AVALIAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS NAS SÉRIES INICIAIS: Práticas Inovadoras da Aprendizagem Significativa



Jacira do socorro Souza Pereira

Michelle de Oliveira Vieira

I – Questão de Pesquisa.

Qual o papel da avaliação na aprendizagem significativa no ensino de ciências das séries iniciais?

II - Objetivo.

Proporcionar uma reflexão sobre a prática avaliativa e pedagógica do professor, no processo de ensino aprendizagem do ensino de ciências nas séries iniciais de uma escola pública estadual na cidade de Belém.

III – Justificativa.

Levar os educadores a repensar, a refletir sobre sua prática pedagógica em sala de aula, não é uma tarefa fácil, haja vista, que o ser humano por natureza não possui o hábito de se autoavaliar, porém, é algo imprescindível no mundo em que vivemos,com tantas mudanças dos processos de comunicação, das formas como agimos, fazemos e aprendemos em nosso cotidiano. O comportamento das crianças e jovens vem se transformando nesse novo contexto, a sociedade acaba cobrando mais dos meios educacionais e dos professores, como novas formas de pensar, planejar, avaliar e estruturar a transmissão de conhecimento. Faz-se necessáriooferecer aos alunos interações mais reais e criativas, vitais para uma nova escola, a qual tenha a cara do mundo em que vivemos.

Surge então a necessidade de se desenvolver o ensino de ciências de um modo diferenciado do atual, ou seja, superar ainda que parcialmente a fragmentação deste ensino e a falta de vínculo com a realidade dos alunos. Faz-se necessário que práticas inovadoras sejam vivenciadas em sala de aula para possibilitar aos alunos os conhecimentos de cada disciplina.

Desta forma percebemos a necessidade de abordar o tema em questão, utilizando as teorias dos autores Jussara Hoffman e Fernandes, sobre avaliação, de Piaget e Ausubel, que abordam sobre aprendizagem e aprendizagem significativa respectivamente e o autor Moran, que nos fala da importância da utilização de práticas inovadoras em sala. Assim, esperamos que o tema abordado proporcionasse uma reflexão-ação-reflexão aos educadores do ensino de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental.

Para uma compreensão mais específica do escopo desse projeto, é importante reconstituir, mesmo que sucintamente a evolução histórica do conceito de avaliação educacional.

A palavra avaliação vem sendo mencionada e utilizada ao longo dos tempos de várias formas, como por exemplo, a frase de Sócrates, " conhece-ti a ti mesmo", esse realmente deveria ser o primeiro passo da avaliação, conhecer-se para depois decidir o que fazer (avaliar) . No que diz respeito à avaliação educacional, essa se iniciou apenas com a avaliação em sala de aula, centrada no aluno, ou seja, o avaliado é sempre o aluno e o avaliador, o professor. Segundo FERNANDES (2002) o professor avalia o processo de ensino e aprendizagem do aluno, os níveis de conhecimentos adquiridos e quais os fatores que interferem em seu desenvolvimento, essa é a chamada avaliação da aprendizagem.

A avaliação é a ação transformada em reflexão e é essa ação que nos impulsiona a novas reflexões. "A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação".(Hoffmann, pg.15, 2005). Segundo a autora, desde os primórdios da educação os estudiosos em avaliação, importam-se, sobre tudo, em estabelecer críticas e opiniões entre ação, avaliação e diferentes manifestações pedagógicas, deixando, entretanto de apontar perspectivas palpáveis ao educador que deseja exercer a avaliação em benefício da educação.

A preocupação teórica com a avaliação surgiu no início deste século. Até os dias atuais, viveram quatro momentos, com características mais ou menos distintas. Pode-se mesmo dizer que há quatro gerações de avaliação.

A primeira, considerada a geração da mensuração (saber tradicional), enfatiza os testes de verificação de aprendizagem e não distinguia avaliação de medida, no qual o avaliador não passava de um técnico.

