Ampliação da Consciência



Escrevi o último artigo sobre como se comunicar sem violência e de maneira a gerar espaço para o diálogo e para a discussão sadia. O primeiro ponto básico é falar de seus próprios sentimentos, sem apontar o dedo ao outro e desabafar um monte de críticas e julgamentos. A melhor forma de se comunicar é falar de ti. Assim você estará mostrando e expressando de maneira amorosa o seu sentimento e as suas necessidades. Mas como saber o que realmente sente? Qual a real necessidade?

No dicionário, a palavra "sentir" significa "aptidão de receber impressões, ter sensibilidade, intuir e consciência íntima".Perceba estas definições. Nenhuma delas se refere ao ato de pensar, racionalizar ou analisar. O sentimento surge e define-se corporalmente. O ato de receber impressões, ou seja, de perceber o mundo através dos sentidos gera um sentimento. A consciência íntima é uma consciência ligada ao corpo. Existe uma relação intrínseca entre ter sentimentos e sentir o corpo.

Há tempos nos desligamos de nosso corpo e aumentamos o volume de nossa mente. Pensamentos, raciocínio, fazer e agir se tornaram lemas. 'Sentir' virou uma ação dos fracos. O corpo sente e a mente pensa; procurar sentir com a cabeça é inútil.

Já ficou triste e racionalmente não entendeu o porquê? Já ficou angustiada com algo banal? Já se irritou tanto que algumas lágrimas de raiva escorreram por algo racionalmente insignificante? Como buscar se comunicar pelo coração se este fica no corpo, mas passamos tanto tempo na cabeça? Assim, antes de continuar a falar sobre a comunicação emocional, precisaremos passar um tempo na busca dos nossos sentimentos, da integração entre mente e coração. Existe uma sequência:

Percepção > Sensação > Pensamento > Expressão

Primeiro algo é percebido por nossos órgãos dos sentidos, captado do ambiente e internalizado. Após esta percepção existe uma sensação. Esta sensação pode ser física ou emocional. A partir daí surge o pensamento. Nesta etapa existe toda a função de qualificar, analisar e identificar. Passado pela percepção, sensação e pensamento chega a hora da expressão/ação.

Esta sequência nem sempre é seguida e algumas lacunas podem existir. Quando pensar em algo, pergunte-se o que sentiu ou percebeu para pensar desta forma. Pensamentos surgem de sensações e percepções muitas vezes inconscientes que interferem profundamente na forma de captar o externo e internalizar o real. Quando agir de uma maneira surpreendente ou repetida pergunte-se no que pensou, sentiu e percebeu.Esta é uma forma de conhecer mais sobre como a informação é processada por você.

Cada um de nós tem sua subjetividade, o que gera uma complexa combinação de caracteres. Imagine que nesta diversidade temos que nos comunicar, nos fazer compreender e compreender o outro. Cada um com suas lentes e máscaras olhando para fora, vendo outros de lentes e máscaras que assim como você acreditam que o que vêem é o real. Provavelmente só o fato de perceber o quanto o ato de comunicar é complexo, possa trazer mais cuidado e delicadeza no ato de se comunicar. Os dois pilares da comunicação e do real diálogo são: o cuidado e o amor.


Autor: Marie Bize


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