O Mecanismo do Amor em Schopenhauer



O resumo aqui apresentado trata de expor princípios de uma concepção do filósofo, Arthur Schopenhauer (1788-1860), sobre o amor na sua visão de mundo e no seu contexto histórico. Schopenhauer baseou suas pesquisas no amor como nenhum de seus antecessores fez, pois o assunto sempre era visto por vias paralelas, de modo que somente servia como um complemento de questionamentos conceituais. Para o filósofo da “Vontade” o amor é apenas um artifício, que apenas os seres humanos possuem e que fazem para poder procriar suas espécies e para poder também chegar a seu sucessor perfeito. Como essa linha de pensamento Schopenhauer viu que a vida é dor e sofrimento, nos quais nosso único objetivo é a morte, más porém, viveremos eternamente através da indestrutibilidade de nosso corpo por meio de nossa procriação da espécie, no qual, o amor é a principal técnica de conservação da éspecie.
Palavra Chave: amor, espécie, morte, vida, vontade.

Durante a história filosófica os grandes pensadores não direcionarão seus estudos para a questão do amor, Schopenhauer foi um dos que mais analisou essa questão, que até então nunca foi tratada como prioridade pelos seus antecessores, em sua filosofia sobre o amor sempre relacionado a conceitos desde da Grécia antiga por meio de mitos e contos, pois os poetas que eram os educadores, são pessoas que possuem uma intelectualidade suprema, porque eles são genuínos artistas e "falam apenas a verdade" por meio de palavras com instinto persuasivo para seus ouvintes.

Schopenhauer denúncia Eros, o deus do amor e do sexo como principal causador dos problemas, que o amor e a vontade de viver causam, através de sua flecha envenenada de paixão que o leva a se embriagar de amor, Eros se diverte a nós confundir com seus truques e armadilhas, ele é o principal causador de todos os romances e traições de nossa vida sentimental.

Toda paixão amorosa é apenas um impulso sexual determinado e específico. Eros está por trás, em diferentes nuanças e matrizes, dos dramas, romances, epopéias e também da formação dos casais da vida real.[...] Eros é um "demônio¹" que a todos se esforça por passar a perna. Quando realmente quer, consegue atingir suas vítimas, sem apelo possível. (BARBOZA,1997,p.80)

Sendo influenciado por Eros, ou não, o amor é um grande mecanismo que a humanidade dispõe para poder perpetuar a espécie ao longo da vida, tudo isso seria consequentemente natural e estaria traçado em nossas vidas, para que a raça humana consiga existir, o amor entre o homem e a mulher simplesmente é apenas à vontade de viver de um indivíduo que está querendo uma oportunidade de sofrer nesse mundo cruel, falso e desumano, aonde a cada dia o amor apaixonado mesmo ilusório vai se desintegrando.

O amor é ilusão, visto que nele cada envolvido pensa em levar vantagens pessoais ao conquistar o outro: na verdade, apenas realiza um trabalho gratuito em favor da reprodutibilidade ² (BARBOZA, 1997, p.82)

Mais através do consolo filosófico Schopenhauer fala sobre o "ÁGAPE"³, que nada mais é que uma forma de amor diferente mais como compaixão fora dos prazeres sexuais, é o da natureza perante os outros homens e animais tudo em perfeita comunhão assim como yin e yang perpetuam em todo o cosmos.

A filosofia sempre tratou da morte como sendo fonte de inspiração para os grandes pensadores, a natureza sempre está ganhando dos seres humanos que dizem ser racionais pelo seguinte argumento, de que os animais irracionais sempre conseguem viver a vida mais intensamente do que os humanos a medida do seu tempo.

