantar termos projetos voltados para a inclusão social, com cidades que ainda vivem na "pré-história" da educação e que nem sequer tem energia elétrica.

Projetos políticos, cidadania e modernidade devem andar juntas na busca de soluções para as questões sociais atuais. Para isso não devemos só dar a ferramenta nas mãos de nossas crianças, e sim fazer aflorar nelas a possibilidade de relativizar, dimensionar, entender e até questionar alguns padrões pré-concebidos e usando essas ferramentas para que possam criar e desenvolver novas formas de aprendizagem. A interdisciplinaridade pode e deve servir para aguçar as habilidades dos alunos em encontrar mecanismos que possam mudar seus conceitos e assim ajudar na construção de uma sociedade mais justa e que possa viver em harmonia com seu meio, fato este bem retratado por Gandin, no trecho a seguir: "Sendo um instrumento, os recursos que os computadores proporcionam, deveriam ser usados pelos professores das disciplinas, aproveitando os computadores para integrar mais o trabalho deles." (Gandin, 1999:164)

Outra dificuldade e o uso deficiente por alguns professores de metodologias que estão sendo empregadas para usar o COPIAR e COLAR e não incentivam um uso racional dessas novas tecnologias e a construção de conhecimento a partir dessas ferramentas tecnológicas. Com isso acabam atrofiando (talvez até incentivando a decoreba) e limitando o desenvolvimento intelectual das futuras gerações. Porém essa mesma tecnologia se usada de forme eficaz incentivando a interdisciplinaridade no meio docente com pesquisas e trabalhos pela internet, podem ajudar bastante para auxiliar na formação de conhecimento e elaboração de questionamentos. Danilo Gandin e Luís Armando Gandin, frisam bem isso:

"Vemos muitas escolas (e professores) preocupados com a forma de "transmitir melhor os conhecimentos", em como "adequar-se aos novos tempos", como incorporar tecnologia a fim de tratar de conteúdos que sejam "úteis para os alunos" Ou seja, essas escolas estão preocupadas apenas com a primeira das duas questões importantes: estão preocupadas com o conhecimento e nem sempre com a sua construção."(GANDIN 1999:78).

O computador pode também ser usado como forma avaliativa do desempenho criativo e intelectual de nossos alunos, além de servir de estímulo a troca trabalhos e projetos, seja por uma confecção de um texto, pela elaboração de um projeto ou pela simples escolha de um nome para seu endereço de E-MAIL.

O fobia do novo também é um fator de afastamento de alguns docentes em relação à informática: "Um desses medos é daqueles que, preocupados com seus alunos, associam imediatamente essas máquinas com crianças ou adolescentes isolados, brincando compulsivamente com jogos eletrônicos." (Gandin, 1999:164).

Um estudo feito pelo estado americano de Michigan amostrou que esse medo não tem muito fundamento. Esse projeto investigou 22 mil alunos que usavam notebooks pessoais na escola e os levavam para casa. Os resultados foram surpreendente, em uma ano a proporção de estudantes com proficiência em leitura subiu de 29% para 41% e o percentual dos aprovados em matemática dobrou, de 31% para 63%.

Outra função interessante relativa ao uso da internet na educação, pode ser visto na utilidade de professores virtuais, na qual sites especializados em educação disponibilizam em seus links, pessoas que auxiliam aos alunos tirarem suas duvidas escolares. Vemos com isso o crescimento de cursos on-line (até no nível superior), contudo ainda percebemos que os nossos alunos ainda não estão preparados para o uso da internet agregada à educação. Percebemos a grande a relutância dos jovens em estudar on-line, contudo passam mais de 3 horas navegando pela rede sem um "rumo" certo. Tal mecanismo de interatividade entre meios de comunicação e o homem já foi usados em outras épocas no Brasil e deram certo (PROJETO MINERVA no rádio e TELECURSO na televisão). Por isso devemos encontrar esse "rumo" e oferecer aos alunos mecanismos prazerosos para essa interação, mesmo com exemplos de outros paises (mesmo com as diferenças sociais) no qual esse link (educação-informática) é mais acentuado, podemos trazer meios eficazes a nossa realidade. Mesmo que seja pontual, temos bons exemplos aqui no Brasil, como o caso de Piraí:

"Em Piraí, no Rio, os Laptops aumentaram a participação dos alunos nas aulas. "Já dá para perceber várias mudanças nos alunos. Eles estão mais responsáveis, com maior auto-estima, e diminuiu a evasão escolar", diz Jocemar Rodrigues de Moraes, diretor de uma escola municipal"."(Revista Época, 14/04/2008, p.82).

Em uma sociedade altamente informatizada, mesmo fora da escola esses alunos podem acessar essa nova tecnologia (Lan House, Cyber Café, em Shopping, etc), e assim ter acesso à informática e a educação ao mesmo tempo.

Dessa forma podemos concluir que não será só na área da educação que a informática trará mudanças substanciais e começa haver mudanças nas ofertas e procura de empregos, nas formas de relacionamento interpessoal, em questões ambientais, na vida em família, entre outras situações mais complexas. Por isso devemos usar a informática como ferramenta de auxilio pedagógico, contudo com bastante sabedoria e planejamento para não acabarmos limitando a potencialidade intelectual das futuras gerações e a construção de seus conhecimentos, que se não forem incentivadas acabaram achando que "tc c/ vc e + legal".

"No Brasil os professores abusam da decoreba e os alunos absorvem as informações por fé – e não porque foram convencidos pela razão."

Ernesto Schiefelbein.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

GANDIN, Danilo.; GANDIN, Luís Armando. Temas para um projeto político-pedagógico. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 1999.

"A juventude em rede". In: Revista Veja. São Paulo, ed. Abril, ano 42, nº 7, edição 2100, 18/02/2009, 84-93.

"Menos opinião e mais ciência". In: Revista Veja. São Paulo, ed. Abril, ano 42, nº 7, edição 2100, 18/02/2009, 111.

"Como melhorar a educação no Brasil". In: Revista Época. São Paulo, ed. Globo, 14/04/2008, 67-82.

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=1006 – consulta em 05/02/2008.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18231.shtml - consulta em 05/02/2008.


Autor: Roberto Dana


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