Novos Agentes SURGIDOS de Velhos Atores



Joana D`Arc Costa

Se lançarmos um olhar sobre a história universal, vemos um imenso quadro de mudanças e de ações de formações infinitamente variadas de povos, de, de Estados, de indivíduos, numa sucessão ininterrupta. (Hegel)

RESUMO

Os estudos das políticas escolares e a escolarização vêm tomando forma diferente de análise. Essa nova abordagem dos estudos sobre a Educação predominou por muito tempo, entretanto somente agora, sob a luz de outras vertentes de análises, concluo que o contexto por si só não garante o repasse da reprodução dos sistemas macro de ensino e também, naturalmente, a conservação da sociedade como reprodutora dos sistemas de controles sociais. O que quero esclarecer é que o espaço escolar, a institucionalização da escola, a escolaridade e tudo o que se refere ao ensino não se constituíram apenas por uma parte ou parcela unilateral do sistema de uma sociedade, nem tão pouco de grupos minoritários de intelectuais e pensadores. Numa tentativa de explicar o que compreendo por instituição escolar, digo que é um conjunto de diferentes formas de perceber a escola como um produto de ação coletiva e individual de várias categorias em determinada época, perfeitamente administrável. Com isso, focalizo a afirmação de que as diversas categorias de atores levam a determinar e favorecer o desenvolvimento do sistema escolar. Aponto ainda para uma perspectiva imaginativa e inovadora de investigar e analisar a Instituição Escolar e suas práticas culturais e escolares dentro da organização escolar.

PALAVRAS CHAVE: Práticas escolares, atores, agentes pedagógicos.

ABSTRACT

The studies of the school politics and the education are taking form different from analysis. That new approach of the studies about the Education prevailed for a long time, however only now, under the light of other slopes of analyses, I conclude that the context by itself doesn't guarantee him/it reviews of the reproduction of the systems teaching macro and also, naturally, the conservation of the society as reproductive of the systems of social controls. The one that I want explain is that the school space, the institucionalização of the school, the education and everything that refers to the teaching was not just constituted by a part or it parcels out unilateral of the system of a society, nor so little of intellectuals' minority groups and thinkers. In an attempt of explaining what understand for school institution, I say that it is a group in different ways of noticing the school as a product of collective and individual action of several categories in certain time, perfectly administrável. With that, I focus the statement that the several categories of actors take to determine and to favor the development of the school system. I still appear inside for an imaginative and innovative perspective of to investigate and to analyze the School Institution and their cultural and school practices of the school organization.

KEYS -WORDS: School practices, actors, pedagogic agents

NOVOS AGENTES SURGIDOS DE VELHOS ATORES

A história da Educação é um campo imprescindível para a reorientação da formação dos educadores, principalmente no sentido de compreender que a instituição escolar influencia de forma significativa as políticas escolares no sentido de que seus atores vão tomando forma diferenciada, na medida em que sutilmente os mecanismos de indicação vão redefinindo os interesses, as intenções, analisando as mudanças e redirecionando suas ações.

Os estudos das políticas escolares e a escolarização vêm tomando forma diferente de análise. Isso porque, segundo Lopes e Galvão, até então a história da Educação recebia muita influência de tradição marxista, segundo elas, no livro "História da educação" 2001, entendiam que "os estudos do contexto de cada sociedade dispensassem uma investigação das práticas escolares propriamente ditas; acreditava-se que, conhecendo-se o contexto, conhecer-se-ia automaticamente a escola" ( pág. 51 e 52), parecendo assim que a instituição escolar fosse desprovida de autonomia, sendo apenas mera cumpridora do papel de reforçar e reproduzir as desigualdades sociais. Neste particular, gostaria de mencionar o enfoque que os autores Jean-Michel e Jean-Pierre deram no artigo "A Instituição escolar e a escolarização, uma visão de conjunto", quando se referem aanálise desse pensamento impregnado de tradição marxista e afirmam que:

As pesquisas do INED (Instituto Nacional de Estudos Demográficos) ou de Pierre Bourdieu e Jean Cloude Passerom, que na França têm contribuído nos últimos 30 anos para a renovação do campo dos estudos sobre a escola, não eram, aliás, centrados sobre um conjunto desse processo de desenvolvimento, mas antes sobre algum de seus aspectos específicos ( as desigualdades sociais de escolarização) e sobre algumas de suas conseqüências" (JEAN-MICHEL E JEAN-PIERRE, pág. 12, 1994).

Essa nova forma de abordagem dos estudos sobre a Educação predominou por muito tempo. Agora, diante da análise de outras vertentes, concluo que o contexto por si só não garante o repasse da reprodução dos sistemas macro de ensino e naturalmente a conservação da sociedade como reprodutora dos sistemas de controles sociais. É preciso observar as especificidades das práticas escolares e as formas de apropriação e representação que os agentes escolares fazem dos programas, das regulamentações, das leis, etc. Entendo quando Jean-Michel e Jean-Pierre dizem que esse fenômeno é conhecido, embora pouca atenção tenha sido dada e que não existem análises porque não disponibilizaram fontes documentais suficientes para as narrativas históricas nestas perspectivas. Eles, os autores, exemplificam quando dizem:

Por mais detalhada que sejam as regulamentações, deixam implícitos um grande número de elementos, abandonando-os à iniciativa de agentes da Instituição. A definição de uma parte desses elementos é evidente para os agentes da instituição e para os observadores da época: as formas de disciplina, as práticas pedagógicas, as normas de aprendizagem, os critérios de julgamento sobre os alunos, as normas de apreciação da administração são, assim, implicitamente definidos para os novos tipos de estabelecimentos ou de cursos, ou de séries escolares, a partir dos usos estabelecidos pelas partes da instituição escolar. Mas as condições concretas do meio podem, igualmente, implicar, no de correr do processo de implantação, transformações notáveis das práticas introduzidas em uma nova parte da instituição escolar (JEAN-MICHEL E JEAN-PIERRE, pág. 35, 1994).

