Resenha sobre o livro - HENRI WALLON



FORMULÁRIO RESENHA BIBLIOGRÁFICA


I OBRA

  1. RESENHISTA: PAULA MONIQUE PEREIRA

  2. AUTOR (A): IZABEL GALVÃO

  3. TÍTULO: HENRI WALLON, UMA CONCEPÇÃO DIALÉTICA DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL.

  4. EDITORA: VOZES

  5. LOCAL DE PUBLICAÇÃO: PETRÓPOLIS

  6. ANO: 1995

  7. NUMERO DE PÁGINAS: 134

  8. FORMATO DO LIVRO: ESTE LIVRO CONTÉM ONZE CAPÍTULOS, ONDE A MÁDIA DE PÁGINAS ENTRE ELES É QUASE A MESMA, SENDO QUE O SEGUNDO CAPÍTULO É O QUE CONTÉM MENOS SUBTÍTULOS HAVENDO APENAS DOIS, CONTÉM TAMBÉM ORELHAS ONDE UMA FALA SOBRE A AUTORA E A OUTRA SOBRE WALLON.


II CREDENCIAIS DA AUTORA


Izabel Galvão é pedagoga formada pela Universidade de São Paulo, onde também cursou mestrado apresentando a dissertação: “O espaço do movimento: investigação no cotidiano de uma pré – escola à luz da teoria de Henri Wallon”. Atuou como professora de 1º grau, técnica de programas educacionais, voltados para a infância e atualmente trabalha na área de formação de professores. Está cursando doutorado na FEUSP, prosseguindo as pesquisas no campo de interseção entre a educação infantil e a psicologia do desenvolvimento. Recebeu o Prêmio Gottfries Hausmann oferecido pela UNESCO, pelo artigo “ O espaço do movimento: uma análise dos conflitos nas interações entre professor e alunos de uma escola maternal”

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III EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO DA OBRA

No primeiro capítulo a autora falou um pouco sobre a intensa vida de Wallon, sendo ele médico filósofo se interessando pela psicologia quando estava finalizando seus estudos secundários. Wallon ressaltava que a pedagogia e a psicologia deveriam sempre andar juntas, pois uma oferecia o campo de estudo para a outra.

Segundo a autora Wallon viveu em um período muito turbulento da história, entre as duas guerras mundiais, o que incentivou a clareza de sua teoria. Interessou-se desde muito cedo as causas sociais, pois tinha em casa uma atmosfera muito democrática, aliando – se ao socialismo partido onde não permaneceu muito tempo pois se desencantou com a atmosfera política que lá havia, mas continuou no meio político sendo deportado, lutando contra os fascistas e se aliando ao comunismo partido onde atuou até a sua morte.

Segundo a autora Wallon concluiu seus estudos como médico, pois em sua época não havia a disciplina de psicologia, mas ao se formar se dedicou ao estudo de crianças com deficiências mentais, sendo que em 1914 foi a frente de batalha atuando como médico na guerra, mas ao voltar a Paris começou a cuidar dos feridos de guerra e a fazer comparações entre os feridos com lesões cerebrais e as crianças portadoras de deficiência mental.

Ainda neste capítulo a autora ressalta que Wallon participou de vários debates educacionais de sua época incluindo o da Escola Nova, criticando o excesso de espontâneismo que essa escola oferecia. Wallon ocupou vários cargos educacionais como presidente da comissão para a reformulação do sistema de ensino francês, ocupando esse cargo após a morte do físico Paul Langevin, o que resultou no projeto de ensino Langevin – Wallon.

No segundo capítulo a autora fala sobre as criticas feitas por Wallon a psicologia introspectiva (acreditam que o psiquismo é interior) e a materialista mecanicista (acreditam que o pensamento é apenas produto do cérebro), pois Wallon ressalta que o homem é um ser psíquico social, ou seja, precisa tanto do interno quanto do externo para que haja o desenvolvimento, adotando assim como método de sua teoria o materialismo dialético, pois este é um método vulnerável, adaptando – se as mudanças da realidade.