O animal vive sem ter o conhecimento da morte: pois o indivíduo do gênero animal desfruta imediatamente de toda a imutabilidade da espécie, visto que só tem consciência de si como infinito. (NASSETTI, 2001, p.23)

A vida das pessoas que amam sempre diz ser bela até que a morte as separa, pois para Schopenhauer viver é sofrer a morte é apenas o inicio da vida. O nosso ser está sempre presente em todo o universo apesar de que nossas lembranças não nos deixar lembrar, à medida que as gerações se perpetuam, o mecanismo do corpo através da vontade de viver de um ser ainda não presente no mundo segundo a filosofia schopenhaueriana estabelece esse desejo de vinda a este mundo através da coabitação de dois seres que por sinal deixam suas principais características no ente querido que vinha a nascer, por isso que nunca morreremos, a nossa vida estará sempre dentro de nossa procriação por toda a eternidade.

Nosso corpo a medida dos anos vai se deteriorando, porém nossas lembranças continuam, sendo que com a morte nada mais resta a não ser a nossa cria, que foi perpetuada e que de alguma forma estamos participando com muita influência disso por mais que nosso corpo desapareça até o ponto de virarmos poeira atômica estamos sempre indestrutíveis com a presença de nossos sucessores.

Que a mosca que zumbe à minha vida volta adormece esta noite e amanhã recomeçará a zumbir, ou se à noite ela morre, e na primavera uma outra mosca nascida do seuovo vem zumbir- isso é em si uma só coisa, e o conhecimento que apresenta tudo isso como duas coisas radicalmente distintas não é absoluto, mas relativo, é o conhecimento do fenômeno, e não da coisa-em-si. A mosca existe de novo pela manhã; ela existe de novo pela primavera. (NASSETTI, 2001, p. 40)

Segundo Schopenhauer, o seu desejo de viver será ainda maior dentro de você que está sempre a procura de um objetivo necessário, que é a indestrutibilidadedo corpo través de mecanismos como o amor, para a coabitação de um novo ser que passará de geração em geração até o fim dos dias, sobre um princípio de vida eterna.

Que a geração e morte devam ser consideradas como algo pertencente à vida e essencial ao fenômeno da vontade, advém do fato de ambas se apresentarem apenas como expressão altamente potenciada daquilo a partir do que consiste todo o restante da vida, que nada mais é, em toda parte, senão uma alteração contínua da matéria sob a permanência invariável da forma. Justamente aí se tem a transitoriedade dos seres individuais em meio à imortalidade da espécie (SCHOPENHAUER, 2005, p. 360).

Sabemos que nosso corpo ira sempre virar pó, mais nossa essência sempre estará se renovando por todas as gerações possíveis, nossa vida está não somente no corpo mais também na nossa consciência, a vida e muito simples por isso não devemos temer o que possa surgir pois o nosso único objetivo é à vontade de viver não somente nossa mais das outras gerações que estão por vir. Através de uma única célula podemos começar o principio de varias outras vidas que nem sempre estão presentes e nossa mente mais que por sinais perceptíveis sempre existiram dentro de cada um de nós.

¹ "demônio"- Forma pela qual Schopenhauer denomina o deus grego Eros na sua participação de cupido na vida das pessoas.

²reprodutibilidade- Reproduzir algo (vegetal ou animal), ato de reprodução em série.

³"ágape"- Espécie de amor não sexual, mas um amor de com-paixão, ou seja, paixão para o próximo de forma misericordiosa podendo ser ente homens, animais e a natureza no geral.

Referências

-BARBOZA,Jair.Eros.Schopenhauer- a decifração do enigma do mundo.ed,1º

Jair Barboza.São Paulo.Ed. Moderna. 1997. Col. LOGOS. Vol.1,Cap,5º. pág.78-88

-SCHOPENHAUER,Arthur. Da morte nossa relação com a indestrutibilidade do nosso ser-em-si. Da morte metafísica do amor do sofrimento do mundo, ed.5º.Pietro Nassetti. São Paulo. Ed. Martin Claret. 2001. Col. A obra-prima de cada autor, Vol,1 Cap,1. pág.23-40

-_____.Do mundo como vontade. O mundo como vontade e como representação. Ed,2º. Jair Barboza. São Paulo.Edi. UNESP.2005. Vol. 1. Cap, 4º. Pág, 360.


Autor: Roberto Pereira Veras


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