A Dama de Vermelho



O curioso do dia era que pareceria um banal, daqueles que o inicio é irritante, quente e agitado. Onde o suar transpira do corpo ao término do banho. Todavia, os afazeres diários não foram suficientes ao controle do destino. Ao sinal do telefone o golpear assustado do coração ao descansar em seu leito silencioso e solitário, onde os pensamentos a levavam ao mundo dos sonhos. Do outro lado da vida um grito alucinado, desesperançoso e mortal. O descontrole rasgava em prantos o silenciar do repouso, uma convocação a lutar contra a guerra, a vencer um inimigo invisível. Diante da convocação conferida, os pensamentos a levaram ao passado das guerras, duelos em que o caminho foi lavado com o encarnado das derrotas. No impulso aceito o chamamento e as conseqüências se disseminaram defronte ao bater do telefone. Investido em dúvidas se enche o coração palpitante do desesperar insano. As seqüelas da derrota da batalha encravariam permanentemente na alma o fracasso na guerra.

Com os ponteiros a conduzir com avidez o tempo, os pensamentos se acumulando entre a linha do destino a reviver as recordações do passado a procura das armas a combater o inimigo. No raciocinar longínquo a jovialidade da convivência, dos momentos alegres, na festividade da vida. As lembranças surgiram no piscar dos olhos e o coração se preenche novamente no desejo da amizade feliz, fortalecida e viva.

No entanto o desejo nascente no coração não venceria o duelo e muito menos traria a vitória na guerra. Fazia necessária uma arma, uma estratégia que abarcasse a vitória em uma única derrocada. Então tomada das memórias a imagem do sorriso e do galanteio ingênuo na brincadeira da mocidade surgiram aos olhos no reflexo do espelho. À volta ao tempo aos olhos escuros refletidos no brilhar do encarnado vibrante de juventude de passadas saltitantes, provocantes e atrevidas.

A armadura o cérebro a conduzir o retorno das visões dos olhos, o uniforme a vestimenta das lembranças e o soldado a experiência revestida no corpo. Diante do espelho a estratagema se lança rumo ao encontro, ao combate e as incertezas.

No outro lado da vida um ser em lamúria, consumido há dias por uma fatalidade decorrente da alma. Talvez a insanidade do agora não seja a conseqüência da fatalidade, apenas uma queda dos riscos da juventude. Sem temor das ações e fatos de viver, se entregou completamente ao mundo que desejou provocar com seus ideais sempre na incitação de incomodar e sentir incômodo por viver. De sua jovialidade entusiasmou e ludibriou as conseqüências do agora.

Infelizmente o agora maduro, de profissionalismo de punho rígido, responsabilidade de vidas de outros, a brigar por ações de segurança de todos, ver sem controle nas mãos. Um ato de juventude sem riscos calculados ao futuro, cega os olhos no causar das dores do agora. A aflição que engasga e rasga a garganta há dias atormenta no grito cortante do silêncio da madrugada, a solidão comum a seres viventes, sobreviventes dos riscos das criações de seus próprios mundos não se faz amiga, conselheira e acolhedora.

As raridades das amizades constituídas no decorrer da jornada é o conforto da alma. Contudo a natureza melancólica se mascara a visões estranhas, provocantes de náuseas e alienadas do viver. A ausência torna-se mal irreversível ao controle da verdadeira visão amiga. Um simples não comparecimento a um encontro físico, de mesma divisão de espaço acarreta a angustia e acende o estopim do agora. O ouvir da voz encorajadora, a designação e a submissão em telefonemas cotidiano e subseqüente não conforta a alma.

O grito de guerra se fez diante da consternação dos riscos, e de imprecisão dos ideais a se confrontar com o seu eu. Inerte se colocou a duvidar de si mesmo. A reviver, a balancear a alma ao retorno do passado e renegar as conquistas do presente e a se perder as realizações futuras. Um véu a cobrir o rosto na covardia da vida vivida da criação modelada do seu próprio mundo. Se nivelando aos vermes dos quais provocaram as ânsias subseqüentes que combateu diariamente em surtos de fúrias a visão da ignorância.

No agora, diante das contagens das perdas não enxerga os ganhos. Seu ser abatido na nostalgia esquece o ideal que moveu as engrenagens do corpo, recusando as conquistas e o conhecimento adquirido. Tanta sabedoria luta e firmeza esparginados ao chão na recusa da continuidade. No resumo, uma pusilanimidade a todos os idealistas, conduzindo a uma ação de infantilidade a provocar a fatalidade, ao compartilhar em um pedido de presença a realização da sua obra.

Vestida ao combate sai rumo ao encontro definido por um chamado da covardia, não aceito na impulsividade, contudo por seus próprios ideais nos quais reintegra dia-a-dia na continuidade do seu respirar. O artifício designado é a esperança do remover da arma das mãos do ser, permitindo o acesso ao abraço, na tentativa do desarme e do sentar a externa a ação.

O comparecimento da presença tão solicitada diante dos olhos do ser reluz no vibrante do encarnado, a ação passa a ser mera inconseqüência, ocasionada pela intensidade da cor. As recordações do passado ressurgem vorazmente, confortando a alma atormentada. Apressadamente em sua direção é ofertado um abraço acompanhado do soluçar do retorno das passadas saltitantes, provocantes e atrevidas. Numa nostalgia da linha do tempo a voltar às ruas, as comemorações natalinas e a liberdade do corpo e da mente. Um reencontro com inicio gerador das mentes de hoje, a semente plantada da imagem da árvore, a base sólida das conquistas e dos riscos recorrentes das lutas constantes na busca da mudança.

Enfim, o encarnado reluz aos olhos da insanidade e joga ao chão a covardia do ser. No atrevimento da consternação das palavras da desilusão dos erros, da fatalidade da jovialidade. A falta do controle dos impulsos no lançar dos incômodos dos pensares da ignorância. Ressurgindo ao agora do destino a remoção dos obstáculos a vencer a guerra. Dando as armas cabíveis a batalha do agora.

Nas lembranças do ontem, no espelho a refletir a alma, ao saudosismo do passado, ao caminho das conquistas e a vitória do desespero sem causa refutável, o ser se entrega e revive aos ideais geradores do júbilo da dedicação do tempo.
Autor: Eliane Maria da Silva Souza


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