VIagens 7 - Traficantes de divisas



Viagens 7 - TRAFICANTES DE DIVISAS

 

Quinta feira de manhã; na aflição de não atrasar,  chegamos dois dias antes da abertura da Feira de Milão. 

Somos quatro homens de negócio e com este número as tarifas diminuem.

Não vamos ficar no hotel; vamos dar um pulo na Suíça.

Largamos metade da tralha e partimos;

Conhecíamos todas as outras estradas, menos a do São Gotardo.

Estrada mais calma, sem movimento, cheia de curvas , mas encantadora .

Em uma hora e pouco, estávamos no posto de fronteira. 

 

Um dos amigos, um pessimista de peso, sacode a cabeça e de vez em quando continua a murmurar:

- Não estou gostando. Não me agrada este passeio. Queria estar no Brasil...

 

Já atravessamos tantas fronteiras, com aquela rotina de mostrar os documentos, às vezes abrir as malas, só para os guardas darem uma olhada de leve em nossas roupas íntimas; não havia preocupação nenhuma.

 

- Documentos, por favor. O homem está rígido, duro, difícil. Terá brigado com a mulher, antes de vir trabalhar?

- Desçam do carro, por favor.

- Mas o que houve? Arriscamos a perguntar.

- Nada; só rotina.

- Alguma coisa a declarar?

- Não, nada  respondemos os quatro juntos.

- Abram as malas, por favor.

Abrimos o porta malas e apareceram umas dez sacolas, pacotes, malas e pastas.

Prevíamos ficar entre a Itália e a Suíça por quinze dias.

Levávamos mudas de roupas  catálogos.

Abram esta – e apontou uma malinha azul usada para roupa de ginástica.

Só ao abrir, lembramos que lá estava todo o nosso dinheiro.

Quarenta milhões de liras. Não é nada; em quatro, meu Deus!

Mas a lei permitia só  cinco milhões de liras para cada um.

Resultado: tentativa de tráfico de divisas, entre a Itália e a Suíça, no montante de vinte milhões de liras. 

Entramos com a técnica do “deixa disso” Foi pior.

Contaram todas as notas, verificaram a numeração, telefonaram ao ministério da fazenda em Roma.

Fizeram um Carnaval.

Tivemos que deixar lá o dinheiro, que foi mandado para Roma.

Nosso passeio virou um pesadelo.

Antes tivéssemos ficado trancados no quarto do hotel, em Milão.

E o amigo pessimista, agora realizado, repetindo: eu não disse?

Seis meses depois, corrido o processo e verificado que somos gente honesta, o Governo decidiu devolver o dinheiro.

Meu primo foi busca-lo, equipado  com todos os papéis requeridos.

Na porta do Ministério, foi assaltado.

Dois barbudos, numa moto, levaram tudo.

Nunca mais soubemos nada desse dinheiro

Foi destino? Azar? Mau olhado?

O italiano diria: Porca miséria!

 


Autor: Romano Dazzi


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