A segunda geração, considerada descritiva (saber psicopedagógico) centrava-se mais na verificação dos objetivos propostos. Foi nesse momento que a compreensão do processo ampliou-se, levando a perceber sua relação com fenômenos educacionais mais amplos, como o sistema e a instituição, entre outros. Essa geração eminentemente descritiva (saber tecnicista e tecnológico) teve aí seu limite, cuja busca de superação resultou na avaliação centrada no julgamento de valor, que caracteriza a terceira geração. Nesse modelo, o avaliador tem um papel de juiz.

A partir dessas gerações e questionamentos sobre as mesmas surge a quarta geração que é a interação (saber crítico e interativo), que pode ser definida segundo HOFFMANN (pg.35,2005),

"pela busca de um enfoque mais amplo e amadurecido de avaliação, indo além de uma posição supostamente científica e meramente voltada para coleta de informação, a fim de envolver aspectos humanos, políticos, socioculturais e contextuais, sendo a negociação elemento crucial de integração".

Assim, podemos dizer que a avaliação da aprendizagem tem caráter fundamentalmente formativo, ou seja, ela é voltada para a formação global do educando, para o desenvolvimento de suas capacidades. As quais são construídas socialmente e através do processo de aprendizagem.

Aprendizagem pode ser definida de uma de forma bem sintética, como o modo de os seres adquirirem novos conhecimentos, desenvolverem competências e mudarem o seu comportamento. Para PIAGET (1981), a aprendizagem depende do nível de desenvolvimento em que o aluno se encontra: do grau de maturidade, de inteligência, seu estado emocional, sua saúde, alimentação, interesse pelo assunto e seu relacionamento com o professor. Já (AUSUBEL et al., 1980) preocuparam-se em saber de que forma o ser humano constrói significados e desse modo passou a apontar caminhos para a elaboração de estratégias de ensino que facilitem uma aprendizagemsignificativa.

Segundo o autor, o aprendiz tem pela frente um novo corpo de informações e consegue fazer conexões entre esse material que lhe é apresentado e o seu conhecimento prévio em assuntos correlatos, ele estará construindosignificados pessoais para essa informação, transformando-a em conhecimentos, em significados sobre o conteúdo apresentado. Essa construção de significados não é uma apreensão literal da informação, mas é uma percepção substantiva do material apresentado, e desse modo se configura como uma aprendizagem significativa.A aprendizagem é significativa quando a nova informação apoia-se em conceitos preexistentes e relevantes na estrutura cognitiva do aluno. A estes conceitos preexistes dá-se o nome de subsunçores, os quais servem como "ancoras" para a nova informação que é trabalhada no ensino. Para que ocorra a aprendizagem significativa é necessário também que o aluno manifeste disposição para que aconteça e esta disposição está diretamente relacionada com a abordagem contextual dos conteúdos em sala de aula.

No ensino de Ciências, o aluno deverá ser motivado a compreender como o conhecimento científico pode relacionar ao seu contexto moral, espiritual e cultural.
O ensino de Ciências deve ser o caminho que permite ao aluno ampliar as suas concepções sobre a natureza e seus integrantes, sobre os avanços científicos e tecnológicos, os quais tanto influenciam as sociedades atuais, e que estes possam perceber que diversos saberes podem caminhar juntos em sua estrutura cognitiva, sendo assim, aplicáveis nos contextos que lhes for conveniente, facilitando a sua compreensão de mundo e conseqüentemente a sua melhoria da qualidade de vida.

Segundo MORAN (pg. 137, 2000), práticas inovadoras são aquelas que são capazes de transformar a educação em um processo de vida real, tanto para os alunos como para os educadores, isto é, que transforme suas vidas em um processo permanentes de aprendizagem, como explica:

É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos.

Por tanto, a prática cotidiana do professor da área de Ciências deve estar permeada por conhecimentos necessários para o desenvolvimento dos estudantes. O professor tem o papel de orientador e facilitador da aprendizagem, colocando a realidade do aluno cada vez mais próxima da linguagem das matérias afins, utilizada na sala de aula, despertando o interesse pela aprendizagem significativa.

