Benedita, NÃO! DIDA!



Um fazendeiro levou o filho para ser alfabetizado na escola da cidadezinha mais próxima onde ficava sua propriedade e, para que o guri não tivesse que fazer a viagem de ida e volta todo o dia, hospedou-o em uma pensão, aos cuidados da proprietária .
Chegou a época das férias, o fazendeiro mandou encilhar o cavalo e tomou a estrada para buscar o filho. Ao chegar à pensão, colocou o guri na garupa e, no caminho, perguntou-lhe diversas coisas, entre elas o que havia aprendido duirante o tempo que estivera na escola. O guri respondeu-lhe:
– Algumas letras.
O pai, achando que pelo tempo que lá ficara o filho "algumas letras" era muito pouco, durante o caminho, fez a mesma pergunta outras vezes, para ver se o guri não dizia algo mais. Mas não adiantou coisa alguma, pois a resposta era sempre a mesma :"algumas letras"...
Ao chegarem à fazenda, o pai, desconfiado, pegou uma folha de papel e escreveu a letra "A" e perguntou ao filho que letra era aquela .Este respondeu prontamente:
–"É um "B".
Tendo em vista a resposta errada, o pai resolveu prosseguir no ’teste de avaliação de aprendizado’ do filho. Escreveu ele, então, na mesma folha a letra "B" e indagou ao filho que letra era aquela. O guri olhou para a letra e disse:
– É um "C.
A essas alturas, o pai já estava mais que certo que o filho não aprendera coisa alguma, mas, por desencargo de consciência, escreveu a letra "C" e perguntou, novamente ao guri:
– E essa, que letra é?
O ’estudante olhou o que o pai havia escrito e disse:
– É um "D" .
Foi a gota d’água’...
Perguntou, então, ao filho:
– Onde mora a tua professora, piá?
– Ela mora numa casinha amarela, com janela verde e uma trepadeira cor-de-maravilha na grade. É pertinho da escola.
– Como se chama a professora?, perguntou-lhe o pai.
Disse-lhe o filho :
– Benedita, mas ela não gosta deste nome. Ela gosta que a chamemos de Dida.
Chateado da vida porque a Benedita - Dida, nem mesmo havia alfabetizado o guri, o fazendeiro montou no cavalo e foi-se estrada afora a caminho da cidadezinha. Lá chegando bateu na porta da tal casa amarela perto da escola. Atendeu a porta uma afro-descentona E-NOR-ME, com as mãos na cintura e com cara de poucos – ou nenhum – amigo.
Educadamente, o pai do estudante que nada aprendera disse-lhe:
– Bom dia, Benedita!
Respondeu-lhe a professora, de imediato e com voz que denotava aborrecimento:
– Benedita , NÃO ... Dona Dida!
A essas alturas, danado da vida pelo filho nada ter aprendido, o fazendeiro elevou a voz e falou alto:
– Ouça : escola onde o "A" for "B" , "B" for "C" , "C" for "D" , " Benedita" for "Dida", meu filho não estuda mais!
Autor: mirna albuquerque


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