Se a sua empresa não emprega aquilo que está na vanguarda da administração moderna, não se preocupe.



Participei de um congresso nacional de Administração organizado para discutir a gestão empresarial no Brasil, onde um renomado palestrante alertou em tom de critica para o fato que muitas organizações ainda apresentam características que denotam grande identidade com a Administração Clássica.

Apesar de se tratar de um palestrante o qual tenho grande admiração, o enfoque dado à palestra me incitou a escrever este artigo contrapondo alguns aspectos das idéias apresentadas, pois discordei em vários momentos.

Hoje em dia (anos 2000) o estudo da Administração tem por objeto o estudo da organização como um sistema complexo, composto de subsistemas que interagem entre si e com o ambiente externo.

Mas essa realidade é apenas uma evolução natural de uma ciência relativamente nova (pouco mais de 100 anos), que sofreu uma ampliação enorme ao mesmo em que se apresentou com uma quantidade enorme de variáveis importantes para a sua compreensão e aplicação nos diversos tipos de empresas, que é a Administração Geral (a Administração de Empresas tornou-se uma vertente da Administração Geral a partir da década de 30).

O fato é que todas as empresas estão inseridas em realidades de mercado diferentes, dentro dos mercados em nichos com nível de maturidade diferentes, inclusive entre porte de empresas. Quer dizer, mesmo dentro de um nicho de mercado existe um nível de progresso em relação à Gestão Empresarial, onde uma empresa mais madura está a 'anos luz' de distancia da empresa em desenvolvimento quando se trata da profissionalização da sua Administração e ainda assim ser muito bem sucedida sob várias perspectivas de análise.

Portanto, todas as teorias administrativas desenvolvidas ao longo dos anos são aplicáveis ainda nos dias de hoje e, de alguma maneira, devem ser aplicadas. O importante é o administrador conhecer suas diferentes abordagens de forma a ter à sua disposição uma série de alternativas interessantes para cada situação.

Por exemplo, caso o empresário tenha sua organização em crescimento e esteja no momento da sua empresa investir em um programa qualificação e análise de processos, ele vai implantar técnicas e metodologias desenvolvidas a partir de 1924 por Deming e outros autores, ou seja, isso não tem nada de novo, no entanto para aquela empresa específica nada é mais contemporâneo e necessário ao seu desenvolvimento.

O que os administradores precisam ter em mente é que a Administração das organizações está mais ocupada das interações e as relações de interdependências entre as cinco variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente.

Isso quer dizer que no meu exemplo anterior, uma empresa que está em fase de desenvolvimento pode muito bem ter o que existe de mais moderno em termos de conceitos e aplicações na Gestão do seu RH e estar ainda bem no começo quando o assunto é o intercâmbio com o ambiente externo, que faz parte de uma escola surgida na década de 60, a Teoria de Sistemas.

Portanto, como eu disse anteriormente, nada disso impede de a empresa ser bem sucedida e ser reconhecida como uma empresa eficiente aos olhos do seu mercado.

Por fim, e acredito que seja em relação a isso que o palestrante se referia, o problema não é a aplicação em si das diversas abordagens da administração ainda nos dias de hoje, mas sim a falta de capacitação dos profissionais envolvidos na gestão das empresas brasileiras, que estão no dia-a-dia aprendendo na prática como gerir melhor suas empresas, errando e acertando, sendo que todo este conhecimento já está disponível há bastante tempo e não é aproveitado pela maioria.

Pegando como exemplo a mesma empresa em crescimento, acontece de seu administrador estar muito preocupado tentando encontrar formas de reduzir seus estoques de insumos, ao passo que isso já foi estudado e testado à exaustão na década de 50, no Japão do pós-guerra.

O que está errado, portanto, não é a aplicação das abordagens em si, mas sim a falta de conhecimento delas e as incansáveis tentativas de se 'reinventar a roda'.

Sucesso!


Autor: Rodrigo Lellis


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