Logo, o modo de cumprir a legalidade das regulamentações e as normas estabelecidas é que faz a diferença, porque podemos reinterpretar de forma diferente e peculiar aquilo que vem como igual para todos por sermos singulares, com características próprias e capacidade de criar e recriar novas estruturas a partir do comum; na interação o homem projeta uma conotação pessoal ao objeto. É evidente que essa mesma análise pode ser aplicada a grupos sociais que de uma forma global e ao mesmo tempo singular apresenta práticas culturais e escolares específicas do seu contexto, mas que, no entanto, são resultados da mistura de diversos influenciadores, um deles o Estado que por sua vez não deixará de garantir a continuidade e a manutenção da sociedade e a reprodução dos conteúdos necessários à perpetuação do conhecimento que alimenta e mantém acesa a sobrevivência da humanidade.

O que quero esclarecer é que o espaço escolar, a institucionalização da escola, a escolaridade e tudo o que se refere ao ensino não se constituíram de apenas uma parte ou parcela unilateral do sistema de uma sociedade, nem tão pouco de grupos minoritários de intelectuais e pensadores. A instituição escolar é um espaço onde ocorrem as convergências e as divergências de todos os atores pedagógicos e não pedagógicos, administrativos, religiosos de todos os credos, filosóficos, sociológicos, históricos, etc.

Numa tentativa de explicar o que compreendo por instituição escolar, digo que é um conjunto de diferentes formas de perceber a escola como um produto de ação coletiva e individual de várias categorias em determinada época, perfeitamente administrável. Neste sentido, volto a citar as referências de Jean Michel e Jean- Pierre quando fazem alusão a " A contribuição para a instituição na definição desses problemas é, na maioria das vezes, essencial, mas ela é amplamente ocultada nos olhos daqueles que por se encontrarem no interior do espaço escolar, não percebem do quanto a definição se deve ao contexto institucional, no qual eles se manifestam" ( pág. 37, 1994). Neste caso, é notório que o tempo e o espaço são ferramentas que o homem utiliza para regular a natureza e que as coisas são compreendidas e ocorrem dentro dessas categorias que interagem com o próprio homem. Sendo assim, se for adotado nas narrativas históricas uma perspectiva temporal bastante ampla, é possível elencar condições de perceber que determinações de políticas escolares podem ocorrer de maneira dialética, porque " a complexidade de suas relações é, ao menos em parte, a conseqüência das diferenças de temporalidade, nas quais se inscreve cada uma das suas dimensões". ( Jean-Michel e Jean-Pierre, pág. 37, 1994). Portanto, é preciso estudar a escola como um todo, dentro de seus diversos aspectos, dando relevância em especial às práticas escolares que se desenvolvem dentro dela. Para isso, é necessário dissimular um distanciamento sem, entretanto, se afastar do objeto de representação que marca o indivíduo.

Com isso, focalizo a afirmação de que as diversas categorias de atores levam a determinar e favorecer o desenvolvimento do sistema escolar. É preciso equacionar uma fórmula para que os agentes sejam analisados nos seus aspectos materiais e organizacionais, levando em conta os fins a que eles se propõem e a forma como os perseguem. Para isso, é necessário observá-los também sob um prisma de investigação aberta, sem mascaramento, para que se possa extrair outra nuance oriunda de suas narrativas e enfoques.

Essa seria uma das múltiplas contribuições que a história do Ensino poderia fomentar para a formação dos educadores.

Sem muita pretensão, procurei examinar e fazer um paralelo entre o que apontam as duas leituras, de Lopes e Galvão, uma sobre a história do ensino e a outra sobre Instituição escolar e organização, de Jean-Michel e Jean Pierre. Ambas partem de duas grandes tendências que influenciaram marcadamente nas últimas décadas o campo da História da Educação, oferecendo assim a revitalização do processo histórico que são o marxismo e a Nova História. Apontam ainda para uma perspectiva imaginativa e inovadora de investigar e analisar a Instituição Escolar e suas práticas culturais, escolares dentro da organização escolar.

Considerações finais

As leituras que venho fazendo sobre essa temática têm me levado a mergulhar um olhar mais profundo nas práticas escolares, vivenciadas ao longo da minha trajetória pelo magistério as atividades que desenvolvia, dos programas preestabelecido se as representações e apropriações que os alunos faziam delas. Tenho comigo vários relatórios de alunos do magistério (Ensino Médio), só para ilustrar; em um deles, contém uma frase que diz " Se quisermos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova" ( Rosângela S. Pereira, 3º Magistério. 1998).

Confesso que nunca parei para analisar essa frase, só agora me proponho a procurar entender que representação a aluna fez do conceito de história? Como se apropriou desse conhecimento? Para responder essas indagações, necessário se faz investir na pesquisa das práticas e saberes dos jovens estudantes.

REFERÊNCIAS

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VINÃO, Frago, Antonio - Espacio y Tiempo, Educación e Historia. IMCED, Morelia, Michoacán, México, 1996.

VINÃO, Frago, Antonio. Escribir las prácticas: Foucault, de Cherteau, Marin. Buenos Aires, 1996.

Novos Agentes SURGIDO de Velhos Atores

Costa, Joana D`Arc [1] UNIT- [email protected] /[email protected]fone 8821-4975/3231-4567.




Autor: Joana Costa


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