IV – Metodologia

Esta pesquisa será desenvolvida em uma escola da rede pública estadual no município de Belém, no bairro da Terra Firme, terá como sujeitos os professores do 5º ano do ensino fundamental, haja vista, que os pesquisadores estão inseridos nesse contexto, facilitando por tanto a realização do projeto. O mesmo utilizará técnicas, de observação, registro e questionários com questões abertas e fechadas, os quais serão publicados futuramente.

O presente projeto da ênfase a pesquisa qualitativa, por acreditarmos que essa modalidade de pesquisa é a que melhor se aproxima da realidade a ser estudada, por envolver a obtenção de dados descritivos, colhidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada enfatizando, assim, o processo e não o produto final, com a única e exclusiva preocupação de retratar a perspectiva dos sujeitos envolvidos na pesquisa, com o que o pesquisador vê esclarecidas suas próprias perplexidades que motivaram a pesquisa: é um reconhecimento, uma reflexão sobre si mesmo e o grupo investigado que, por fim, constituem uma compreensão sobre o que está sendo investigado, a partir de suas várias perspectivas.

LAKATOS e MARCONI (1991) afirmam que a seleção dos instrumentos metodológicos estão diretamente associados à problemática a ser estudada, ou seja, a escolha dos instrumentos metodológicos depende de fatores relacionados com a pesquisa, e tanto os métodos quanto as técnicas devem, então, adequar-se à natureza do problema a ser investigado.

THIOLLENT, apud KRAFTA et. al., 2009, afirma que a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social que é realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, onde pesquisadores e pesquisados estão envolvidos no problema de modo cooperativo ou participativo. Assim, a pesquisa-ação é um método de investigação aplicada, orientada para elaborar diagnósticos, identificação de problemas e busca de soluções.

A pesquisa-ação é aquela que, além de compreender, visa intervir na situação estudada a fim e modificá-la. A mesma utiliza uma metodologia coletiva que favorece a discussão e a produção cooperativa de conhecimentos específicos sobre a realidade vivida, é uma prática desnaturalizadora que tem como principal foco de análise as redes de poder e o caráter desarticulador dos discursos e das práticas instituídas no convívio social.

Foi pensando nisto e tentando seguir as tendências atuais de metodologia da pesquisa na Área de Ciências Humanas e Sociais, na qual os estudos de Educação estão situados, que ao realizarmos o presente trabalho de pesquisa optamos pela utilização de tal abordagem.

REFERÊNCIAS

ASUBEL, D.; NOVAK, J. e HANESIAN, H. (1980). Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana

FERNADES, Maria Estrela Araújo. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA ESCOLA: base teórica e construção do projeto. 2ª. ed. rev. e atual. Fortaleza: edições Demócrito Rocha, 2002.

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. AVALIAÇÃO: mito e desafio: uma perspectiva construtivista.35ª. ed. revista. Porto Alegre: Mediação, 2005.

KRAFTA, Lina et. al. O MÉTODO DA PESQUISA-AÇÃO: um estudo em uma empresa de coleta e análise de dados. Disponível em www.quantiquali.com.br. (Acesso em 27.08.2009).

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. FUNDAMENTOS DE METODOLOGIA CIENTÍFICA. São Paulo: Atlas, 1991.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. NOVAS TECNOLOGIAS E MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA. São Paulo: Papirus, 2000.(Coleção Papirus Educação)

PIAGET, J. A CONSTRUÇÃO DO REAL NA CRIANÇA. (Cabral, A. Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.1975 a. (Original publicado em 1937).


Autor: Michelle Vieira


Artigos Relacionados


Avaliação Da Aprendizagem, Momento De Ver, Rever Ou De Reter?

A Perspectiva Construtivista De Ensino

AvaliaÇÃo No Ensino De CiÊncias Nas SÉries Iniciais: Práticas Inovadoras Da Aprendizagem Significativa

A Avaliação Na Educação Infantil

Políticas Educacionais Eficientes Favorecem O Bom Desempenho Dos Alunos

Educação Física E Qualidade De Vida

Avaliação Do Ensino