Para Wallon o homem é um ser geneticamente social, se dedicando assim ao estudo do comportamento infantil, mas ressaltando que para estudarmos a realidade da criança, devemos estudá-la como um todo, ou seja, estudar a sua realidade.

Segundo a autora Wallon fez vários estudos de origem patológicos, neurológicos, psicologia animal, mas baseando principalmente na antropologia, estudando as sociedades primitivas com o intuito de fazer comparação entre as sociedades primitivas e o desenvolvimento infantil.

Aderiu muito as idéias de Piaget e Freud, estabelecendo um dialogo mais amplo com o primeiro em relação ao campo da genética, mas os dois tinham as suas diferenças sendo que Piaget procura completar a sua obra na obra do colega e Wallon procura as diferenças existentes entre a sua obra e a do colega, sendo assim Wallon em sua obra tinha o intuito de realizar a psicogênese da pessoa e Piaget a psicogênese da inteligência.

Mas a autora ressalta que para Wallon para entendermos as atitudes das crianças devemos entender o meio onde ela está inserida, tomando a criança como ponto de partida.

Neste terceiro capítulo a autora fala sobre os estudos de Wallon sobre as etapas do desenvolvimento infantil, pois no início da vida do indivíduo o orgânico predomina sobre o social, mas com o passar o orgânico vai dando espaço para o social e para a construção das condutas psicológicas superiores, como a inteligência.

A autora ressalta os conflitos que as crianças passam nessa fase, que são de origem exógena e endógena sendo o primeiro de origem social e o segundo de origem maturacional nervosa.

Wallon define os estágios do desenvolvimento infantil sendo que o primeiro há a predominância da emoção, pois a criança utiliza sua afetividade para recompensar sua inaptidão exercida sobre o meio, a segunda etapa há a predominância do cognitivo sendo este o estágio sensório – motor e projetivo ha vendo o desenvolvimento do simbolismo e da linguagem, havendo também maior autonomia em relação aos objetos, a terceira etapa é o do personalismo onde há a formação da personalidade, havendo também a personalidade e da consciência de si. O quarto é o estágio categorial onde há a diferenciação da personalidade, e o ultimo o estágio da adolescência sendo o mais turbulento, onde a ação hormonal é muito intensa resultando em uma nova formação da personalidade, voltando a predominância da afetividade.

A autora finaliza este capítulo falando sobre o jogo funcional, que é a fase onde a criança aprende alguma coisa e fica repetindo em uma seqüência, como por exemplo, se ela aprende uma palavra nova ela fica repetindo essa palavra a todo o momento, e esta fase pode seguir a pessoa pelo resto da vida.

No quarto capítulo a autora fala sobre os conflitos eu – outro, pois quando a criança nasce ela não se admite como um ser independente, sendo que no primeiro ano de vida ela se indica em terceira pessoa e no terceiro ela já se indica como eu, nesta fase ela sente a necessidade de negar o outro para se afirmar como eu, a próxima fase é a da graça, ou seja, a fase da sedução onde a criança sente a necessidade de admirar a ela mesma e aos outros, logo após essa fase há a fase da predominância da imitação, onde a criança tenta a reaproximação do outro que foi negado através da imitação. Na adolescência a diferenciação do outro é feita através da diferenciação de opinião.

No quinto capítulo a autora ressalta a questão das emoções que para Wallon nos primeiros meses de vida são essenciais para a sobrevivência humana, mas com o passar do tempo às emoções vão se tornando exteriorizadas. Wallon liga também as emoções com algumas mudanças neurológicas como, por exemplo, a cólera e essas mudanças são encontradas principalmente nos recém – nascidos.

Wallon faz um paralelo entre razão e emoção, pois muitas vezes a emoção nos impede de pensar de forma objetiva, mas se em alguma situação a emoção for muito grande e tentarmos parar e refletir sobre as causas daquele conflito as repercussões serão muito menores.

No sexto capítulo a autora fala sobre o movimento e o equilíbrio, e que ele varia conforme o desenvolvimento da criança, mas nas crianças pequenas as sensações predominam sobre as ações motores, sendo essas responsáveis pelas crianças serem capazes de reproduzir alguma cena presenciada.

A autora ressalta que para Wallon o desenvolvimento cognitivo aumenta a capacidade de independência infantil, mas mesmo assim a criança ainda utiliza objetos como um garfo ou uma colher com finalidades lúdicas. Mas isso não se restringe as crianças, pois os Adultos também utilizam de objetos para se expressar, dependendo do contexto cultural onde está inserido.

Wallon chama de disciplinas mentais a capacidade de controlar nossos movimentos, mas que só se estabelecem por volta dos seis aos sete anos, sendo um processo lento, pois as crianças não conseguem se concentrar em uma mesma coisa por muito tempo, sendo assim a escola exerce um importante papel para a consolidação das disciplinas mentais.

No sétimo capítulo a autora fala sobre o desenvolvimento da linguagem, tendo Wallon tomado como base o pensamento discursivo. Wallon fez entrevistas com criança de 5 a 9 anos e percebeu que o pensamento infantil atua em pares, sendo estes determinados por uma sonoridade parecida.

A autora ressalta sobre o pensamento sincrético que para Wallon designa o caráter confuso do pensamento infantil. Segundo a autora o pensamento categorial contribui para a separação entre qualidade e coisa e símbolos, causando conflitos mentais que são essenciais para o progresso do pensamento. A autora finaliza este capítulo ressaltando que podemos analisar aspectos positivos para o sincretismo no pensamento infantil, mas que ele só pode ser resgatado em caso de criação artística.

No oitavo capítulo a autora fala sobre as criticas feitas por Wallon a Escola Tradicional e a Escola Nova, pois a primeira havia o excesso de autoritarismo, mas o conhecimento sistematizado era valorizado, já na segunda havia o excesso de espontâneismo, mas não davam muita importância ao conhecimento sistematizado.

Ainda neste capítulo a autora ressalta que mesmo que a escola não queira ela tem um envolvimento político, ressaltando sobre o projeto educacional Langevin – Wallon que priorizava entre outras coisas o remuneramento dos estudantes, para que estes se dedicassem apenas ao estudo, trazendo também uma utopia educacional.

No nono capítulo a autora fala que Wallon vê o ser humano como um ser completo, ressaltando que para Wallon nas escolas além de serem trabalhados conhecimentos sistematizados devem ser trabalhadas as interações sociais.

Neste décimo capítulo a autora fala sobre os conflitos, pois para Wallon os conflitos tem papel essencial na formação da personalidade e que o alvo principal desses conflitos são os pais e os professore e que esses não devem levar como ofensa pessoal, mas devem encontrar uma maneira para amenizar esses conflitos.

A autora ressalta que a sala de aula deve ser um lugar agradável, sendo assim a escola e os professores não deveriam cobrar dos alunos atitudes que ainda não estão completamente formadas nele como as disciplinas mentais, pois enquanto elas não estão formadas a criança não é capaz de se concentrar em uma mesma coisa nem ficar parado em um lugar por muito tempo, sendo assim a sala de aula deve ser um lugar onde haja liberdade.

No décimo primeiro e ultimo capítulo a autora faz um resumo do que ela trabalhou o livro todo, ressaltando a questão da função social da escola, e a influencia dos conflitos na formação da personalidade do aluno, a autora finaliza falando sobre a contribuição feita por Henri Wallon na área educacional.

A autora finaliza este livro com um artigo feito pelo próprio Wallon onde ele fala sobre todo o desenvolvimento infantil explicando etapa por etapa, desde a influencia do orgânico no recém – nascido, passando pelos conflitos infantis até os conflitos da adolescência, onde o que prioriza é a diferença de opinião.



Autor: Paula Monique Pereira


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